Any!
Como já disse passar despercebida não deu muito certo, mas como não sou besta, fingi a sonsa e que não escutei me chamarem e fui o mais rápido possível para a sala, que para minha sorte ainda não havia ninguém.
Me encaminhei até a janela fechei os olhos e soltei um longo suspiro, ainda tentando me acalmar, oque não durou muito, pois alguém entrou na sala gritando meu nome, oque me assustou.
-Gzuis amado tem misericórdia!-Falei em português, e logo me virando, e tendo a visão de Josh parado na porta me olhando com uma expressão de quem queria rir, e de confusão que deve ser pelo fato de não ter entendido oque eu disse.
-Eu espero que vc não esteja me xingando em outra língua.- Soltou uma risadinha, e me encarou- Tudo bem? Já que vc "não escutou,"-Fez aspas com as mãos- eu te chamar, eu vim aqui falar com vc.- Sorriu de canto.
-Ah, eu tô bem sim, e me desculpe, eu realmente não ouvi.-menti na cara dura.
-Tá, vou fingir que acredito.
-Vc quer falar sobre oque? desculpa, mais o pessoal já estão chegando, e logo a professora também- falei meio envergonhada, e abaixei a cabeça, o pessoal que iriam fazer essa aula já estavam chegando e já começaram a nos encarar.
-Ah, já entendi, vc é daquelas garotas que têm um grupo e que não gostam de ser vistas falando com outras, publicamente?-Deu um sorriso debochado.
Eu poderia até ficar com raiva depois desse comentário dele, mas ele não tem culpa, eu acharia o mesmo, se alguém conversa-se normalmente comigo em um dia, e depois fingir que nunca me viu.
Pensei até em concordar com ele, pois seria bem mais fácil de evitá-lo, mesmo não o conhecendo direito, não acho que seja necessário mentir para ele, por incrível que pareça ele parece ser sincero e que está realmente disposto a ser meu amigo.
-Não nada a ver, na verdade quem tinha que ter vergonha é você, mais pensando bem eu realmente não gosto de ser vista falando com as pessoas mas não por mim, mas sim pelo os que falam comigo, vc e a maioria das pessoas aqui dessa escola têm uma reputação a zelar, já eu...-Falei em um tom mais baixo só pra ele ouvir e me sentei logo no meu lugar.
-Olha eu não sei qual foi a imagem que vc criou de mim na sua cabeça, mas não tem nada a ver comigo, não me importo se vc é negra, gorda, magra, nerd, qualquer uma opção que as pessoas acham que são inferiores, eu só quero ser seu amigo entendeu? Mais se vc não quiser tudo bem, me fale, eu não vou insistir, só não julgue sem saber.- falou calmamente, ele já ia se retirar, mas se virou para Any novamente- Any, as meninas se importam com vc, e se preocupam.
Quando as conheci, elas estavam
abatidas, e ainda estão, mas tentam não demonstrar, pelo oque entendi o afastamento de vcs não tem muito sentido, e sei que vc não irá me contar.Só quero que saiba, que vc não está sozinha.-Dito isso, ele sorriu fraco, e se retirou, deixando uma Any viajando no seu mundinho sem sentido, ela sabia muito bem de quem ele estava se referindo, Sabina e Joalin.****
Depois daquelas palavras de Josh, eu fiquei meio aérea, eu faço de tudo para não manchar a reputação das pessoas que amo, mas no fim acabo machucando elas, minha intenção não era deixar elas abatidas, mas no fim foi oque aconteceu.Nesse exato momento estou saindo da lanchonete, ainda são 17:00 hrs, então decidi ir pra praça, cheguei lá, e sentei de baixo de uma árvore e fiquei observando as pessoas ao meu redor, tinha gente de todos os tipos, de crianças brincando, a adultos com a cabeça cheia, e adolescentes assim como eu, que gostariam muito de ter parado na infância, que não precisava se preocupar com muitas coisas, que as vezes tinha pesadelos, mais que com algumas palavras da mãe, um abraço, vc acabava dormindo, e talvez até se esquecendo, no meu caso os pesadelos não são com aqueles monstros que costumava a ter medo quando pequena, hoje em dia eles são bem maiores e bem mais reais, e chuto que o maior monstro seja minha própria mente, meu psicológico.
Quando penso assim, no caso quase sempre, me dá uma vontade imensa de chorar, mas daí lembro que estou em um parque, onde qualquer um pode me ver, mas também lembro que aqui, as pessoas são ocupadas demais para ficarem tomando conta ou prestando atenção em alguém, cada um já tem seu problema pessoal.Tenho quase certeza, que a maioria desse povo, estão aqui para pensar, absorver estresse do trabalho, da escola e que muitos tem alguma perturbação na cabeça. Menos as crianças, elas estão só preocupadas em viver a sua infância, pq elas não imaginam que quando começarem a crescer as responsabilidades vão vir, seja na escola ou não, que vão ter muitas decepções da sua parte ou da outra, e quando chegarem lá tudo oq vão desejar é poder voltar quando tinha apenas 6 anos, seria tudo mas fácil.
Queria tanto que fosse fácil!
Passei o resto da minha tarde ali, observando tudo, e pensando na vida, nas minhas escolhas, gostaria de dizer que tomei ótimas decisões ao longo desses 17 anos, mas eu e vcs sabem que não.
Mas não me arrependo tanto a sim, com o tempo aprendi arcar com as consequências, e a dor é a maior delas e com essa eu já estou acostumada.
Eu escolhi ser estranha, antissocial, solitária, não é algo ruim.
Como diz minha mãe:
"Ser estranha não te torna menos humana, só significa que você é você, todos os outros já existem."
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Apenas um blog || Beauany
Hayran Kurgu-Filha dá uma volta, vá socializar, ser uma adolescente de 17 anos. -Mãe, eu não socializar, não me torna menos jovem, ok? Eu gosto de ser assim... É, com o passar dos tempos eu comecei a gostar do meu jeito de ser e agir, mesmo a sociedade me vendo...