Capítulo único

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   Mais um ano que te reencontro, mais um ano em que lamento, mais um ano sentindo a sua falta. Estou aqui com a chuva caindo sobre a minha pele, sentindo o cheiro das lágrimas do céu se misturando com a terra por terem perdido uma alegria nessa data, eu mesmo perdi uma das minhas maiores alegrias. 

   — Sinto a sua falta, amor. — falo acompanhado por meu choro silencioso, que misturava-se com a chuva. 

   Jung Hoseok era o meu namorado antigamente, e éramos felizes. Enquanto tivéssemos um ao outro, tudo estaria bem. Pode se dizer, que foi amor a primeira vista, pelo menos para mim. O rosto dele, cada detalhe, cada traço... o garoto dos fios em um tom avermelhado e os lábios em formato de coração, era a pessoa mais linda que eu já tinha visto. O sorriso que ele deu quando atendeu-me naquela loja, era aquele sorriso que dava-me motivação para voltar ao comércio, mesmo que fosse para comprar algo totalmente desnecessário, e que nunca fosse usar em nenhum momento. Quando Hoseok me convidou para sair, senti meu coração bater mais rápido que um carro de uma corrida de fórmula 1, talvez por causa da ansiedade, ou da alegria, nossa! Ele batia tão rápido que eu podia jurar que estava se preparando para saltar para fora, mas felizmente, consegui pronunciar um sim para o mais velho.

   Tudo era mágico, Hoseok era surreal para mim, perguntava aos céus todos os dias como um ser desses poderia existir na terra, e se isso de alguma maneira não estava errado. Não tinha como não se apaixonar, cada segundo com ele era uma nova alegria, ele era o sol que iluminava tudo a minha volta, e eu não tinha como não sorrir...

   Infelizmente, tudo o que nasce morre, é a lei da vida, não? Jung entrou em minha tão de repente assim como se foi, em uma batida que deixou meu coração partido, um maldito acidente de trânsito. Ele nunca me ouviu quando eu dizia que era para usar capacete e respeitar todos os limites de velocidade, sempre tive como resposta que tínhamos que aproveitar cada momento, sentir o vento, e viver não como se fosse o último dia, o último minuto na terra, e para Hoseok, foi realmente o último.

   Quando fiquei sabendo da tragédia, senti minhas pernas ficarem bambas, e sem conseguir segurar meu próprio peso do corpo, caí de joelhos deixando as lágrimas grossas rolarem sobre meu rosto. Eu queria gritar pela dor horrenda que sentia, queria ter arrancado meu coração do peito, queria acabar com tudo pois estava insuportável.

   No dia do velório eu não conseguia chorar, fiquei somente em silêncio, ouvindo os discursos que cada parente, e amigo fazia para o homem que trazia a felicidade para todos. Bom, preferi não dizer nenhuma palavra, meu namorado sabia o quanto eu o amava com todas as minhas forças, meu ser, fisíco e espírito, então não precisava deixar claro como estava destruído, abalado, destroçado, totalmente acabado por perdê-lo, isso não precisava ser demonstrado para ninguém.

   Meu Seokie se foi faz exatos cinco anos, e prossigo visitando-o nesse lugar, afinal, sinto saudades. Foi ele quem mostrou o que era o amor inquebrável, surreal, inesquecível, insubstituível, único, e que nunca vou deixar de sentir. Meu coração ainda bate, e sempre vai bater por Jung Hoseok.

   Olho em volta e percebo que a chuva estava ficando cada vez mais intensa, deixo uma rosa no túmulo como um "até logo", e ponho-me de pé, caminhando em seguida para fora do cemitério. Entro no carro sem me importar de estar sujando o banco do motorista. Era só um bem material substituível, um carro que eu poderia limpar amanhã cedo, sem problemas.

   Coloco o cinto e dou partida dirigindo de volta para a minha casa, ela ficava um pouco longe, e certamente chegaria bem tarde, depois das dez, talvez. Enquanto isso, observa o caminho que estava seguindo por aquela estrada deserta, tentando não me distrair com as memórias que estavam começando a surgir em minha cabeça.

Vhope and Taegi | The LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora