Kendy
Olhei o movimento da rua, olhei os casais apaixonados e os carros. Me perdi por minutos observando as coisas. Eu adoro esse lugar, mas admito o fato de ser um local parado. Raramente é frequentado. Até hoje não entendo como não fechou. E que bom não ter fechado, essa é minha garantia de que terei o que comer amanhã.
Trabalhar numa livraria/biblioteca me faz sentir bem. Amo livros, é uma paixão antiga. Trabalhar aqui me dá a possibilidade de conhecer novas histórias.
Porém sinto que serei demitida a qualquer momento e a ideia de não ter mais um emprego me apavora. O movimento está baixo, quase inexistente. Não tem como ele deixar as portas abertas por mais tempo. Perder o emprego é sinônimo de voltar a morar com os meus pais e nada pode ser pior para mim do que isso.
Sou independente desde os 18 quando sai de casa. Foi quando meu pai me deferiu as seguintes palavras: "Você vive aqui de favor, quando não concordar comigo estará livre para sair, já sabe onde é a porta". Nunca esqueci isso, são palavras que doeram como tiro. Sai e nunca mais voltei, mas sinto falta de casa.
Minha mãe é diferente do meu pai, ela é um amor. Sempre vem me visitar. Quando digo sempre é sempre mesmo. Uma vez ela me pegou num momento íntimo com o Collen, foi muito constrangedor. Bom, pelo menos agora aprendeu a bater na porta e para mim isso é ótimo.
Collen é meu ex-namorado, terminamos quando descobri que ele me traiu. Ele até hoje nega isso, mas contra provas não há argumentos. Eu amei ele, mas o meu amor próprio não permite eu aceita-lo de volta. Mas também não quer dizer que eu não ligue para ele em algumas madrugadas.
Continuo observando as pessoas caminharem pelas ruas. Mulheres com seus maridos, crianças com seus cachorros. Pássaros voando. Tudo aquilo me distraía. Me fazia pensar em como exista diferentes tipos de pessoas e cada uma delas com um fardo diferente para carregar.
De repente um barulho inesperado da porta giratória me tira dos meus pensamentos, não era um barulho comum aos meus ouvidos mais. Aquela porta se movia muito pouco, raramente era algum cliente. Na maioria das vezes era John me trazendo lanches para saciar minha fome e também para fofocarmos sobre o novo episódio de De Férias Com O Ex.
- Bom dia, ehh... - Um moço alto de cabelos pretos entra, caminha até o caixa olha em direção ao decote do meu uniforme. Me assusto, até perceber que ele olhava meu broche com meu nome.
Ele ri quando percebe que achei que ele olhava para meus peitos.
- Kendy, meu nome é Kendy. No que posso ajudar? - Pergunto observando a beleza surreal do homem localizado em minha frente.
Meu Deus que homem lindo.
- Bom dia, meu nome é Jordan. Jordan Muller. Gostaria de comprar alguns livros, não me importo com o valor, nem com o gênero. - Diz Jordan, parando em minha frente.
- Livros aleatórios? - Pergunto.
- Sim, eu preciso de livros totalmente aleatórios. - Diz ele olhando no meus olhos.
- Ehh... Ok. Gostaria de escolher os livros? - Respondo correspondendo o seu olhar direcionado a mim.
- Você gosta de ler?
- Sim. Ehh... Gosto. Na verdade eu gosto muito. Por isso trabalho aqui.
Ele ri baixo e me encara por alguns segundos com o olhar pensativo.
- Então iremos fazer o seguinte. Você escolhe os livros.
Fico alguns segundos o encarando. Quando ele percebe, desvio o olhar envergonhada.
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IMPERFEITOS | em breve
RomanceJordan é frio igual ao gelo. Kendy é quente como o fogo. Os dois são opostos. Imperfeitos. Com traumas incuráveis. Conseguem despertar o pior que há no outro e isso é totalmente destrutivo. Dizem que o amor pode causar a própria destruição e bom, fo...