Ele parecia distraído ou devoto, dependendo talvez de quem o observa. Eu perdia a noção de tempo e lugar, olhando para ele, enquanto sua imagem parecia tremular, sobre o calor que as velas faziam subir.Como um diabo. Mas não um diabo qualquer.
Era como anjo prestes a cair, já tomado pelos sussurros de pecado, mas ao mesmo tempo tinha a beleza de ser feito em perfeição. Ele é exatamente a personificação disso. Beleza esta esculpida nos detalhes do rosto inconfundível, entre o feminino e o que não é, encarando as estátuas dos santos postas no alto, mas mesmo assim parecendo superior à elas.
Pura luz na aparência, mas com um olhar afiado e maldoso. Era apenas uma impressão.Tudo isso é também como uma máscara, enquanto performa um personagem. E ele é a mistura de todas as coisas boas no mundo.
Como um pecado, ou com a doçura de um fruto.
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— É a sua parada, querido. — olho para o lado, vendo a senhora que me acompanhou de Busan até a capital.Ela é calma e tem um tom de voz tão pacífico quanto sua expressão, e prefere ser chamada pelo sobrenome. Não acho que eu tenha dormido tão bem perto de alguém, nos últimos anos. Ela me acompanhou porque queriam ter a certeza de que eu viria para o lugar certo, chegaria e ficaria aqui. Eles ainda me olham como se eu fosse criança.
— Obrigado. — falei dando um pequeno sorriso e me levantando da poltrona, andando pelo corredor estreito de ônibus. Taehyung deve estar me esperando em algum lugar da saída, pelo menos é o que ele disse que faria, e sei que a senhora Hee não vai embora até que tenha certeza de que o encontrei no meio de toda essa gente.
Faz um tempo desde a última vez.
Ele acenou levantando a mão bem alto. O fim de tarde começou a trazer um vento frio, que agitava seus cabelos, não mais lisos e cortados como os meus estavam, mas ondulados e pintados de preto.
— Eu quase não te reconheci. Por que cortaram seu cabelo assim? É o mesmo corte de quando tinha, sei lá, sete anos.
Eu apenas ri do seu comentário. Eu e Taehyung costumávamos nos divertir mais quando éramos menores, meu riso era mais fácil de se arrancar. Às vezes para tirar fotos hoje em dia preciso de algum esforço.
— Eu moro com um amigo. Conheci ele na faculdade, ele faz... espera, cadê o resto das suas coisas? — ele questionou, olhando ao redor de nós dois.
— Hm? Ah... é só isso. Eu costumava usar um uniforme e aqui também devem usar um. — me expliquei, apertando mais aquela mala única.
— Mesmo? Mas só porque tem um uniforme não precisa de mais roupas? Como vai sair pra outros lugares além da faculdade? — ele perguntou distraído, me parando com uma mão quando o sinal fechou para os pedestres, na faixa.
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Desvirtuado | Jikook
FanfictionJeon Jungkook, era um seminarista. Ele costumava pensar que seus pecados, mesmo os que não tinha coragem de cometer, seriam remidos com o celibato. Park Jimin, uma estrela em acensão, cruza seu caminho, incendiando e trazendo à vista o que Jungkook...