Prólogo

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Em meio àquela escuridão, lá estava ele, a poucos metros de mim. Um sorriso fraco ocupava seus lábios enquanto ele se aproximava devagar, sem tirar o seu fraco sorriso do rosto. Permaneci onde eu estava esperando ele chegar até mim. Quando ele parou na minha frente, levantei-me, ficando diante dele novamente. Ele segurava as lágrimas, assim como eu. Fitei-o, esperando que ele se manifestasse de alguma forma para que eu não tivesse que fazer isso. Permanecemos em silêncio por alguns minutos, ele olhava todos os detalhes do meu rosto e eu acompanhava seu olhar, até ele revolver quebrar o silêncio.
— Fique... — pediu, com a voz baixa em consequência do seu choro. — Por favor, fique. Não me deixe. 
As lágrimas que eu tanto tentei segurar escorreram pelo meu rosto sem qualquer aviso. Abaixei a cabeça e neguei devagar. Eu estava tentando ser forte, mas ao ouvi sua voz, seu fungado, não aguentei. Eu simplesmente não tinha mais o poder de decidir nada. 
— Eu... Eu não consigo, ok? — disse, baixinho. Ainda mantinha minha cabeça baixa. — Eu tentei, mas não dá! Eu não consigo suportar mais. 
Eu evitava olhar para ele, qualquer coisa era mais interessante ali. 
Ele deu mais um passo em minha direção e colocou a mão em meu queixo, levantando minha cabeça e me fazendo olhá-lo. 
— Eu não consigo mais ficar... Sem você. — disse com certa dificuldade e o olhar doce. 
— Não faz isso, por favor. — pedi, virando-me de costas para ele. Dei dois passos, a fim de me afastar. — Você sabe que vai me deixar pior assim. Pare. 
Quando dei por mim ele estava em minha frente novamente. 
— Eu sou egoísta demais para deixar você ir assim... Eu não suportaria. — deu mais um passo, colando nossos corpos. — Eu juro que deixo tudo de lado, eu sumo da frente das câmeras, eu mudo, eu... Eu faço o que você quiser! Só não me deixa. Não faz isso comigo. 
Respirei fundo tomando coragem para comunicar aquilo a ele. Não seria fácil falar como também não seria nada fácil ouvir. 
— Eu já decidi. Eu vou voltar para França. — disse, enfim. — Me desculpa... Eu te amo. 
Eu tinha dito aquelas três palavras pela primeira vez para ele. Ótimo momento, hein? Em uma despedida quando você está indo embora, para longe dele. 
Aproveitei para sair dali, mas ele novamente não deixou e me puxou. Me encarou por poucos segundos antes de unir nossos lábios em um beijo. Um beijo calmo, simples, mas cheio de sentimentos. Um beijo de despedida. 
Só naquele momento eu confessei para mim mesma, o que eu já suspeitava: ele já era uma parte de mim. 
Sem ele, eu me sentia cada vez mais vazia. 

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