Búfalo Sandara

Capítulo 8 - Eulália

Capítulo 8
"Eulália"

☆I
5 de Junho de 2005

Um domingo muito quente, sim senhor, Monte D'Avila era um forno.
Sandara não conseguiu dormir nada após o sonho apenas ficou ali parado abraçando aquele rapaz magricela, cheirando seus cabelos e vez ou outra dar-lhe beijos no pescoço.
Quando Edmundo acordou já era de manhã, assim que abriu os olhos sentiu o calor na cintura, passou as mãos por ali e sentiu que os braços do homem o envolviam, haviam passado a noite de "conchinha"? Sim havia.
A verdade disso o atingiu e suas orelhas se tornaram vermelhas como fogo enquanto se levantava de costas para não ter de encarar o outro. Era tímido só com Sandara, sempre apenas com Sandara.
— Desculpe... esqueci de tirar os braços daí. Doeu seu corpo? — Sandara perguntou.
— N-não... está tudo bem. Eu vou escovar meus dentes. — Edmundo correu porta a fora sem olhar para trás.
Sandara ficou olhando a porta bater sem entender muito bem a ração do rapaz. Será que havia se ofendido? Sera que era vergonha?
Nem trinta segundos depois Jacqueline com a cabeça  cheia de bob's entrou no quarto com um sorriso audacioso.
— Vocês dormiram juntos? — sussurrou.
— É... assistimos um filme e pagamos no sono.
— Hum... — ela abriu mais o sorriso.
— O que tem de mais nisso?
Jacqueline sentou na beirada da cama, apanhou a mão de Sandara e roçou levemente o dedo médio na palma dele.
— Vocês dormiram juntos... assim?
— Claro que não! — Sandara engrossou a voz mas falhou em se fazer de ofendido pois acabou sorrindo para a cara debochada da irmã, era uma pendega — E se tivéssemos feito isso não teria problema, ele é maior de idade e vacinado.
— Sandara... Toni fez dezoito anos em fevereiro.
— E o que que tem isso?
— Edmundo fez quinze anos em Janeiro. — Jacqueline apertou os olhos e o fitou cheia de falsa censura. — Seu tarado.
Os olhos de Sandara se arregalaram.
— Mas... mas eu perguntei pra ele se era maior de idade e ele disse que sim!
— Eu dizia ser maior de idade desde que tinha treze anos, acorda titio...
— Ele mentiu! Meu deus... quase quê... quase que aconteceu um crime...
— Um crime? Me deixe cheirar esses lençóis amore, eu posso dizer se houve crime ou não.
— Pare com isso, estou falando sério! É crime se relacionar com... alguém jovem assim.
—Crime Sandara? Deixe de ser dramático! Marilyn
Monroe quando tinha dezesseis anos já era casada! E acredite, não casou virgem.
— Não acredito que está comparando Marilyn Monroe com Edmundo. — Sandara revirou os olhos.
— Ué? São duas divas dramáticas não são? Sei que você gosta dele, fica babando quando ele passa e mimando ele com presentinhos e atenção exagerada.
— Mas Marilyn Monroe não se casou com o próprio irmão.
— Nenhum de nós tem parentesco sanguíneo, e se tivesse qual seria o problema?
— Por Deus Jacqueline, está falando sério? Agora defende incesto?
— Ué, qual é o problema? O incesto foi considerado errado porque os filhos nasciam estragados se gerados por pessoas de DNA próximos, só por isso. Vocês são homens, não vão gerar bebês "defeituosos", a não ser que você esteja escondendo um útero nessa barriga seca, está? — ela cutucou a barriga do irmão.
— Deixe de ser besta menina! — Sandara riu.
— Você sabe que Meu pai Xango se casou com Oyá, em suas encarnações humanas além de ela ser mulher do tio dele eles eram primos de primero grau, então... se eu tivesse um primo, um sobrinho ou irmão gostosinho... não ia sobrar nem o osso. É assim que eu penso.
— Depravada...
— Respeite a minha ancestralidade amore...
— É mas eu não sou Xango.
— Mas é de Oyá. — Jacqueline disse cheia de risinhos — Não finja ser puritano, se seguisse os extintos de sua mãe vai ja estava casado com Edmundo.
— Deixe de ser ousada. — Sandara atirou o travesseiro, Jacqueline desviou e saiu do quarto rebolando mas parando antes de fechar a porta — Agora falando sério, nenhum de nós desta casa é feliz, não adianta fechar os olhos pra esse fato. Se você puder proporcionar um pouco de felicidade a ele e a si mesmo, não fuja disso, se não for a diante vai se arrepender para o resto da vida.