Olho para o relógio em cima da mesa da minha sala, parece que o dia nunca vai acabar. Sou responsável pela contabilidade de uma grande multinacional e o que antes era um sonho, hoje já não passa de um dever vazio.
Vazio, é isto o que venho sentindo, dia e noite. Por tanto tempo eu tentei me encontrar e em meio as turbulências, tudo o que encontrei foi mais dor e um vício em cigarros. Suspiro pesadamente, o som de telefones tocando o tempo todo e pessoas andando de um lado para outro, sem nem ousar entrar em minha sala.
No começo, eu cumprimentava a todos, ia em almoços e me divertia, o vazio ainda não havia me preenchido totalmente, não sei dizer em que momento as coisas realmente mudaram, se eu mudei ou o eu de antes fora apenas um disfarce de quem eu sou e agora sim sou quem sempre fui?
Pego a carteira de cigarros no bolso da calça social e o isqueiro que deixei na gaveta e rumei até a janela, observando os carros passarem em alta velocidade.
O tempo não para nunca, não lhe dá um descanso, e só Deus sabe o quanto preciso de um. Ah, Deus nada tem haver com os pensamentos que ando tendo ultimamente a fim de aplacar esta dor.
Em que momento eu percebi que eu não sou tão bom quanto pensava que fosse? Em que momento eu deixei de tentar? Sinceramente, eu não faço ideia.
Dei minha última tragada, apaguei o cigarro e o joguei no lixo, novamente olhando as horas, dizendo-me mentalmente que resta pouco tempo agora.
Minha cabeça dói e vou atrás dos remédios que levo em minha maleta de trabalho. Remédios, eles estão por todo canto, assim como o cigarro, parecem que viraram parte da minha rotina. Alguns eu tomo apenas para me acalmar, sem nem mesmo ver para que serve, apenas uma ilusão de que estou fazendo algo.
Encho um copo de água e rio amargamente, engolindo alguns comprimidos que encontrei.
Finalmente, o horário de saída chegou, e como de praxe, organizo minhas coisas e saio como se eu nunca estivesse estado ali. Entro no carro e vou diretamente para o meu apartamento, vejo o meu rosto derrotado pelo reflexo do espelho da sala. Um olhar sem vida, sem sonhos, sem objetivos, sem amor, sem nada.
Jogo a maleta em algum lugar, e sinto como se um desespero tomasse conta de mim, me fazendo cair ali mesmo e chorar como uma criança desesperada e se alguém me perguntasse o motivo, eu não saberia dizer.
Os últimos raios de sol entram pela janela junto á um vento gelado e olhando para aquela janela, a minha cabeça volta a trabalhar contra mim.
Eu já tentei tantas vezes, mas não tive força, fui covarde.
-Droga! Praguejei irritado comigo mesmo.
Me sinto imprestável, inútil e covarde, sinto como se eu não prestasse nem mesmo para acabar com tudo isto. Com toda essa dor. Olho para as minhas mãos e percebo que elas estava arranhando o meu peito desesperadamente, como quem queria estar saindo daquele corpo, o que foi em vão.
Pego os meus queridos remédios e tomo mais um punhado deles, indo até o terraço, sentindo a visão começar a falhar e me sentir cansado. Não consegui chegar até a beirada do prédio e antes de cair na escuridão, pude ouvir alguém me chamar.
Abro meus olhos vagarosamente, estou no meu quarto, mas como? Ouço alguns sons vindo da cozinha e me levanto rapidamente, ficando um pouco tonto pela brusquidão do ato, acabando por me sentar na cama outra vez antes de me levantar, agora devagar.
A imagem que vi quando cheguei na cozinha parecia irreal. Uma mulher preparava algo que me pareceu uma sopa. Seus cabelos castanho-avermelhado me atraem loucamente, suas curvas tão belas pareciam de uma deusa e quando ela se virou, pude ver os seus olhos castanhos como de avelãs, me trazendo para perto de si quase como um imã.
-Vejo que acordou, por favor, tenha mais cuidado ao tomar remédios! Falou parecendo-me autoritária.
-Me desculpe mas, como entrou no meu apartamento, como sabia qual era? Perguntei com a menta ainda confusa pelos medicamentos.
-Está escrito na chave. Não sei o que pretendia fazer no terraço da forma em que estava, mas acabou caindo no chão e fui e te trouxe para cá. Nada muito empolgante. Disse, dando de ombros e sorrindo.
O seu sorriso... não há ser vivo que possa descrevê-lo com exatidão, ou talvez não haja alguém que possa descrever como eu me senti quando o vi. Pela primeira vez em muito tempo, eu quis sorrir também.
-Sei que estou sendo intrometida mas, já que eu estou aqui, como se chama?
-Ethan, e você?
-Evelyn.
-Bonito nome, assim como você. Comentei baixinho, mas foi alto o suficiente para que ela ouvisse e soltasse uma risada.
-Obrigada, o seu também é... Na verdade, você é. Respondeu, corando levemente.
Não consigo cogitar a ideia de uma mulher como ela estar dando em cima de um homem como eu, um derrotado até na aparência.
A sopa logo ficou pronta e ela se sentou ao meu lado na ilha da cozinha para comer. Ela me olha curiosa e então desata a falar de coisas banais, nada que contasse muito sobre ela, e por algum motivo eu queria saber mais, queria ouvir mais, queria ela ali por mais tempo.
-Você deveria rir mais, Ethan, fica ainda mais bonito.
-Não sou bonito.
-Não tem um espelho? Ela me pareceu indignada e eu apenas apontei para o espelho na sala.
-Infelizmente eu me vejo todos os dias quando chego em casa. Ela suspirou fortemente e deixou a sua cabeça repousar em meu ombro, causando um calor em meu âmago.
-Tenho certeza que é lindo por dentro e por fora, apenas não percebeu ainda, porém eu vejo isto em você. Um homem dedicado e organizado, além da beleza física é um homem inteligente. Arqueei a sobrancelha, me perguntando como ela “sabe” de tudo isso e antes que eu perguntasse, ela pôs seu dedo indicador em meus lábios.
-Evelyn... A chamei quase que de forma inaudível.
-Ethan eu... sei que pode parecer loucura mas, quer fazer uma loucura uma vez? Sua pergunta me empolgou, me atiçou e me excitou.
-Que tipo de loucura?
Seu olhar estava preso em meus lábios, e então ela os selou junto aos meus num beijo sedento, como se esperasse por este beijo a muito tempo, e eu não hesitei em corresponder, devorando-a com ferocidade.
Ergo seu corpo pequeno, sentindo as pernas passarem pela minha cintura, se prendendo mais a mim. Seus dedos se embrenham em meus cabelos de forma possessiva e a levo até meu quarto.
Não sou capaz de descrever as sensações que cobrem o meu corpo, como em uma mistura louca e desejosa que jamais senti.
A jogo na cama e vejo o seu olhar me pedindo por mais, clamando por mais, e eu quero lhe dar tudo.
Tomo a sua boca em um novo beijo, me sentindo excitado, como se uma chama passasse por onde ela passa as mãos, ela é quente como o inferno. Toco em seu seio por baixo da blusa e posso ouvir um gemido baixo sair de sua boca, me enlouquecendo, me fazendo lhe apertar mais forte.
-Quero ver você. Digo, e ela sorri, se sentando e tirando a sua blusa e logo mais, seu sutiã. Olho para baixo, vendo a saia preta colada ao seu corpo e puxo ela para baixo junto a sua calcinha, vendo toda o seu corpo nu.
Tão bela. Meus olhos vão para os seus seios médios, subindo e descendo rapidamente, e então vou descendo o olhar para a sua intimidade, vendo o pequeno monte de pelos castanhos ali, o que me deixou ainda mais louco de desejo, se é que é possível.
-Você é deliciosa, Evelyn.
Chego em seus pés e os beijo, então vou subindo por suas pernas, passando por suas coxas, revezando entre beijos, mordiscadas e lambidas até chegar em sua intimidade molhada.
Ela me deseja, era impossível negar, posso dizer isso apenas por olhar sua intimidade tão molhada como jamais havia visto uma na vida. A primeira vez que sinto que alguém me quer, que alguém me deseja. Seus olhos ferozes também dizem o quanto me quer, e eu quero lhe dar tanto prazer quanto ela está me dando, apenas com este olhar.
Coloco a minha língua em sua intimidade, enfiando-a dentro dela e tirando novamente, subindo até estar de encontro com os seus pelos.
Ela geme meu nome, agarra os meus cabelos e se contorce em baixo de mim até se desmanchar em meus lábios me presenteando com o seu sabor. Se eu estava ruim, já era algo distante, é como se ela levasse toda a minha dor embora.
Ela tirou a minha camisa, e observou alguns arranhões, arqueando a sobrancelha, como quem me questiona o motivo.
-Não é nada, apenas uma alergia. Menti.
Não poderia dizer a verdade, não poderia acabar com tudo isto e por mais desconfiada que ela me parecesse, acabou continuando sem dizer nada.
A noite que tivemos fora a melhor noite da minha vida. As sensações que tive ao seu lado foram indescritíveis, mas como um soco, pela manhã, ela havia sumido e tudo o que eu tenho, é uma foto dela, tirada no meu celular, como quem queria me dizer que aquilo foi real.
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Homem do terraço
RomanceEm meio a toda a minha escuridão, eu te encontrei. Você me levou ao céu e então se foi, dizendo apenas o seu nome e nada mais. Não fui capaz de te encontrar. Por favor, me encontre aqui, neste mesmo prédio. . Está história não é recomendada para pes...