4ºParte: Mudanças inesperadas

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De repente pela porta entraram dois homens. Vestiam-se de preto com capuches impedindo-me de lhes ver as caras. Foram logo diretamente para a sala, parecia que já conheciam a casa, como se ali tivessem estado antes.

Os meus pais apenas se aperceberam das presenças dos forasteiros quando estes entraram na divisão.

- Finalmente voltamos a encontrar-nos – disse um dos homens colocando-se em frente da televisão.

Tentei mover-me para trás do sofá para conseguir vê-los melhor, mas não me conseguia mexer tentava levantar os pés do chão mas nada acontecia. Estava totalmente paralisada das pernas, apenas o meu cérebro trabalhava rapidamente.

Os dois levantaram-se do sofá. O meu pai para proteger a minha mãe puxou-a para trás dele.

- O que estão aqui a fazer? Como é que nos encontraram? – Perguntava-lhes o meu pai.

Os homens começaram a rir-se.

- Achavam mesmo que iriam continuar escondidos? Já nos deviam conhecer melhor.

O outro homem falou pela primeira vez.

- Já estou farta desta conversa, viemos buscar a rapariga.

Ao ouvi-lo todo o meu corpo estremeceu. Como é que de repente me tornei assim tão importante? Sempre tinha sido a rapariga estranha que nunca tinha sonhado, apenas isso. Agora tinha-se transformado em algo mais.

- Nem pensem que vos vou deixar levar a nossa filha.

O meu pai baixou-se e levantou um dos soalhos do chão e retirou uma enorme arma.

Agora fazia sentido nunca me terem deixado estar sentada no chão perto do sofá. Aquela arma tinha estado sempre lá para as emergências. Os meus pais deviam ter medo que eu a descobrisse e começasse a fazer perguntas. Tinha sido muito esperto da parte deles.

Apontou a arma para os homens que nem sequer se mexeram. A presença da arma não lhes fazia qualquer diferença.

- Achas mesmo que isso nos assusta.

- Mais facilmente são vocês mortos.

A minha mãe tentou correr para a porta provavelmente para vir ter comigo. Nem sabia se isso faria alguma diferença, nem sequer estava no meu quarto, pelo que sabia nem aqui na sala estava. Se não me conseguiam ver é porque não estava aqui.

Os homens foram mais rápidos, quando a apanharam, um deles deu um pontapé nos joelhos, o que fez com que ela cambaleasse para trás.

- Isto é para não voltares a tentar fugir.

O meu pai ao reparar no que tinha acontecido, disparou a arma contra um dos homens, mas não lhe parecia ter causado sofrimento, apenas se virou para o meu pai e tentou tirar-lhe a arma da sua mão acabando por a torcer. O meu pai caiu imediatamente para o chão segurando a mão.

O homem aproximou-se da minha mãe e não vi mais nada. Não iria conseguir aguentar. Fechei os olhos com força até deixar de ouvir barulho.

Quando os voltei a abrir, estava de volta ao meu quarto, deitada na minha cama. Levantei-me completamente desorientada. Sabia que não podia ficar ali parada a espera que o perigo viesse ter comigo. Tinha de conseguir fugir. Cada vez estava mais perto. Corri para a minha casa de banho que fazia ligação com o quarto dos meus pais.

Ao abrir a porta deparei-me com um dos homens, voltei a correr para o outro lado conseguindo alcançar as escadas quase tropeçando nelas. Pensei que pudesse ficar livre deles mas era óbvio que seria demasiado fácil, continuavam atrás de mim. Não sabia para onde me havia de dirigir. Estava a ficar com dificuldades em respirar. Olhei em redor. A loja onde costumava fazer compras estava aberta como não havia outra alternativa tive de entrar.

Já não via os homens mas não deviam estar muito longe. Ao entrar tentei disfarçar a minha respiração. A mulher estava distraída a contar o dinheiro que nem se apercebeu do meu estado, apenas olhou de relance para mim e continuou.

Fui para o canto da loja e não demorou muito a que os homens me voltassem a encontrar. Entrei em pânico e tentei fugir mas fui cercada, como não sabia o que fazer comecei a gritar.

- Deixem-me em paz.

A mulher veio ver o que se passava, assim que me viu, pegou no telemóvel provavelmente para ligar para a polícia.

Os homens que me perseguiam distraíram-se com a mulher e consegui fugir para a arrecadação, trancando-me, sem me aperceber que iria ficar encurralada. Espreitei pela fechadura ficando chocada com o que via. Os homens não tinham quaisquer escrúpulos. Estavam a matar a mulher ao seu lado encontrava-se uma enorme poça de sangue. Olhava para mim com um ar de súplica. Não podia fazer nada se tentasse, acabaria por ter o mesmo destino. Afastei-me da fechadura e deixei-me cair para o chão.

O primeiro dia com dezasseis anos estava a ser péssimo. Olhei a minha volta à procura de uma maneira de sair. Atrás de mim encontrava-se uma porta, só esperava que pudesse levar a uma saída.

Ao abrir a porta apenas existia uma casa de banho. Ainda não era desta vez. Tentei manter a calma. Comecei a desesperar. Sentia uma enorme vontade de chorar, doía-me a garganta pelo facto de estar a tentar controlar as lágrimas.

Sempre me tinham dito para nunca entrar em pânico, mas de certeza que não se aplica a esta situação. Comecei a analisar as minhas hipóteses, de qualquer maneira iria ser apanhada. Deixei de suster a respiração e assim que respirei fundo desatei a chorar. Deixei de estar acompanhada pelo silêncio para estar acompanhada polo som do meu choro.

Comecei a ouvir barulhos do outro lado da porta. Com o susto deixei de chorar e comecei a soluçar descontroladamente. Já me estava a mentalizar que aquele seria o meu fim. A porta da rua foi a primeira a ser aberta.

Para minha surpresa quem apareceu na porta era Finn. Estava completamente chocada, ele era suposto ser um dos meus melhores amigos. Pelos vistos era tudo uma mentira, um esquema, fazendo-se passar por meu amigo.

nota: Decidi que vou começar a colocar uma música na multimedia que tenha a ver com o capítulo ou que a tenha estado a ouvir enquanto escrevia.

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