A mansão

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   "Palavras e atitudes nem sempre são gentis, porém temos que aprender a leva-las de forma sagaz."


   Era o que minha tia dizia, um pouco antes de me retirar de casa, vários acontecimentos me levaram a isto, porém, prefiro não cita-los.

 
   A luz solar queimava minha pele enquanto eu caminhava em uma floresta um tanto fechada, lentamente, pois estava extremamente cansada.

   Estava caminhando há várias horas, faminta, sonolenta e esgotada, eram as necessidades que mais sentia.

   "Não irei me estagnar, tenho que chegar ao menos em alguma cidade". - pensava comigo mesma, já que eu não tinha nem mesmo alguma companhia, apenas da minha sombra, e foi neste momento que percebi o sol se pondo em meu lado posterior.

.

.

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   Mais um tempo se passou, e me toquei que estava um tanto... perdida.

   Olhei em um mapa que estava em minha bolsa amarela, meus olhos com problemas de continuar escancarados, se fecharam. Decidi descansar um pouco me encostando em uma árvore próxima, que era um pouco baixa, mas eu não me importava.

   Levei uns 5 minutos para me levantar e seguir em frente, eu não poderia parar. Agora observando o mapa, uma coisa era certa - eu estava perdida - não sabia aonde estava, e quanto mais fitava aquele papel, inúmeros e diferentes caminhos eu reparava, e nenhum deles conseguia reconhecer. Talvez era o cansaço, talvez o sono excessivo, ou talvez a enorme sensação de fome, é, eu não estou com condições muito boas, poderia ser isto e eu estava apenas alucinando? Que seja.

   Andei por mais alguns minutos - que podiam parecer diversas horas - e logo resmunguei:

   - Que chatice, parece até que estou no começo desta grande floresta! - Obviamente não era o caso, como havia dito anteriormente, talvez era apenas a minha fadiga.

   Mal fechei a boca e senti algo gélido em um dos fios do meu cabelo de tamanho médio - que é o suficiente, não suporto cabelos longos para cuidar, sim, sou preguiçosa quanto a isso - e de cor castanha, percebi no mesmo momento: era um pingo de chuva.

   Como não tinha a menor ideia de aonde estava, apenas comecei a correr em direção norte, a chuva começava a tomar grande intensidade, até eu avistar uma cas... não, era uma mansão - e das grandes.

   Diminuindo minha velocidade, nem mesmo bati na porta, com certeza o dono da residência não iria gostar desta minha falta - ou falha - de educação, que outra escolha eu havia?

Entrei.

...

   Era como uma biblioteca, nenhum som ou ruído, um local totalmente silencioso e organizado, diria que o dono é realmente responsável, pois enquanto subia uma das escadas, pude reparar os diversos enfeites e objetos naquele lugar, eram muitos, daria um bom trabalho em uma faxina.

   Havia um quadro com o retrato de alguém que obviamente, eu não conhecia, mas, de acordo com suas notas, era destinado "á bruxa Dorothy". Tentei ler alguns livros ali presentes, sem sucesso, as palavras eram completamente desconhecidas para mim, deveria ser alguma língua como latim ou indonésio?

   Várias prateleiras expostas com diversos frascos de vidros com algum conteúdo, remédios? Temperos? Não entendo nada disso.

   Devo dizer, o residente tem realmente um gosto peculiar para pinturas.

   Andei discretamente para que, se houvesse alguém, o indivíduo não me notasse, logo estava em um corredor, tinha apenas duas portas, sendo uma de cor castanha e a outra azulada. Pensei que teria alguma sorte e bati levemente na porta azul - já que tentei abrir a tal, mas não resultou em nada, pois estava trancada -, e novamente, nenhum sinal de vida.

   Se passou na minha cabeça vasculhar o resto do estabelecimento, chegando ao final do corredor escutei - lógico pois tenho duas orelhas - um barulho, tinha certeza que era da porta principal se abrir, e a primeira coisa que pensei foi de subir as escadas e investigar o segundo andar.

   Só pude ver uma mini biblioteca e dois quartos, pois ouvi alguém subir as escadas de antes, então, entrei no primeiro quarto (de cor roxa) e fiquei quieta.

   Um tanto ansiosa, não reparei nos detalhes do quarto, só vi um tapete roxo, pois reparei mais aos efeitos sonoros no estabelecimento.

   Passou-se um tempo, o qual não sei dizer ao certo, mas no meio dele houve uma conversa, identifiquei três vozes, sendo duas masculinas e uma feminina, estavam discutindo  sobre quem era o dono da mansão, seriam refugiados igual a mim? Além disso, os passos se afastaram e barulhos de vidro se despedaçando preencheram minha atenção, espera, som de uma frigideira?!

   No início teve um silêncio amedrontador, achei que "a barra estava limpa", então sai do quarto, caminhando sem rumo na mansão, até avistar uma escada que não tinha percebido anteriormente:

   -Uau! Essa mansão tem três andares! - disse surpresa.

   Inocentemente, subi as escadas entrando em um cômodo que até parecia um bar, por ter algumas meias paredes, estava absurdamente escuro, não enxergava nada.

   Até me dar conta de um interruptor, logo, apertei-o.

As luzes se acenderam.


Não deveria ter feito isso.

   Minhas pernas começaram a ficar bambas, calafrios percorreram por todo o meu corpo, cabelos arrepiados? Não sei.

   Vi uma criatura assustadora azul, não, quer dizer... vermelha!  Com olhos negros brilhando, parecia que estava corroendo minha alma a cada instante que eu continuava a observa-los.

   O medo realmente me consumiu, nem mesmo lembro do que eu mesma vi. Com um pouco de receio, comecei a correr, descer os degraus de uma forma extremamente fugaz. Não me atrevi a olhar para atrás, mas de uma coisa eu sabia: "aquilo" estava me seguindo.

   Como sou desastrada... dei um passo em falso e acabei caindo pelas escadas, estava apavorada então nem me importei, afinal, estava sendo com o meu traseiro mesmo. No final me surpreendi, cheguei ao primeiro andar e acabei de dar de cara no chão, qualquer um que me visse pensaria que estávamos apaixonados, - eu LITERALMENTE beijei o chão, que humilhação - foi pior do que pensei, pois fiquei cerca de 10 segundos ali, sem me mexer, até ouvir vozes, lerda como sou, demorei para perceber que era comigo, então logo me ajeitei e fiquei sentada.

   A pessoa que me chamou era...




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