Blind • 2Jae (HIATUS)

Capítulo LIII ○ Jaebeom

— Do que você tá falando? — Jinyoung pergunta, se aproximando de Mark e da Motossera, todos nós os outros fazemos o mesmo, assim formando um círculo ao redor da máquina.

— Tem algo de errado com a motosserra. — Mark aponta para a coisa, fazendo a gente se aproximar mais ainda, cada um com um semblante de confusão mais engraçado que o outro. O único que continuava pleno era o Youngjae, que estava mais preocupado em beber seu suco do que com o fato de termos um problema com a máquina, mas eu nem julgo, certo está ele, ele não tem nada a ver com a história mesmo, e aliás, isso me lembra que eu também não tenho.

— Me parece normal. — Bambam comenta, cutucando a motosserra com o pé, mas ela nem se mexe. A verdade aqui, meus amigos, é que mesmo se a motosserra funcionar, nenhum desses caras vai tet força suficiente pra usar ela.

— Você já viu uma motosserra antes? — Yugyeom pergunta, encarando Bambam com os olhos serrados. Bambam apenas deu de ombros, todo insolente.

— Não.

— Então esse não é seu local de fala.  — Bambam revira os olhos com a frase de Yugyeom, então volta a tomar o suquinho, antes de responder.

— Eu estou no local e estou falando, então é meu local de fala.

— Isso nem faz sentido, cara. — Jinyoung resmunga, sentando em uma pedra que estava perdida por ali. Bambam, novamente, apenas revira os olhos.

— Não sou pago pra fazer sentido.

— Tanto faz.

— GENTE! — Jackson chama a atenção de todo mundo de volta ao centro do círculo, ou seja, a motosserra, e volta a falar do real problema, o problema deles. — Acho que tem mesmo algo de errado com a motosserra.

— Assim, só por descargo de consciência, vocês tiraram o protetor que protege a serra? Porque realmente não vai ter serra se estiver com o protetor. — Youngjae comenta, indiferente, e todos olhamos para ele ao mesmo tempo, mas ele simplesmente continua bebendo seu suquinho ao meu lado, pleno.

— É claro que a gente ti... — Mark para de falar no meio da frase, o que chama a nossa atenção para ele, que apenas olha para a serra, e olha e olha e olha, então anda até ela, se abaixa, mexe em alguma coisa, e depois de um momento de silêncio, tira uma coisa transparente que realmente era uma proteção para a serra.

— Nossa! E eu me achando burro só porque puxo a porta quando na verdade é pra empurrar. — Bambam comenta, rindo da cara de tapeado do Mark, e eu rio também, porque né, como ele não viu a proteção ali?

— Se eu sou burro, vocês também são, porque ninguém aqui pensou que esse era o problema. — Mark se defende, todo na defensiva.

— Todo mundo aqui com a visão em perfeito estado e o único que enxergou o problema foi o garoto cego, eu teria vergonha. — Youngjae debocha, colocando um sorriso torto nos lábios. Eu amo esse menino cara, ele é todo meigo e abusado.

— Em minha defesa... — Jinyoung começa, erguendo as mãos em sinal de rendição. — Eu sou míope.

— Mentira! — Yugyeom retruca, com um semblante incrédulo no rosto, mas Jinyoung olha para ele, todo trabalhado na ríspidez, e bufa.

— Você acha que sabe mais sobre a saúde dos meus olhos do que eu mesmo? São MEUS olhos!

— E eu sou voluntário na enfermaria da escola e todos os alunos são obrigados a fazer exame de vista e por acaso sou eu quem fica responsável por cuidar da fixas, então sim, eu acho que sei mais sobre seus olhos do que você mesmo, mesmo que sejam os SEUS, olhos.  — Yugyeom cruza os braços e ergue uma das sobrancelhas.

— Quem em sã consciência deixaria você cuidar de algo tão importante? Obviamente você é o mentiroso aqui! — Jinyoung retruca, também cruzando os braços em sinal de desdém.

— Tentando mudar o foco para cima de mim? Ficou muito na defensiva, claramente isso prova que você é o mentiroso!

— Não, só prova que eu estou me defendendo. — Jinyoung bufa, mas Yugyeom solta apenas uma risadinha sarcástica.

— Se defendendo é o ca...

— Ahm, gente? — Jackson chama, interrompendo a discussão besta e soando meio incerto, e todos olhamos para ele, que por sua vez olhava meio assombrado para o rosto de todos nós.

— O que foi? — Jinyoung pergunta, de forma irritada. Yugyeom e seu poder de tirar meu amigo do sério, simplesmente adoro.

— Tem algo errado com a motosserra. — Um semblante confuso aparece no rosto de cada um de nós,  porque não tem mais nenhum problema com a motosserra, porém, ele apenas continua nos encarando.

— Já resolvemos o problema, ela só estava com um protetor. — Mark explica o óbvio, como se Jackson não tivesse visto o que aconteceu, mas o chinês apenas continua nos encarando com um semblante preocupado.

— Não é isso, tem mesmo alguma coisa errada com a motoserra! — Ele exclama, apontando com o dedo em direção a maquina que todos tínhamos deixado de lado para assistir a briguinha besta do Tico e do Teco. E bem... Tem mesmo algo errado.

— Por que tem fumaça saindo dessa coisa? Isso não é um bom sinal. — Bambam resmunga se afastando um pouco da motosserra, como se ela estivesse queimando a pele dele só de estar próximo dela.

— Será que vai explodir? — Yugyeom pergunta, virando a cabeça meio de lado, em confusão total.

— Tudo o que faltava nessa história era a gente começar um incêndio, como nós não morremos ainda? — Jinyoung fala, olhando a fumaça sair do motor da motosserra. Ninguém fala nada por um momento, ficamos apenas olhando a fumaça subir, aumentando gradativamente.

— Se essa coisa explodir a gente vai ser obrigado a pagar por ela também? — Jackson pergunta, olhando para Mark como se ele tivesse a resposta para todas as perguntas do universo.

— Teoricamente não é nossa culpa, ela quebrou sozinha. — Mark responde, mas não soa muito convincente. A verdade é que a gente vai se foder de qualquer jeito mesmo.

— Como se alguém fosse acreditar que ela quebrou sozinha. É nossa palavra contra a motosserra quebrada, ninguém vai acreditar que não fomos nós, mesmo não sendo nossa culpa, vão pôr a culpa em alguém porque alguém precisa ser culpado. — Jinyoung coloca os fatos na mesa e mais uma vez todos ficam em silêncio, apenas absorvendo as informações de tudo o que estava acontecendo. Ao meu lado, Youngjae suspira e muda o peso de uma perna para a outra.

— Bem... — Meu menino sol começa a falar, calmo como o próprio buda encarnado. — Acho que essa é minha deixa pra ir embora.

— O QUÊ? E O LANCE DO NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM? — Yugyeom berra, externando o pânico que todos estavam sentindo, mas Youngjae apenas sorri, tira o cabelo que caia no rosto e toma mais um gole do suco, antes de responder com a maior naturalidade do mundo.

— Em algumas situações eu vou ter que ficar devendo.