Villain

O que te faz um vilão?

Nós sempre queremos ser os mocinhos, mas isso não acontece na maioria das vezes. Soojin percebeu quando matou sem querer o padrasto que tentara viola-la.

Óbvio que aquilo não era o que as princesas de seus contos de fadas fariam, mas a tecnologia da polícia da época não conseguía perceber que o homem de família fora envenado.

Depois de alguns anos ela percebeu que não tinha feito muito diferente das pessoas que estavam a sua volta ou as garotas bonitinhas da escola, que maltratavam os inferiores.

Ou os militares japoneses que a forçavam a falar outra língua ou vestir outras roupas. Também os novos namorados de sua mãe que a engravidavam e deixavam os filhos para que ela cuidasse, ou o pai que as deixara por conta do problema com álcool da mulher.

Ela era uma vilã para aquelas propagandas e cartazes que mostravam mulheres como moças comportadas e do lar, Soojin não se via naqueles padrões.

Se viu como mocinha, quando conheceu Millena, elas brincavam de várias coisas, algumas elas se inspiravam no que viam seus pais fazendo no quarto.

Aos 12 foi mandada para um colégio interno pois descobriram as brincadeiras das duas, além de apanhar até sangrar enquanto a mãe bebia mais uma garrafa de soju. Para ela a mulher era a vilã.

Ao ver um professor olhando para as saias das garotas, mudou de mocinha para vilã quando o transformou em um anjo ou um demônio. 
Ela percebeu que todos eram os vilões dos animais que comiam.

Eu sou uma vilã, Soojin pensou com 16 anos após matar sua terceira vítima, serial killer, o nome não havia sido criado na época. 

"Ela precisava se casar", sua mãe berrou fazendo com que o halito podre de bebida tocasse o rosto de Soojin.

Sua mãe era a vilã que não a ensinará nada do que seu marido faria com ela após o casamento, então outra vez ela puxou o gatilho.

"Eu sou boa? Sou má?"

Era o que atormentava seus sonhos em um mundo que ela considerava cinza em vários tons. Os rebeldes eram os vilões dos japoneses e os japoneses vilões do povo.

"Talvez eu mate uma pessoa, talvez eu mate duas, ou até mais, mas ainda sou a mocinha da minha história." Ensaiava todos os dias para quando fosse chegar ao purgatório.