Chapter 1

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Contagem de palavras: 1954

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2:50 am
Ela corre, as paredes do local desconhecido mas estranhamente familiar, parece que vão esmaga-la a qualquer instante. Ela procura por algo, o quê? Quem? Ela não sabe, mas é importante, importante ao ponto de obrigar suas pernas a continuar mesmo quando as sente queimando, mesmo quando seus joelhos fraquejam e ela quase cai, achar aquilo o mais rápido possível esse é o objetivo.
As paredes, que com certeza eram um branco brilhante agora estão todas sujas com marcas de infiltração e parecem se multiplicar, formando um labirinto o qual ela não sabe como sair... E nem quer, não enquanto não achar aquilo que procura, de repente em mais uma curva ela acha, um garotinho de no máximo sete anos, sua pele clara agora está cheia de marcas de agressão, sujeira e sangue seco, os olhos estão semi abertos, parece que a qualquer instante vai desmaiar, os cabelos negros cobrem sua testa mas ainda assim e possível ver uma mancha de sangue, deve ter levado uma pancada na cabeça.
A mulher pega o garoto no colo e volta a correr dessa vez procurando a saída, mas não só isso, dessa vez ela não apenas procura, agora ela foge, foge de algo que não consegue ver, que não consegue ouvir apenas sentir, e ela sente que é perigoso e por isso corre.
O coração acelerado e respiração descompassada combinam perfeitamente com o frenesi de sua mente, ela pensa em uma forma de sair, de ajudar o garoto e de se livrar desse algo que a persegue, mas todo seu raciocínio é interrompido pela voz fraca do garoto.
- ei, você - a voz trêmula do menino faz com ela tire seu olhar do caminho a frente e se foque no rosto do garoto, ela diminui o passo mas mantém sua guarda, preocupada com seu perseguidor - você não acha meio fofo, que eu morri nos seus braços está noite? - as memórias a acertam como um tiro em seu peito, não, NÃO, dessa vez ela vai o salvar - mas eu tô bem, mesmo que eu tenha morrido por que foi nos seus braços que eu morri - o olhar outrora preocupado se transforma em um horrorizado enquanto ela vê sangue sair da boca do garoto como uma fonte, no entanto ela não reage, não reage quando o menino engasga e gotas de sangue fazem seu caminho até o rosto pardo, não reage quando os cabelos cacheados são puxados, nem quando aquilo que a perseguia se materializa e levanta um taco de beisebol até que...
Respiração e coração acelerados, mente em frenesi, o mesmo estado mas dessa vez ela não está naquele labirinto, nem procurando, mas está em seu quarto, seus lençóis brancos repousam sobre a cama depois de tanto se remexer, o suor frio escorre pela pele parda, enquanto tenta controlar a respiração a mulher se levanta, por ter acabado de acordar sua pressão cai a forçando a se sentar novamente.
Quando ela sente que não vai mais cair decidi levantar de novo, outra coisa a impede, a luz vinda do celular chama sua atenção, logo ela reconhece o número
- Yoon? - seu tom de voz demonstra confusão, pra que ele a ligaria as 3 da manhã?
- Ei Nati, o que aconteceu?
- ãn?
- É que você simplesmente atendeu e não brigou comigo tipo "ain são 3 da manhã eu tava dormindo porra, mimimi me deixa mimimi" - ele diz com uma tentativa falha de imitar a voz daquela que estava do outro lado da linha.
Com um riso fraco ela fala:
- Vamos logo Yoon, pra que me ligou?
- Então, tu lembra daquele rolo lá em Seul?
- Qual dos?
- Aquele dos sequestros.
- Ahhh sim, o que tem?
- Eles querem você lá.
- Mas esse povo não resolve os próprios problemas não?
- Não seja tão dura...
- Eu tenho que ir pra lá hoje ainda?
- Sim, eu vou passar aí as 8 e te levar até a estação de trem ok?
- Ok, mas você vai vir comigo?
- Não, parece que eles chamaram alguém pra ser seu parceiro lá, não sei muita coisa mas pelo que eu ouvi ele é de Ilsan.
- Entendi, enfim vou dormir mais um pouco antes de me arrumar.
- Tá bom, boa madrugada sua chata.
- Boa madrugada seu chato - com um pequeno riso Yoongi encerra a chamada.
Achando melhor aproveitar as últimas horas de sono que restavam, Natália se deita novamente e tenta pegar no sono.

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7:00
Olhos castanhos se abrem ao som irritante do alarme, mãos percorrem toda a cama em busca do bendito celular, finalmente o encontrando debaixo do travesseiro.
Desligando o mesmo, ela se força a levantar, pés encontrando o frio do assoalho a acordando de vez.
Com um suspiro ela se dirige ao banheiro, a imagem refletida no espelho mostra uma mulher de cabelos longos e cacheados, pele parda, olhos levemente puxados que apresentavam olheiras por conta das noites mal dormidas, esses pesadelos voltaram com força total.
Com a escova de dentes na boca ela vai até a cozinha do apartamento de tamanho mediano, com as paredes brancas e cinzas, ela então prepara alguns pães e os põe na torradeira. Então volta ao banheiro e lava sua boca, joga água no rosto como se tentasse lavar o cansaço... E também a imagem do garoto atrás de si, como esperado quando virou pra trás ele não estava lá, "preciso voltar ao psicólogo" ela pensa balançando a cabeça tentando afastar essas miragens.
Subindo na cama e ficando na ponta dos pés Natália por pouco alcança a mala preta encima de seu armário, vamos apenas dizer que todos seus 1 metro e 55 centímetros de altura não ajudem muito nesses momentos.
Tirando algumas roupas do armário ela ouve o barulho de sua torradeira, voltando a cozinha ela pega um suco de laranja, lembrando também de pegar um energético para levar.
Terminando de comer ela lava o prato e seu copo, logo volta a tarefa de arrumar sua mala.

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⏰ Última atualização: Aug 30, 2020 ⏰

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