Capítulo 3

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*Esta obra é uma adaptação autorizada. Todos os créditos são da autora original @LouTommo-Styles.*

"Hua jai dern mah teung nah tee soot tai Gup kum tahm tee sum kun Sen tahng dern jahk nee yaek bpen saung tahng Tee wun nee dtaung dtut sin jai Kon kon neung tee yung yeun kahng gun Gup chun mah nahn Nun keu kwahm rak Kon kon neung gor keu tur tee jai Fao dtahm hah Nun keu kwahm rak.
      Unintentional Love – Tul Pakorn"

☆☆☆☆☆☆

Eu estava petrificado, congelado de medo. Meu coração batia desesperadamente no meu peito, eu estava achando que ele podia escutar. Mas aí lembrei que ele era um Alfa Lúpus, então ele realmente estava escutando meu coração desenfreado. Max deu um pequeno sorriso de canto e se ajeitou na poltrona.
– Se acalme Tul, só precisamos conversar. – Sente-se – ele indicou o meu sofá, como se a casa fosse dele.  Eu até poderia chamá-lo de arrogante ou presunçoso, mas, contando com o fato de que ele poderia arrancar minha cabeça em poucos movimentos, não achei uma boa ideia.  Caminhei para o sofá como se estivesse caminhando para a morte, porque talvez eu realmente estivesse. 
Me sentei no sofá, engoli em seco e esperei que Max começasse a falar.  Max Nattapol é muito mais do que Apinya tinha dito.  Ele é absurdamente lindo, tudo nele chama atenção, até o jeito que apoia seu rosto em sua mão e olha de canto para mim, parece um convite.  Ao mesmo tempo em que é possível perceber o quão poderoso e perigoso é.  Seu olhar parece avaliar cada pequeno detalhe, como se o tempo todo estivesse em diferentes possibilidades e em todas, ele sairia ganhando. O grande problema, meu problema no caso, é que esse olhar estava voltado para mim no momento.
– Pleng Songkram – ele falou esse nome vagarosamente – você conhece, não?·
– Sim – sussurrei.
– Sua esposa? – por que ele fazia perguntas, das quais sabia as respostas?
– Apenas no papel – respondi com o máximo de confiança que eu tinha, o que nem era muita. Mas Max pareceu gostar, já que seu sorriso de canto voltou, dessa vez um pouco maior.
– Me falaram que você responderia algo do tipo, mas eu queria me certificar – ele disse. A voz dele era grave e levemente. – Então você não se  importa se algo ruim aconteceu com ela?. Eu fiquei tenso, quer dizer mais ainda, Nattapol não perdeu isso.
– Não.
– Então por que ficou tenso?
– Eu tenho medo – confessei quase sussurrando – que você faça algo comigo ou com a minha filha.
– Vocês fizeram algo de errado?
– Não! Eu nem queria que ela fizesse seja lá o que estava fazendo, eu implorei para ela parar! – eu entrei em desespero, estava falando sem parar.
– Olha, todo o dinheiro que ela me deu, eu guardei – eu corri pegar a caixa de madeira e entreguei para ele – pode ver, está todo aí. Sei que ela deve ter roubado bem mais, mas se me der um tempo, eu posso conseguir o dinheiro!  Sim, eu posso! Por favor, minha filha não tem nada a ver com isso, Lin nem gostava dela, na verdade a odiava, por favor...
–Tul! – ele falou alto, me interrompendo – Respire! Eu não farei nada com você ou sua filha. Nada de ruim. Fechei minha boca na hora. Ele não ia fazer nada de ruim? O que ele ia fazer?
– Não quero esse dinheiro, use o para vocês, compre coisas para sua filha, faça o que quiser, Pleng já pagou a dívida que tinha comigo de outro jeito – ele me devolveu a caixa – Preste atenção, eu não gosto de enrolar. Eu sigo o Código de Conduta dos Alfas e você já deve saber o que aconteceu com sua esposa.
– Ela não é minha esposa – eu o corrigi – e eu não sei o que aconteceu com ela.
– Não? – ele levantou uma sobrancelha.
– Não, só sei que ela não aparece aqui há cerca de duas semanas – Será que Nattapol achava que eu estava a escondenda?  Pela primeira vez o alfa a minha frente esboçou alguma reação, algo parecido com o espanto.  Talvez o fato dele perceber a minha sinceridade o tenha deixado surpreso.  Max se levanta da poltrona e se sentou do meu lado no sofá, perto demais.
– Você está dizendo a verdade, você realmente não sabe - ele parecia falar consigo mesmo, nossos joelhos se tocam e eu só pensar o que acontecerá
– Sua marca não te avisou? 
– O que minha marca tem a ver com isso?  em um movimento rápido, ele puxou a gola da minha camiseta, deixando minha marca a mostra tento mim afastar, mas ele segurou meu braço com uma mão, enquanto a
– Hey!  - eu tentei me afastar, mas  ele segurou meu braço com uma mão, enquanto com outra dedilhava a minha marca – Pare! – não doía, só era estranho porque eu estava me inclinando para longe dele e ele se inclinava para cima de mim.
– Sua marca está completamente cicatrizada e fraca, parece que isso foi há anos - ele estava tão intrigado com aquilo, que não percebeu que se aproximava cada vez mais – E ela é tão rasa, quase superficial. Se me dissessem que é a cicatriz de algo corte, eu acreditaria, não parece coisa feita por um Alfa.
– Sim, Pleng se estressava com isso também, até tentou me morder de novo algumas vezes, mas sempre ficava assim... Será que você pode se afastar? –– finalmente seus olhos vieram para o meu rosto, estávamos tão perto, que eu sentia a sua respiração na minha pele. Os olhos dele eram como ônix, eu podia dizer que eram os olhos mais lindos do mundo, mas para mim sempre seriam os olhos da Lin. Então, com certeza, aquele par que me encarava ocupava o segundo lugar.
– Certo – ele se afastou ligeiramente, também se livrando do transe que estava preso – Acabei me perdendo e não falando o que vim fazer aqui – ele passou a mão pelos cabelos, como o cabelo dele podia parecer tão macio? – Quero que preste bem atenção e não quero que, em momento nenhum, você sinta medo de mim, entendeu?
– Sim – tarde demais, mas eu não ia retrucar.
– Pleng está morta.
–Oh Zeus!
– Eu a matei – ele falava calmamente.
– Você a matou?
– Sim, ontem a noite.
– Ontem, claro, por que não? – respira, Tul, respira!
– Eu disse que você não precisa ter medo de mim.
– Você invade a minha casa, fala que matou a Alfa que, teoricamente, é minha esposa e ainda diz que eu não tenho que ter medo? – me levantei e comecei a andar pela sala – Sabe que estou a um passo de entrar em pânico, não é? Por que? – ele sorriu! Ele estava se divertindo com meu desespero! Além de mafioso gostoso, ainda era cretino!
– Precisa mesmo que eu repita a minha última fala?
– Sente-se Tul. – ele bateu a mão no sofá, do lado dele – Não sei se já ouviu falar de mim, mas eu sigo o Código de Conduta dos Alfas, o que quer dizer que em momento algum vou deixar você e sua filha desamparados. 
– Como?
– É isso, não vou deixar que nada aconteça com vocês ou que lhes falte algo - Oh Zeus!  ele estava falando sério?  – Eu vi que falta muita coisa nessa casa, amanhã virei aqui com meus irmãos, faremos uma lista completa de tudo que precisamos comprar. Caso queira acrescentar algo, apenas informe Ohm. Também estipularemos um valor mensal de dinheiro para que eu te entregue, mas faremos as contas para que seja justo para vocês. Toda semana alguém fará uma visita, Krist já se candidatou ao cargo, aliás, ele está animado em organizar uma festa para Phailin e...
– Ai!  Calma aí, lista?  Dinheiro?  Festa?  Eu não estou entendendo nada!
– Eu vou cuidar de vocês – ele disse sério e eu não vi um pingo de hesitação – Tul, quero que entenda – ele se virou totalmente para mim, segurando as minhas mãos – Não sei como era o seu relacionamento com a Pleng, mas ela quebrou todas as regras e passou do limite do aceitável. Mesmo sendo avisada diversas vezes, ela resolveu cruzar o meu caminho. Eu nunca perdoei a dívida de ninguém, não ia ser justo a dela, uma Alfa desprezível, que eu faria. Você não precisa saber dos detalhes, mas ela esteve em minhas mãos por dias. Um dos argumentos dela para que eu a liberasse, era que ela tinha família e vocês não conseguiriam sobreviver sem ela. Ao mata-la, eu aceitei assumir esse papel. A partir de agora, irei cuidar de vocês. Acho que travei por alguns segundos. Fiquei paralisado. E, o pior, sabe qual foi a primeira coisa que pensei?
– Que mentirosa!
– O quê? – Max perguntou confuso
– Pleng! Ela é uma mentirosa! Ela nunca cuidou de nós, mal dava dinheiro e o que ganhava, gastava quase tudo! Eu trabalhei logo depois que Lin nasceu para nos manter. A única ajuda que vinha era quando a cada três meses, a mãe dela depositava dinheiro, por que da Pleng mesmo, só o dinheiro que está naquela caixa! Mas como ela me odeia, duvide que mande mais! Francamente, na hora de me bater ela não tinha essa de "cuidar da família"!
– Te bater? – Nattapol perguntou e só então percebi que ele ainda segurava as minhas mãos.
– Sim, algumas vezes ela me bateu e, bem, ela era uma Alfa estúpida.
– Apenas posso dizer – Max falava controlado, enquanto soltava das minhas mãos – que fico feliz de já ter a matado, ou ela estaria ainda mais fodida.
– Ok... –o que é esperado que eu diga: "Valeu por ter matado a minha esposa?" – se serve de ajuda, eu realmente pedi para ela parar - com isso.
– Eu sei, Krist me contou – ele sorriu de canto – Krist é ótimo para julgar caráter, nunca errou. Apenas uma vez eu achei que ele pudesse ter se equivocado, mas percebo que não. Nós ficamos em silêncio, eu podia dizer que estava tentando racionalizar absorver toda aquela informação, mas a verdade é que só fiquei olhando para aqueles olhos negros. – Que horas você vai buscar Phailin? – ele disse por fim, depois de um certo tempo.
– Como?
– Que horas você vai buscar Phailin na casa do seu amigo?
– Como você sabe?
– Eu sempre sei – foi a resposta dele.
– Claro, obvio que sabe – em um escala de 1 a dez, o quanto eu estou ferrado? – Dez e meia, combinei de ajudar Saint a organizar tudo.
– Certo, estarei aqui as nove horas. Trarei alguém para consertar a porta do fundo
– consertar?
– Depois de buscarmos Phailin podemos almoçar no shopping, eu vi que ela tem poucos brinquedos, a tarde meus irmãos virão aqui e poderemos conversar melhor sobre tudo o que falta na casa.
– Espera, quê? – eu perguntei, ele estava se levantando, colocando seu casaco e pronto para ir embora.
– Precisa que eu explique algo?
– Pode ser tudo? Como assim vocês vão vir aqui? E eu não quero a minha filha no meio de nada disso!
– Ômega, apenas...
– Não me chame assim! – eu vociferei. Me levantei e fiquei o encarando – Não me trate como inferior, só por causa do meu gênero!
– Eu nunca faria isso com ninguém, muito menos com você. – ele disse sério colocando a mão no meu ombro – Apenas o chamei assim por força do hábito, mas te chamarei do que você quiser. Eu nunca faria algo para te magoar. – eu via verdade no seu olhar e foi isso que me acalmou. Quando me sentiu relaxar, ele tocou o meu rosto – Ela o tratava assim?
– Pleng me chamava de Ômega para justificar que eu sou inferior a ela – seu toque era tão bom, que me fazia querer dormir enrolado nele .
– Esqueça que aquela "alfa" existiu, agora eu estou aqui – Max se aproximou de mim e beijou o topo da minha cabeça – Descanse Tul, amanhã será um longo dia – então ele se afastou – Não esqueça de trancar a porta.
Depois que ele saiu, ainda demorei alguns segundos para conseguir fazer meu corpo reagir. O que tinha sido tudo aquilo? Tranquei a porta, corri para o banheiro e tomei um longo banho, Nattapol tinha falado a verdade? Agora ele "assumiria" a minha família? Mas o que isso realmente significa? Até que ponto isso é verdade? Me joguei no meu colchão ainda tentando entender o que realmente estava acontecendo. O pior é que eu não tinha com quem conversar, eu não tinha amigos de verdade. Mesmo Apinya e Saint, os mais próximos que eu tinha, não passavam de colegas de trabalho. Eu nunca tinha contado tudo o que acontecia dentro da minha casa e, bem, não ia ser agora que eu ia contar. E, contra todas as possibilidades e pela primeira vez em muito tempo, eu dormi rápido e em paz, totalmente relaxado. Sonhando com olhos negros.

 Sonhando com olhos negros

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