Mais quente que o sol 《Hyunghyuk》

Sunshine

Nota: A parte em itálico refere-se ao passado.

~Boa leitura

- Onde está? - O Lee questionou para si mesmo, enquanto retirava peça por peça de dentro da gaveta, jogando-as desajeitadamente pelo quarto. Suspirou frustrado ao retirar o último par de meias do lugar e não encontrar o que tanto buscava.

Hyungwon, que estava chegando em casa naquele momento, parou diante da porta do quarto do casal, suspirou e deixou a sacola de papel preto no chão e empurrou a madeira para frente, assustando-se ao ver uma camiseta voar em sua direção e cair sobre a cômoda, que estava com todas as gavetas escancaradas e vazias.

- Minhyuk, o que está fazendo? - Questionou para o mais velho, que assustou-se e virou-se em sua direção.

- Procurando meu cachecol. - Bradou com a respiração ofegante, já sentindo-se cansado de tanto procurar e não encontrar nenhum sinal do objeto.

Hyungwon olhou em volta, chorando internamente ao ver a bagunça que o namorado havia feito. Um pouco mais ao longe, no chão próximo à janela, encontrou um dos cachecóis que o mais velho costumava usar.

- Não é aquele? - Apontou para o objeto e o Lee sentiu-se radiante ao pensar que finalmente havia encontrado o que tanto procurava, porém, seu semblante ficou entristecido ao ver que não era aquele.

- Não, é o cachecol amarelo. - Levantou-se devagar, endireitando as costas levemente doloridas. Encarou a bagunça no quarto com frustração, questionando se não havia perdido o objeto em algum lugar fora da moradia.

- Ah, aquele cachecol? - Hyungwon sorriu ao perceber de qual peça se tratava e logo uma série de memórias invadiram sua mente...

"Era final de outono. Hyungwon saiu de casa com um suspiro pesado, sentindo-se grato pelo silêncio na rua quase vazia. Colocou a mochila sobre os ombros e puxou as mangas da blusa fina para baixo.

Havia acordado mais cedo do que o necessário e não suportou permanecer em casa quando escutou os primeiros gritos vindos da cozinha.

Deu alguns passos para a frente e encarou a fachada da casa simples em que morava, deixando um suspiro cansado escapar ao escutar o barulho de vidro se quebrando. Abaixou a cabeça e sorriu amargo, logo caminhando em direção a rua.

O trajeto até o ponto de ônibus foi feito com lentidão, pois sabia que estava ainda muito adiantado. Sentou-se sobre o banco e encarou as horas em seu relógio de pulso. Um ônibus de sua linha passou, porém não fez questão de pegá-lo, uma vez que, se o fizesse, perderia a chance de ver a única pessoa que iluminava seu dia com um simples sorriso.

Um vento gélido cortou o ambiente e o moreno encolheu-se em seu lugar, pois suas roupas em nada aqueciam seu corpo esguio. Observou enquanto as pessoas chegavam e iam embora logo, porém preferiu aguardar por seu transporte de costume.

Não tardou para que o veículo aparecesse na ponta da rua e prontamente levantou-se para pegá-lo. Uma mulher poupou-lhe o trabalho de dar o sinal, pois estava mais preocupado em tentar aquecer os dedos quase congelados pelo vento frio.

Subiu no veículo rapidamente, apresentou seu cartão e cumprimentou o motorista com um breve aceno. Notou que o transporte estava mais cheio que de costume, porém ficou agradecido por encontrar um par de bancos livres. Sentou-se próximo à janela, colocou a mochila sobre seu colo e encarou o lado de fora. Suspirou ao sentir o clima mais ameno dentro do veículo e fechou os olhos ao sentir-se totalmente em paz.

Sobressaltou-se ao perceber que o ônibus já estava na segunda parada após a sua e soltou um muxoxo ao não ver o garoto do cachecol amarelo sentado no banco. Comprimiu os lábios com força, respirando fundo antes de fechar os olhos e encostar a testa contra o vidro.