MÓRBIDO

1 0 0
                                    

Pela primeira vez a época dos ipês amarelos foi a parte do ano mais avassaladora.
A flores com cor de ouro que pintavam as ruas cinzas e mórbidas não mudavam nem um pouco as energias que se concentravam em minha alma.
Uma opção seria fugir para um lugar distante sem nada nos bolsos, mudar de nome e tentar recomeçar do zero.
Mas de que adianta se todo o nosso passado está fortemente gravado na memória?
Todas as gotas de esperança que ainda me restavam se secaram.
Como ainda tenho medo da morte que tanto a clamo, não me presentearei com a mesma.
Espero poder dormir hoje e não acordar amanhã, e assim sucessivamente até que seja possível.
Não esqueçam a torneira ligada.
Boa noite.

Cartas Ao Lixo - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora