S H E

60 6 0
                                    

              Rodei todo o centro todo e quase batia o carro toda vez que via uma mulher loira andando pela calçada, decide estacionar, nem era uma cidade tão grande mesmo, ia rodar todos os cafés da cidade a pé!
              Assim eu fiz, era frustrante em pleno domingo de manhã, milhares de casais em brunch e eu correndo atrás de uma garota que eu mal conheço, nem parei pra pensar no que eu estava fazendo, se tivesse não teria continuado, mas meu peito se fechava toda vez que abria a porta de um lugar e ela não estava lá.
              Desisti. Voltei pro carro. Era loucura. É bem idiota. Coisa que Bradley faria, não eu.
              Lembrei de um Starbucks, a poucos quarteirões dali, ri sozinho da minha burrice, não acredito que nem pensei na possibilidade dela estar na MAIOR FRANQUIA DE CAFÉS DO MUNDO.
              Só eu mesmo.
              Sei que não precisava de correr, não era tão longe mas mesmo assim o fiz, e nem precisei abrir s porta pra ver ela lá, lendo de pernas cruzadas. Inferno, ela é perfeita!
              Andei casual como se fosse ali todos os dias, sendo que nunca tinha pisado em um desses, passei pela frente dela como se não a tivesse visto, é um dos meus troques.
              - Tristan? - Ela me chamou e não pude conter o sorriso.
              - Oi, o que você tá fazendo aqui? - Falei como se não tivesse a procurado por toda a cidade.
              - Te disse ontem que só conheço os cafés daqui, mas nada da cidade...
              - Liz, certo? - continuei o papel de desentendido, sendo que tinha repetido esse nome na minha cabeça desde a primeira vez que o escutei.
              - Lizzie! - ela me corrigiu e voltou a atenção para o livro.
              - Então Liz, - ela revirou o olho  e eu sorri - posso me sentar com você?
              - Claro - ela finalmente tirou os olhos do livro, fechando-o e voltou a atenção pra mim - Por que você tá tão suado?
               - Ahn? - Olhei pra minha camisa encharcada - Bom, eu corro bastante, gosto de fazer exercícios sabe? - Pura mentira, tentei impressionar mas ela não pareceu nem um pouco impressionada.
              - Não que eu não tenha adorado sua companhia, - ela virou o copo de café escrito Lizzie de marcador preto ao lado - mas eu tenho que ir!
              - Peraí, - levantei rápido, não corri uma maratona atrás dessa garota pra passar cinco minutos com ela. - eu te dou uma carona, fala sério eu sou literalmente vizinho do lugar pra onde você tá indo!
              - Eu nem sei se você é um estuprador ou serial killer... - Ela riu, e fomos até a porta.
              - Já te disse que não sou assediador!
              - Olha bem, você lembrou da palavra! - Depois de ter pesquisado no google quinze vezes, quem esqueceria? - Não vai pedir nada? - ela apontou pra minha mão sem copo de café.
              - Não, não é muito bom... tomar depois de tantos exercícios... eu to tentando parar! - Me enrolei e abri a porta do carro pra ela quando chegamos até ele. - Vamos?
              Ela segurou minha mão pra entrar no Jeep, e eu senti calafrios da ponta do pé a ponta dos cabelos, tinha sido a primeira vez que eu toquei nela, que ridículo, eu não sei contar quantas vezes toquei numa mulher e todas elas não foram desse jeito, eu me sentia idiota, mas num sentido bom, eu acho.
              O caminho era longo e não tinha muita conversa, ela me falou que tinha vindo de Uber e essas foram as únicas palavras em dez minutos, percebi que ela estava inquieta e coloquei uma musica aleatoria da minha playlist.
              - Ah-ah, ah! Ah-ah, ah! We come from the land of the ice and snow, from the midnight sun, where the hot springs flow - Liz tinha começado a cantar baixinho.
              - Você tá brincando??? - Falei pra ela assustado.
              - O que? - Ela me respondeu rindo.
              - Você não conhece Led Zeppelin! - Retruquei fazendo que não com a cabeça.
              - Quem não conhece Led Zeppelin? - se voltou pra mim - A pergunta é quem não gosta de Led Zeppelin!
              - Não existe, não existe - dei de ombros concordando com ela - Eles são a base do rock psicodélico!
              - Eu daria tudo pra viver nos 70's! - Ela fez 'paz e amor' com os dedos e nós dois rimos, "você não existe" pensei comigo mesmo.
              Aumentei o volume e nós passamos o resto do caminho cantando, eu batendo no volante e ela no porta luvas, se qualquer um dos meninos tivessem feito isso, hoje eles não teriam mãos, mas ela não, com ela eu não me importava.
              - Sua parada Milady! - Puxo o freio de mão e aponto pra casa de Connor.
              - Obrigada, pela carona e pelo ótimo gosto músical. - Ela apontou pro rádio sorrindo.
              - Dá um beijo no seu namorado por mim! - Como essas palavras cortaram meu coração.
              - Meu namorado? Eu não namoro Tristan!
              - Mas e Connor?
              - Connor? - Ela ri. - Ele é o filho da namorada do meu pai, só isso.
              ESSA É A MELHOR COISA QUE EU PODERIA OUVIR HOJE! A segunda seria ela pedindo pra conhecer meu quarto MAS, isso tá longe de acontecer.
              - Então quer dizer que você é filha do professor fedido??? - falo rápido e animado demais para que ela possa entender alguma coisa.
              - O que?
              - Nada, nada não! - Concerto a situação. - Você devia sair comigo mais tarde, e conhecer algum outro lugar que não venda cafeína! - Ela riu discreta.
              - Não posso, vou embora hoje.
              - Embora? - Perguntei desolado e toda a animação se foi.
              - É...
              - Volta quando? - Interrompi ela abafado.
              - Não sei! - Deu de ombros. - Tenho que ir agora, arrumar minhas coisas, você sabe... - Pareceu desapontada.
              - Sei, sei, sei sim, - respirei fundo com um sorriso forçado, enquanto ela se afastava. - Boa viagem Liz!
               - Lizzie! - Me corrigiu abrindo a porta de Connor.
               - É, eu sei Liz! - Pisquei pra ela e entrei pra dentro de casa, dessa vez com um sorriso genuíno somado a uma respiração ofegante.
              Droga, ela precisa voltar!

|| {Can we dance?} ||Onde histórias criam vida. Descubra agora