- our sorry -

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POV's Bradley
Fim de tarde da Grã-Betanha é o melhor tempo do mundo, saio do banho de toalha, o cabelo molhado bagunçado, e a dúvida se devo ou não mandar mensagem pra Maya.
Seria um babaca se não mandasse, depois dela ter me dado um beijo que eu não merecia, seria idiota em contar pra ela que toda aquela coragem de cantar pra ela foi jogada pela janela e eu trancado para dentro pelos meus pais!
Encarei o celular o dia todo, pedi ao universo um sinal e o máximo que ganhei foram uns pombos na minha janela, ri comigo mesmo. Minha mãe entrou no quarto com as minhas roupas passadas, e pediu pra que eu descesse, não havia conversado comigo desde a briga, estava me sentindo muito mal por isso.
- A mãe de um dos seus colegas ligou! - Meu coração parou, seria um filho perdido... overdose ou cirrose... ia me processar por ter dado bebida á menores... Tive que me esforçar pra prestar atenção no resto que o meu pai falava. - Quer saber quanto cobra pela monitoria, por que não nos disse nada sobre?
- Aí, - dei um grito de alívio, colocando a mão no peito sentindo o coração desacelerar. - ela tinha um sotaque espanhol? - perguntei.
- Tinha meu filho mas... - Minha mãe concordou e meus pais se entreolharam desentendidos.
- Isso é tudo que eu precisava saber! - Dei um beijo na bochecha dela e subi as escadas.
              - BRADLEY? - Ela gritou me parada no fim da escada, mas eu já estava trancado no meu quarto procurando o celular que havia jogado ao vento.
              Estava no chão perto da quina da cama, pulei para pega-lo e por lá mesmo fiquei, abri o chat com Maya e respirei fundo umas cinco vezes antes de ousar digitar qualquer coisa.
 
Mesage Text - Maya

              Brad: Oi, sua mãe ligou e...
   
              Maya: Tem certeza que é sobre isso que você quer conversar hoje?

              Brad: Esse assunto é sério demais pra não ser conversado pessoalmente.
              Brad: Quero olhar nos seus olhos...
 
              Maya: Ok, agora estou vermelha 😅
              Maya: Amanhã? Escola?

              Brad: Por mim tudo bem, só fala pra sua mãe que eu não cobro por monitoria, tudo que eu faço é pensando no bem da filha dela...

               Com certeza foi o porre, devo ter caído e batido a cabeça em algum lugar para estar falando com a confiança de Don Juan. Nada do que eu disse era mentira, mas podemos dizer que também foram desculpas para esconder o castigo! Como atrás da tela de um celular todo mundo tem coragem de dizer o que pessoalmente não falariam. Definitivamente, tenho vou ir dormir com um sorriso hoje.

POV's JAMES

              Não ligo para a dor de cabeça.
              Não ligo para aquele maldito vídeo.
              Só tem uma coisa que não sai da minha mente, o fato de eu ter traído a confiança dela, o meu amor por ela, o meu relacionamento com ela.
              Era uma noite fria de domingo e não me senti no direito de entrar na sinagoga, a rua iluminada por uma forte luz laranja do poste, estava na porta, escorado em uma coluna, me martirizando pela minha atitude estupida, que não valeu a pena nem um segundo, nem ao menos fez sentido, daria tudo para voltar a trás...
              Conheço Anne desde o exato dia em que nasci, brincamos juntos, mesma rua, mesmas escolas, quando criança ia a todas as celebrações na sinagoga, todos os dias, só para ver ela.
              Meu primeiro beijo foi no meu bar mitzvah, quando ela me puxou para fora do salão, demos perdido em todos os convidados, achei que ela seria meu último beijo também...
              Todas as minhas lembranças são ao seu lado, não acredito no que eu fiz!
      
             - James, - Estava esperando ela mas não consegui conter as lágrimas ao ouvir sua voz - O que foi? Por que não entrou?
              - Eu... Eu... - nada saía.
              - Fui na sua casa hoje a tarde quando cheguei, ninguém atendeu, o que está acontecendo amor? - Ela enxugou minhas lágrimas.
              - Não vou esconder isso de você, - Sentamos no degrau da escada na frente da sinagoga. - e não sou capaz de mentir para você...
              - Do que você está falando? - Me interrompeu.
              - Você não merece isso, não me merece, não acredito que eu fiz isso! - Coloquei a mão na cabeça enquanto as lágrimas não pararam de descer. - Eu te traí Anne, eu dormi com uma outra garota que eu não faço ideia quem é, que eu não me importo com a existência, que não significa nada pra mim, mais isso não são desculpas, mesmo com a mais plausível delas, você não me merece...
              - Eu não, - Ela fez uma longa pausa. - eu não consigo entender! James, me diz que isso é uma mentira, que você está brincando comigo - Falava com a voz calma e devagar, só era assim quando estava realmente brava. - Me diz que isso é uma piada entre você e aqueles meninos idiotas!
              - Eu sinto muito! Eu sinto muito! - Fazia que não com a cabeça enquanto enxugava os olhos com as mãos.
              - PORQUE ENTÃO VOCÊ FARIA UMA COISA DESSAS COMIGO? - Levantou se afastando de mim e seus olhos estavam cheios de água, me odiava por saber que eu era o motivo de sua dor.
              - ESTAVA BEBADO OK? - Falei no mesmo tom de voz, apesar de não ter o mínimo direito para isso. - Só quero que saiba que jamais faria isso de propósito com você! Eu não quis Anne! Eu não sabia!
             - "De propósito", "não quis", "não sabia" - Repetia o que eu tinha dito fazendo aspas com os dedos e rindo sarcasticamente. - NÓS TÍNHAMOS ALGO, QUE VOCÊ NUNCA VAI CONSEGUIR COM MAIS NINGUÉM! - respirou fundo - Espero que saiba disso... - Ela virou as costas, entrou para sinagoga, e eu sabia que aquele era o fim que teríamos, aquele era o fim que eu merecia...
          
             
             

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