A tempestade costuma castigar a cidade de Dreamland e não é uma novidade a nenhum de seus habitantes. Mas, atrasada para a aula de literatura do senhor Raymond - a brilhante, encantadora e jovem Anna Hayes não esperava contar que justamente naquele...
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Um palacete.
Não poderiam selecionar um local mais adequado do que a opulenta mansão da família Raymond para receber as centenas de elegantes e importantes convidados para um tradicional baile beneficente, liderado por algum império industrial do país que pertence a algum impressionante magnata que eu nunca ouvi falar.
Talvez, se eu for bastante discreta, não precisarei estar em maus lençóis nem lidar com situações que possam requerer muito de mim.
Disfarçadamente, eu tento localizar Enzo, vagueando com meus olhos curiosos pelo ambiente, buscando o sensual rastro do professor. Céus, há tantas personalidades!
Preciso admitir que realmente sabem como dar uma festa.
Há dançarinos realizando suas magníficas performances, malabarismo com fogo, verdadeiros epítomes de beleza transitando o salão, esculturas de vidro, shows ao vivo, uma fartura de fazer o queixo cair e uma decoração mais do que luxuosa, com cada detalhe muito bem distribuído.
Ouço um trecho da música que explode pela mansão. É uma voz etérea e sexy, sob uma batida entorpecente e hipnótica.
Vejo vários jovens casais abalando na pista de dança tipificada, em movimentos arfantes e quentes, envolvidos pelo alucinante jogo de luzes, deixando a letra da canção fluir por suas veias. Uau.
Reconheço os muitos olhares cobiçosos, arrogantes e absolutamente carnais que são lançados sobre mim, mas não deixo-me afetar, empinando o nariz, austera, dona de mim, vagando casualmente pelo requintado piso de mármore âmbar.
Sou consciente de mim, o efeito que causo, o tumulto de reações que posso evocar. Mas não estou dando a mínima para as consequências está noite.
Acredito que a garantia de minha entrada neste baile apenas aconteceu por estar acompanhando a maravilhosa e respeitada família Watson. Afinal, tecnicamente, não sou adulta de fato.
Mas ter ido ao toalete por um instante custou bastante agora. Merda, estou sozinha, perambulando por um universo do qual não faço parte.
— Nos encontramos novamente, não é mesmo?
Um exultante, tranquilo e elegante Daniel está diante de mim com um amplo sorriso muito atraente. Ele veste um impecável smoking azul escuro feito sob medida. O cabelo louro está repartido, bem penteado, caindo em um ondulado encantador pela cabeça, enquanto os seus irônicos olhos verdes parecem escuros e sedutores entre a enigmática penumbra que risca todo o palacete de quando em quando e a morna luz intimista que vem dos lustres cristalizados, pendurados no teto.
