Curioso

Embargados no prazer dá distância.

Aquele sábado começou corrido para o mais novo dos Mellark's. Acordara cedo, diferente dos outros dois que permaneceram jogados em suas camas, ambos permitindo-se descansar um pouco após uma semana intensa de provas. Peeta saiu junto a sua mãe para a cafeteria, e passara ali parte do dia. O movimento do estabelecimento só enfraquecera a tarte. Sua mãe, na sua humilde opinião, era dona dos melhores bolos e doces da região. Que ele mesmo confeitava, mas ele era muito suspeito para dizer algo a respeito...

A tarde sua mãe apareceu, de repente, o chamando na cozinha. Ele a seguiu até ao caixa. Olhando-a com uma leve indagação.

— Pode ir... eu e as garotas damos conta. — Effie sorriu encarando o filho por cima dos ombros.

Peeta permaneceu a encarando por alguns segundos, com certa estranheza, mas acabou dando de ombros no final.

— tem certeza? — os olhos do Mellark mais novo voaram para a porta de vidro do estabelecimento, por onde entravam duas pessoas, um casal que optou por sentar-se a mesa do canto, de frente para as vidraças. Peeta voltou a encarar a sua mãe, que assentiu com veemência. — tudo bem...

O Mellark retirou seu avental, retornou à cozinha e o colocou no suporte ao lado da porta, e retornou para o caixa. Despediu-se da sua mãe e passou pela pequena porta que dava acesso da cozinha ao salão.

— Direto para casa, Peeta. Por favor.

A matriarca dos Mellark bradou antes que Peeta passasse pela saída, sem se importar com os olhares que ganhou, tampouco com os risinhos de divertimento com a cena ‘mãe e filho'. Peeta revirou os olhos, mas acenou com a cabeça, confirmando. Sua mãe parecia um pouco nervosa. Estava estranha desde ontem à noite. Assim como seus irmãos.

Os lábios de Effie crisparam-se, seus olhos vagaram para a carta parcialmente escondida debaixo de algumas papeladas. “estou indo para a capital, preciso falar com vocês e quem sab...” Effie olhou Peeta sumir do seu campo de visão, além do que as vidraças lhe permitiam ver através dos vidros, e suspirou pesadamente. Amassou o papel e o jogou na lixeira ao lado.

•×•

Peeta ficou com uma pequena, gigantesca, pulga atrás da orelha. Quando chegara na noite anterior, encontrando seus irmãos sentados no sofá assistindo a um filme qualquer, esperando-o para que fossem ao café. Quando notaram sua presença não disseram nada. Nada sobre ele ter burlado o bem elaborado “sistema de segurança “ dos dois, sobre ele ter ignorado as ligações e mensagens, sobre ter chegado naquele horário. Se bem que não era de tão estranho assim, já que eles enroscaram um cachecol em seus pescoços, naquele fim de tarde fervoroso, tentando inutilmente esconder as manchas vermelha-arroxeadas dos seus pescoços. É suas amigas levaram a distração a um outro nível, ele não sabia se agradecia ou se achava estranho, ou talvez ele fizesse os dois.

O Mellark sorriu, colocando sua mão na boca para não gargalhar, quando entrou em casa e os dois patetas se desesperaram em enrolar o cachecol de lã nos pescoços.

— oi, Pee. — os gêmeos acenaram, ambos sorrindo amarelo. Ficando sem jeito em seguida, quando menor começou a gargalhar enquanto subia as escadas.

Peeta espreguiçou-se ao entrar em seu quarto, sendo consumido por uma extrema fadiga. Não demorou mais do que alguns míseros minutos para que adormecesse. Quando despertou já estava escuro, o quarto era iluminado pela fraca luz do corretor que entrava pela porta entreaberta do quarto. Piscou algumas vezes se acostumando com a penumbra.

Forçou no seu corpo a sair da cama, pegar sua toalha e mover-se sonolento pelo corredor do quarto até o banheiro. O Mellark sentiu a água expulsar lentamente toda a sua preguiça. Enrolou-se na toalha e retornou ao seu quarto só para vestir-se com um shorts folgado. Desceu para a cozinha ouvindo a conversa de seus irmãos no quarto, jantou e lavou sua louça. E se jogou no sofá, ligando a tevê, começando a árdua tarefa de procurar algo descente para assistir. Foi então que notou a falta de algo essencial para o seu dia a dia e para, também, a vida social que ele quase não tinha.