Família Yaoyorozu

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  O caderno da Jiro tinha desenhos na capa que mesmo velha dava para ver os detalhes em branco, uma anotações com o nome dela e endereço, parece que não é a primeira vez que ela perde. Fiquei alguns segundos com ele na mão antes de guardar na mochila e seguir meu caminho para casa.

De longe pude ver que as portas estavam abertas, o táxi na frente indicando que vovó havia chegado a pouco tempo, entrei fechando atrás de mim, me dirigi até a sala de estar onde mamãe e ela estavam.

– Isso são modos de me tratar? Onde está minha xícara de chá?

– O chá está pronto, é só a senhora se servir... – Mamãe sentou na poltrona.

– E esta casa. – A vi passar o dedo na parte de cima de um móvel antigo. – Toda empoeirada. – Limpou a mão no pano de prato perto da xícara de chá. – Meu filho trabalha o dia inteiro para chegar em um chiqueiro como este?

– Estava trabalhando na floricultura e caso não saiba, não sou a empreg...

– Você só tem desculpas para me dar?. – Interrompeu. – Não sabe fazer seu papel de esposa? Já disse que não é tarefa de uma mulher trabalhar.

– A senhora tenha mais respeito por mi...

– Eu avisei. – Gritou. – Avisei a Yaoyorozu que você não seria uma boa esposa mas ele teimou e quis você, ago...

– Mamãe.– interrompi de propósito. – Cheguei.

– Momo Chan. – Pude sentir uma ponta de vergonha e alívio. – Como foi na escola?

– Ocorreu tudo bem. – Sorri. – Vovó.

– Momo chan. – Me curvei. – Pare com as normalidades e venha me dar um abraço. – obedeci. – Como está sendo na U.A?

– Está sendo bom, os professores são ótimos e o ensino é muito bom. – Escutamos barulhos na porta, papai chegou. Sempre que a vovó vem nos visitar ele se importa se chegar cedo em casa.

– Yaoyorozu. – largou a xícara de chá na mesa de centro se levantando e andando até ele.

– Bem, vou me retirar para preparar o jantar, Momo chan, leve sua mochila para o quarto, e depois me acompanhe até a cozinha. – Senti o pedido de ajuda feito nos olhos de mamãe.

Rapidamente subi as escadas jogando a mochila de qualquer jeito em cima da cama, fui até a cozinha, lavei as mãos para ajudar mamãe e comecei a cortar as cenouras para o Curry.

Mamãe tem uma loja de flores, localizada perto do centro de Musutafu. Todos os dias chega cedo para preparar os buquês e arranjos que são encomendados, é um trabalho manual complicado porém muito bonito e mamãe tem certo talento nisso.

Não gosto da minha avó, desde pequena vejo – a tratando mamãe mal. Entendo que seus costumes sejam do Japão antigo, mas estamos no século XXI. Minha mãe pode trabalhar se quiser, não precisa ficar servindo a família o tempo todo, pode ser independente e ter seu próprio negócio.

Cortei as cenouras em quadradinhos colocando na água fervendo, fritei os frangos e juntei ao molho de Curry para temperar em tempo. Minha mãe juntou as batatas ao molho fervendo e enquanto o frango fermentava aproveitei para tomar um banho e trocar o unforme da escola.

Desci com um vestido rosa coberto de flores e um sapato confortável, soltei meu cabelo o penteando, todos já estavam postos a mesa me esperando. Minha avó olhava com cara feia para o jantar simples que minha mãe preparou.

– Está bonita Momo chan.

– Obrigada pai. – Sentei a mesa. – Mãe, o cheiro está divino.

May Cherry TreeOnde histórias criam vida. Descubra agora