Guerra dos Reis - Vingança

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- Te achei, mariquinha! – Tigrésius rosnou para Eltar sentado na beira de um córrego.

Eltar levantou as mãos devagar, sem se virar para o pai, temendo que qualquer movimento brusco pudesse atrair um ataque mortal do pai. O rei Tiger ergueu um braço queimado, a mão acendendo com chamas entre suas garras afiadas. Ele fez uma careta de dor quando o calor de suas chamas atingiu seus braços queimados. Uma adaga afiada voou e acertou seu braço justamente onde estava queimado. O grito dele pareceu o grito de uma fera selvagem enjaulada, fazendo os pássaros voarem de seus galhos. Aproveitando a distração, Eltar lhe deu uma rasteira e o rei caiu de bunda no chão. Já se recuperando, Tigrésius ficou de quatro e pulou na direção do filho que, num movimento ágil, pulou sobre a cabeça do pai, parou em pé atrás dele e chutou suas costas o derrubando de cara de chão. Antes que pudesse fazer algum outro movimento, Eltar colocou o pé sobre o pescoço de Tigrésius.

- Agora sim. Agora você está onde devia. Sob meus pés. SEU MERDA DE PAI! – Eltar rosnou.

Lino...Ilena...Enfim, se aproximou, apoiou um pé sobre o braço queimado de Tigrésius e puxou lentamente sua adaga ainda cravada no braço dele. O rosto do rei, voltado pra ela, ficou em choque quando a viu ali e ela sorriu.

- Que porra é essa? – O rei rosnou.

- Ah, acho que esqueci de contar, papaizinho. Peguei seu brinquedo favorito. – Eltar disse dando um sorriso enorme. – Acredita que eu demorei pra descobrir que não era um macho? Mas valeu a pena. Eu e Ilena nos divertimos muito e até temos um filho.

Os olhos de Tigrésius brilharam de raiva.

- É, majestade. O senhor é vovô de um garoto forte e saudável que eu vou criar pra ser um homem de verdade, um muito mais útil do que você. Pena que você não estará neste mundo pra ver isso. – Eltar continuou, sorrindo satisfeito pelo impacto da notícia no velho Tiger.

- Porra, moleque, você é mais burro e inútil do que pensei. – Tigrésius disse e riu, fazendo o sorriso de Eltar sumir e ser substituído por uma carranca raivosa. – Pelo menos você era a putinha de um mago poderoso. Mas agora? Olha só pra você. Pegou essa coisa feia e nojenta que já deu pra Likastía inteira, essa velha, e ainda fez um filho com essa piranha! Eu nunca vou aprovar esse bastardo, filho dessa rameira, como membro da minha família!

- E quem disse que estou pedindo sua aprovação? – Eltar disse com tanta raiva que, sem perceber, mudou um pouco seu peso, diminuindo a força sobre o pescoço do pai.

- ELTAR! – Ilena gritou ao ver o sutil movimento do rei para se erguer.

Tigrésius se levantou num pulo, os pêlos todos eriçados, pegando o pé do filho e o jogando para baixo enquanto se erguia. Eltar caiu e sua cabeça quicou no chão, causando uma concussão. Ele se preparou para pular com os dois pés sobre a cabeça do rapaz, mas Ilena foi mais rápida e empurrou Eltar para longe, ambos caindo à alguma distância, rolando até parar com um baque no tronco largo de uma enorme sequóia.

- Eltar! Ei! Olha pra mim! – Ilena gritou erguendo o príncipe Tiger que estava tonto e confuso.

- Para de gritar, imbecil! – Ele disse e pensou: Vou me vingar disso, seu merda! Nunca mais vou deixar você me bater!

Tigrésius andou até eles devagar, sentindo dores pelo corpo que, sem boa parte de sua roupa real que o protegeria, acabou levando um impacto muito maior pelas chamas de Carya. Isso ainda rodava em sua mente. Existia uma razão lógica pra que apenas o rei Tiger tivesse as chamas de Éris e uma delas era que ninguém poderia ferí-lo com o fogo normal. O fogo era como um bálsamo de energia para o possuidor do poder das chamas, mas, isso não se aplicava às chamas de Éris se viessem de outro guardião. Ele se recusava a acreditar que a lenda sobre Kallisti escolhendo outro guardião para derrotar o rei Tiger fosse real. Ele se via como um deus, maior do que as luas, os anéis que circundavam o planeta, mais poderoso do que a própria Kallisti! Tinha que ter outra explicação. Sua filha, criada por aquela mulher que sempre lhe despertara um misto de nojo e desejo, sua ex esposa, e pelo traidor do Fagrir, uma mera fêmea fraca como qualquer outra, não podia ser escolhida para possuir um poder tão grande. Não mesmo. Ele só tinha certeza de uma coisa: Leviatã e Eltar sabiam e com certeza tinham um dedo nessa história.

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