Nina Avante tem um plano: até o fim do ano, ela vai revelar aos pais que não pretende continuar naquilo que eles a vem ensinando desde que se entende por gente. Ainda que ela ame tocar piano, a garota sabe muito bem o que quer fazer quando enfim ter...
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TAMBÉM NÃO EXISTE nenhuma Lennon Tropelia na internet. Acho que estou enlouquecendo com essa necessidade de buscar informações inexistentes nas redes sociais, mas não é como se eu pudesse sair por aí com uma foto dela perguntando se alguém pode me dar informações úteis. Estou presa no mundo virtual, onde aparentemente Lennon nunca pôs os pés. Talvez Frida só não goste mesmo da internet, no final das contas.
Eu devo continuar lhe chamando de Frida? Se ela se chama de Lennon, eu devo respeitar isso. Inclusive, talvez eu nem deva chamá-la de ela. Não posso sair por aí supondo a forma como as pessoas se identificam. É errado, não é? Acho que é muito errado. Mesmo que eu tenha a impressão de que nessa situação eu só esteja surtando mesmo.
Tá bem. Nada de Lennon Tropelia na internet.
Mas, sei lá, se ela ou ele ou elu não anda usando Frida como nome, talvez não esteja usando o sobrenome também. E se Lennon for um pseudônimo, uma chance de se esconder do resto da humanidade, não faz muito sentido sair por aí com Tropelia escrito na testa.
Devo tentar Lennon Estrela? Lennon Star? Lennon Constelação?
Palavras relacionadas a estrela, Google pesquisar.
— A aula já vai começar, pessoal. Para os seus lugares, por favor.
Guardo o celular quando o professor de Física invade a classe, a turma finalmente se organizando e fazendo a barulheira cessar. Sinto uma caneta espetando a minha costela assim que tiro o caderno da mochila, Iara tentando chamar a minha atenção na carteira ao lado. Nem preciso dizer que tenho medo quando ela me encara com esse sorriso bizarro. Está aprontando alguma coisa.
— O que é? — sussurro, meus olhos na lousa que já começou a ser preenchida. O professor nem ao menos disse bom dia.
— Liguei para a sua mãe ontem a noite. Falei que a gente ia fazer um trabalho de Biologia ou sei lá, não me lembro direito. — Ela busca o celular, e eu sinto o meu vibrar no meu bolso. — De qualquer forma, eu expliquei que era uma atividade importante e que não tinha problema você dormir lá em casa. E é claro, ela não pôde dizer não. — Iara sorri. — A gente vai, tá bem? Sem contestação. Vamos e acabou.
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