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Olá humanos !

Este é apenas o prólogo. Boa leitura.


YOONGI


"Vira !" - Ordenou a mulher rabugenta nos induzindo a virar para a esquerda.

- "Virar ? Quero ver você virar isso aqui !" - Disse levantando o dedo do meio e sendo parado na metade do caminho por Jimin. No mesmo momento sentimos flash da câmera, provavelmente a foto saiu ruim e teríamos que tirar outra. Fala sério.

- "Dá 'pra parar Yoon ? Não fode ainda mais a nossa situação !" - O platinado sussurrou para mim e ganhou um olhar ainda pior da agente de polícia atrás da câmera.

- "Tae, por favor, para de chorar..." - Pedi vendo os olhos do loiro se encherem de lágrimas - "Eu não consigo, imagina o desgosto que a minha mãe vai sentir quando souber que eu fui preso... Deus, onde eu fui me meter ?" - Retrucou deixando as lágrimas caírem.

Uma coisa que você tem que entender logo de cara é que eu tenho um probleminha com autoridades. No jardim de infância eu disse para a professora que se ela quisesse que cantássemos como passarinhos, ela que comprasse os próprios passarinhos e o Jimin riu tanto que fez xixi. Somos amigos desde então. O Taehyung nós só conhecemos depois, quando eu sem querer matei sua tartaruga de estimação - a qual ele havia trazido para a escola escondido.

Seguinte, nós somos "damas de honra". Não daqueles que querem que o dia do casamento seja perfeito e que seja o dia mais feliz da vida da noiva, não.

Estamos mais para anjos vingadores que vão te dar o que você merece. Você pegou o bonde andando e é óbvio que não tá entendendo nada, então eu vou voltar um pouco, tipo uns 15 anos atrás, e aí você vai conhecer a quarta integrante da nossa irmandade.



~ 💐 ~



Ela morava em uma casa incrível - ainda mora na verdade - que, aliás, tem até nome se chama: "Chambre Haute" que em francês significa  "Minha casa é muito superior à sua e sempre será".

Kang Seulgi morava lá com a mãe dela, algum padrasto do momento e muitos empregados, é claro, é preciso empregados quando sua casa tem muitos cômodos e um jardim enorme.

Que bom que a Seulgi é filha única, porque ela nunca foi boa em compartilhar, ela sempre foi melhor em... Tomar. Mas a gente não ligava, éramos só crianças cegas pela magia de Chambre Haute. Eu sei, pode nos julgar.

Tomávamos chá com biscoitos feitos em casa, subíamos uma escada secreta que ficava dentro de um armário e que ia dar em uma parte secreta do jardim. Nos sentíamos muito sortudos por estar lá, e quando não nos sentíamos assim, a Seulgi fazia questão de nos lembrar da nossa sorte de estar lá. Pegávamos a maquiagem e os saltos de grife da mãe dela e brincávamos de desfile de moda onde a Seulgi sempre se intitulava a modelo principal e nós os paparazzis. Gostávamos de deslizar só de meia pelo piso recém encerado e deixar a Sra. Kang uma fera. A gente brincava da nossa própria versão de esconde-esconde, nós batizamos de "Conheço um lugar onde a Seulgi não acha a gente" era um lugar lindo de baixo de uma cerejeira, mas o Taehyung sempre se sentia culpado e tínhamos que voltar. Sempre sentávamos perto da árvore preferida dela e escutávamos a Seulgi falar da Seulgi e inventar histórias, sobre a Seulgi. Era a casa dela, as regras dela, o ego... dela.

Lembro como se fosse ontem, estávamos no quintal brincando da brincadeira preferida dela, casamento - e eu e os meninos estávamos perdendo. Taehyung e Jimin estavam com cestinhas de flores distribuindo pétalas até o "altar" onde eu estava com um terno enorme que achamos jogado - provavelmente do padrasto dela - fazendo o papel do noivo. E lá vem ela, com um vestido branco estilo princesa, um véu que se misturava com os curtos cabelos loiros e um buquê feito de flores retiradas do próprio jardim.

- "Espera, o que é isso ?" - Perguntou olhando para mim enojada - "Eu sou o noivo" - Respondi simplista - "Não, vocês tem que ser damas de honra" - Retrucou batendo os pesinhos no chão - "Mas Seulgi, um casamento precisa ter um noivo ou mais uma noiva" - Insistiu Taehyung com os olhos apertados por causa do sol - "Não precisa não, o casamento é meu e as coisas tem que ser do meu jeito... MAMÃE !" - E aí está ela, como quase toda criança normal de 9 anos chamando pela mãe.

- "Doçurinha, o que esses garotos fizeram 'pra você ?" - A Sra. Kang perguntou com aquela voz que até hoje me dá enjoo, mesmo com os óculos escuros e aquele chapéu rosa ridículo que encobria uma parte do seu rosto podíamos sentir o olhar de desgosto sobre nós três. Para falar a verdade a Sra. Kang nunca gostou de nós, não sei se porque éramos pobres em comparação a elas ou porque éramos garotos - talvez os dois.

- "Eles não me escutam !" - Choramingou apertando mais o buquê em sua mão - "É um casamento Seulgi, precisa ter mais alguém além da noiva e das damas de honra" - Jimin retrucou tombando a cabeça para o lado e ganhou um olhar feio da mais velha - "Não pensem demais, ok ?" - Respondeu abaixando levemente os óculos de sol - "Mas não precisa ?" - Indagou o, hoje, platinado - "É precisa, teoricamente, mas eles não são muito importantes... Aqui vamos usar a cadeira" - Puxou uma das cadeiras da mesa que estava ao nosso lado e estendeu a mão para mim num pedido mudo que eu desse o paletó que estava usando - "Pronto... linda noiva !" - Colocou o paletó na cadeira e ajeitou alguns fios da franja da filha que cainham sobre o rosto da mesma.

E assim era nossa vida, no ensino médio não teve muitas mudanças. Ela distribuía os papéis e nós interpretávamos. Por que ? Porque é uma cidade pequena, você pega o que te dão e aqui em Gyeongsan, Coréia do Sul nos deram a Srta. Kang Seulgi.




[...]

𝙱𝚁𝙸𝙳𝙴𝚂𝙼𝙰𝙸𝙳𝚂Onde histórias criam vida. Descubra agora