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POVs TRISTAN
              Dirigi a 100km por hora, a muito tempo não me importava se o carro capotasse em qualquer canto.
              Acordei chateado com a possibilidade de não ver a boneca Barbie de novo, mas pareceu idiota comparado ao que James está passando. Fiz uma brincadeira de mal gosto, o que é meu escudo desde que me entendo por gente.
              Mas tudo foi longe de mais como prova suficiente de que não existe lugar pra mim.
              - Inferno! - Bati a porta do carro quando cheguei em casa.
              A sensação de frio que me invadia sempre que entrava naquela casa vazia, fazia com que ficasse com mais raiva. Joguei as chaves longe, quebrei alguns vasos e porta retratos. Era tudo uma palhaçada, para que ter um castelo se ninguém mora nele? Ninguém liga para ele?
              Minha mão sangrou de tanto se socar a parede e meus gritos ecoaram pelos quatro cantos.
              Ridículo.
              Passei o resto da semana trancado, com a Mary Jane, a Lolo, o Ópio, o Jack Daniels e algumas pílulas de remédios prescritos para TDAH, depressão e ansiedade que acumulei ao longo dos anos. Pelo menos para alguma coisa eles serviriam...

POVs BRADLEY
              Saímos da biblioteca separados, como dois fugitivos de um assalto ao banco, meu sorriso era de orelha a orelha, nunca tinha feito aquilo, eu não era o Tristan.
              Mas toda alegria desapareceu quando encontrei James aos pedaços no corredor.
              - Não liga para o que o Tris disse ok?
              - O problema agora é o que eu disse a ele!
              - Que? - Perguntei franzindo a testa.
              - Eu disse coisas fudidas para ele, - James encarava o chão. - Ele saiu e não deve voltar hoje.
              - Tristan é grandinho, grande para caralho na verdade! Não se preocupa com ele, você já tem seus problemas... - Apontei para Anne saindo de uma das salas.
              - Eu não posso fazer isso! - Ele saiu com a mão na cabeça e os olhos cheios de água.
              Ótimo, hoje é dia de todo mundo fugir!

              Voltei para casa andando, não havia a carona de Tristan nem parada obrigatória hoje, cheguei e minha mãe esperava na porta, era o primeiro dia de carcereira dela.
              - Eu voltei mãe! - Ela concordou com a cabeça.
              - Muito bem Bradley Simpson! - Fechou a porta e cruzou os braços. - Não tem monitoria hoje?
              - Ahn? - Olhei para trás pois já estava subindo para o meu quarto.
              - Quais são os dias de monitoria? Você pode sair para elas, mas depois direto para casa! Fez um compromisso com sua colega tem que cumprí-lo.
              - Claro mãe! - Subi dando pulinhos de alegria.
              Mandei mensagem para Maya e hoje já podia ir lá, não conversamos muito mas dá para ver que ela queria o mesmo que eu.
              Tomei um banho, coloquei uma jaqueta jeans, um segundo banho de perfume, e voltei a bater na porta da casa colorida tipicamente hispânica, mas não foi a mãe dela que me atendeu.
              - Quem é você? - Olhos castanhos cerrados me encaravam alma a dentro.
              - Brad... Bradley... senhor! - Estendi a mão.
              - Que nome idiota garoto, tem certeza que é isso? - Apertou a minha mão com força, muita força.
              - ¡Papa! - Maya me puxou pela porta como hoje de manhã, o pai dela e seus dois metros de altura não ficaram nada feliz.
              - Seu pai é forte né? - Perguntei meio que tremendo e com um sorriso sem graça.
              - É só o jeito dele de policial... - Ela me respondeu segurando minha mão.
              - Ele é policial??? - Comecei a suar frio.
              - Fica tranquilo Brad Bradley, nada vai acontecer com você! - Sorrimos e ela se aproximou de mim segurando na gola da minha jaqueta.
              - DEIXEM A PORTA ABERTA! - Levei um susto e pulei para trás.
              - Ernesto, deixe os meninos em paz! - A voz familiar da mãe dela me acalmou.
              Mas o resto da noite foi um no canto e outro no outro, houve um flerte com os olhos, os pés dela não saíram da minha perna, e tive que me segurar, mas já tinha pegado os trabalhos dela com James na semana passada, quando estava empolgado demais com essa ideia de ser seu monitor e ela precisava deles para amanhã.
              Fui embora com um selinho que ela me roubou de boa noite, tive que recusar o jantar de novo por que meus pais estavam fazendo vista grossa, temo que a mãe dela vá a ficar com raiva de mim!
              Tris não apareceu no outro dia.
              James mudou todos os seus horários para não encontrar Anne, e acabou que eu também não o vi por um bom tempo.
              E Connor, bom Connor acho que não sabe como vir a escola sem a carona de Tristan...
              Mas eu estava no céu, noite sim noite não, tinha minha única liberdade do melhor jeito possível, e quando os trabalhos e deveres acabaram não tinha como ter mais sem James.

Mensage Text - Maya
                 Brad: Não encontro James mais...
                 Brad: Minha fonte de Biologia Avançada II secou!
                Maya: Você não veio parar aqui por conta de Biologia mesmo.
                Maya: Meus pais não vão estar aqui...
                Maya: Aula de anatomia hoje?

                Travei.
                No bom sentido.
                Com o melhor dos motivos.

               Liguei para Tristan várias vezes, precisava de camisinha e dicas de como não ser o otario que sou na hora H, porém ele não me atendeu.
              Já tinha passado de todas as bases, minha primeira vez mais foi no verão do primeiro ano do ensino médio em um acampamento velho, com alguém que por três meses pensei ser a minha futura esposa e mãe dos meus filhos, durou 2 minutos e nunca mais vi ela de novo.
              Mas isso é totalmente diferente, Maya é totalmente diferente, não posso fazer errado, não pode ser de qualquer jeito, é da garota dos meus sonhos que estamos falando...

POVs TRISTAN
               Rose não veio essa semana, o marido continuava doente.
              Meu pai não dava as caras aqui desde o jantar desagradável como todos que temos.
              A casa estava uma zona.
              Me alimentava de uma pizza família uma a duas vezes ao dia no máximo, isso quando eu me lembrava de comer, e as caixas ficavam para todo os lados.
              Acho que fiquei três dias sem tomar banho, e meu quarto estava impossível de entrar.
              Desci com tudo para a sala principal, ps4, pc gamer, colchão. Meu bong, minha ceda, minhas drogas. Devia estar muito chapado quando decidi fazer isso.
             Bom na verdade estava chapado a semana inteira!
             Na sala era onde ficava a adega do meu pai, então foi um ponto estratégico.
             Subia as escadas só para bisbilhotar a porta vizinha, mas ninguém passou por ela e me perguntei até se o tapado do Connor tinha esquecido das aulas ou morrido ali dentro.
             Depois de uma semana preso, sem dormir, sem comer, fazendo as mesmas coisas, telefone morto, zerando jogos e todos os filmes e séries de ação, deveria ser final da semana quando decidi assistir "barraca do beijo 2", sim você leu certo.
             A Netflix estava me recomendando tanto e eu achei que teria mais peitos que qualquer filme do Bruce Willis!
              Terminei ele e depois de ter xingado a garota baixinha bunduda de todos os nomes por ter traído o cara da moto, cheguei a conclusão:
              - Ei, - Levantei meio tonto e com os olhos pesados na marola - ela pelo menos foi atrás do cara dela... Onde? - apontei para a televisão e com um sorriso me respondi - Na faculdade! Brilhante baixinha bunduda, Brilhante! - Bati palmas e peguei a chave do carro...

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