War of Hearts - Sterek

Capítulo II - Lenda

Piscou freneticamente, quase incrédulo, como se tentasse absorver o que enxergava; um homem com o torso nu e olhos tão verdes que pareciam uma esmeralda. Engoliu seco ao sentir sua boca seca, passou a língua sobre os lábios, sentindo a textura rachada do mesmo. Não conseguia mover um músculo sequer, o clima crescia, mais de uma maneira tão tensa na opinião do Stilinski, sentia que a hostilidade e a desconfiança vinha da parte do outro, e apesar do humano também estar levemente desconfiado, tudo parecia sumir, era tão estranho em sua opinião, aquele ser parecia lhe atrair de alguma forma. Estava admirado.

Mas no momento em que ousou em aproximar-se, a criatura imergiu no lago, e Stiles pode vislumbrar a calda; seus olhos se arregalaram, chocado. Arriscou-se em ficar próximo da borda do lago, mas não notou nenhum sinal dele. Crispou os lábios ainda meio inerte com o que viu, mas logo se assustou com o barulho que veio da floresta. E isso, foi o suficiente para saber que deveria retornar para casa.

No entanto, antes de adentrar na floresta, olhou para trás, de relance, podendo jurar que estava sendo observado pela criatura. Seguiu reto por onde jurava que tinha vindo e, novamente, por algum motivo estranho, estava um breu com aquele mato todo. O único som que se ouvia era seus passos; o balançar das folhagens de quando batia nelas. Um arrepio subiu por sua coluna, formigando-o por inteiro.

Sabia que precisava se apressar antes que algum sobrenatural surgisse, sabia que tinha sido loucura ter vindo para aquele lugar, e para quê? Nem teve um mínimo de sinal do Josh. Ou era o que pensava até tropeçar e cair bem em cima do corpo de seu colega de classe. Teve que reprimir o grito que tanto queria sair, não era nem um pouco reconfortante olhar para um cadáver.

— Porra! — esbravejou baixinho, levantando-se o mais rápido possível. Sua lanterna estava caída no chão, com a luz iluminando o rosto do pobre coitado, já o seu taco, nem sabia onde foi parar — e isso era uma péssima notícia. Ao se agachar para pegar a lanterna, pelo canto dos olhos, notou algo lhe observando, como se fosse uma presa; era um Wendigo, reconhecia essas criaturas de longe, apesar dessa parecer aqueles noturnos, tão horrendos na aparência. Suas mãos suaram, seu coração batia tão forte que se duvidasse, toda a floresta podia ouvir, mas não apenas isso, sentir o cheiro de pânico; estava ficando cada vez mais assustado. Com a mãos tremelicas pegou a lanterna e saiu em disparada, sendo seguido pelo Wendigo. — Merda, merda, merda — praguejou, respirando com dificuldade.

Apertou ainda mais o passo ao ver o final daquela bendita floresta, o medo apenas aumentou em ouvir a criatura se aproximando cada vez mais, se naquele momento tivesse o seu taco, teria uma oportunidade em bater no Wendigo e ganhar um tempo, mesmo que extremamente curto. Um pequeno alívio se instalou dentro de si quando vislumbrou a luz vinda fora daquela floresta, e quando estava perto dela, a criatura o derrubou, a lanterna voou longe, mas ainda assim a luz dela bateu sobre ele e o rosto do Wendigo; não reprimiu o grito daquela vez, num ato rápido, pegou o seu canivete — agradecendo mentalmente por ter trazido — e perfurou o Wendigo que estava prestes a mordê-lo, não esperando mais nem um segundo sequer, empurrou o ser que grunhiu e saiu correndo de lá, aos tropeços.

Mesmo ansiando ficar o mais longe possível do lugar, ele não pode deixar olhar brevemente para trás, tendo o vislumbre do Windigo observando-o com fúria antes de desaparecer em meio às sombras das árvores. Respirava com dificuldade devido ao misto de sentimentos que estava sentindo. Fechou os olhos tentando acalmar a sua respiração, certamente foi uma péssima ideia ter vindo naquele lugar, mas quem disse que o Stilinski pensava nas consequências de suas impulsividades.

Ainda tremendo, olhou uma última vez para a floresta puxando o ar com força, conseguindo enfim acalmar as batidas de seu coração e sua respiração. Entrou em seu carro e deu partida de volta para casa, não conseguindo deixar de pensar que tinha visto um tritão.