*Esta obra é uma adaptação autorizada. Todos os créditos são da autora original @LouTommo-Styles.*
Fiquei observando a paisagem urbana passar a nossa volta, eu lembrei de quando sonhava em estudar, me formar na faculdade, ter uma casa, uma família, viver numa vizinhança em que eu pudesse ter vizinhos e seríamos amigos. Respirei fundo, eu amo demais a minha filha, Lin é a razão da minha existência, só que às vezes eu penso em como teria sido se eu pudesse ter seguido os meus sonhos.
– Você quer ligar o rádio? – Max perguntou, cortando o silêncio.
– Ah, claro – apertei o botão e logo a voz de Boy Sompob tomou conta do carro.
–Está tudo bem? Você está calado desde que saímos.
– Não é nada, eu só estava pensando na minha vida.
– Algo em particular? – ele insistiu no assunto, parecia realmente se importar comigo.
– Quando eu era mais novo, eu queria ser médico pediatra, cuidar das crianças sabe?
– Não quer mais?
– Eu não sei, eu até gosto do que faço, mas sei lá - dei de ombros – e não é como se eu pudesse estudar agora.
– Por que?
– Eu não tenho dinheiro, o que ganho eu uso na casa e com a Lin. Qualquer plano que eu já fiz, vou ter que adiar até ela ficar maior.
– Depois teremos uma conversa séria sobre isso – ele disse desligando o carro – chegamos. – Olhei pela janela, estávamos na frente da casa de Saint.
– Max – o chamei enquanto descíamos do carro.
– Sim? – ele perguntou distraído.
– Eu não falei o endereço, como você sabia?
– Tul, eu sempre sei – ele deu um sorriso de canto. Ok, aquilo era assustador! Mas porque eu não estava morrendo de medo então?
– Espere – eu disse antes que ele tocasse a campainha – você precisa saber algo sobre a Lin – ele baixou o braço e prestou muita atenção em mim – ela não se relaciona bem com as pessoas novas na vida dela, eu nem sei como ela conversou com o Krist à noite. Ela é muito tímida, demora para se acostumar com alguém novo, então provavelmente ela vai te rejeitar, não force com ela. Só a deixe se acostumar com você e, por favor, não tente conquista-la se não for para ficar na vida dela!
– Certo - ele concordou - não se preocupe. Eu disse que vou cuidar de vocês.
Nós ficamos parados um tempo, apenas nos olhando. Por mais que ele falasse com confiança e eu pudesse ver sinceridade no seu olhar, eu ainda não acreditei. Ele era Max Nattapol, um Alfa Lúpus Puro! Ele poderia ter qualquer ômega ou beta que quisesse. Apinya disse que até alfas dão em cima dele! E por quê estava perdendo tempo comigo? Um ômega gordo e bobo? Era só por causa do Código de Conduta dos Alfas, eu sei, ele assumiu o papel do Pleng por tê-la matado, mas eu tinha certeza que se ele continuasse daquele jeito, eu poderia ter sentimentos por ele e isso não seria bom, nada bom! O quão louco é eu estar cogitando a ideia de me apaixonar por aquele que matou A mulher que deveria ser minha esposa? Estou ficando louco! Louco e preso nessas duas ônix que desde a noite anterior não saem dos meus pensamentos e agora me observam atentamente.
– Bom dia! Achei ter ouvido alguém – Saint disse sorridente, abrindo a porta de sua casa, me dando um susto e me fazendo recuar um passo, eu me sentia como uma criança pega fazendo algo errado – Oi Tul!
– Oi Saint – ele sorriu para mim e quando seu olhar se voltou para Max, tomou um susto maior ainda do que eu tinha levado – esse é o Max.
– Prazer – ele disse sorrindo, - apertando a mão dele.
– Ah... Oi... Entrem! – ele nos deu espaço para passar – as crianças estão terminando de arrumar as coisas no quarto, logo elas descem. Perth e eu estamos na cozinha, terminando de fazer os lanches.
– Precisam de ajuda? – perguntei.
– Hã? Sim, claro! – Saint ainda parecia em choque – Amor – ele falou mais alto, enquanto seguíamos o corredor, indo na direção da cozinha – o Tul está aqui!
– Tul! – Perth, o marido de Saint, veio sorridente, mas parou ao ver Max atrás de mim
– Eita nós!
– Olá – Max saudou, acho que ele estava se divertindo, ele se adiantou, indo cumprimenta-la – sou Max...
– Nattapol, eu sei – Perth falou, apertando a mão dele – sou policial.
– Ah – O sorriso dele não vacilou – espero não ter atrapalhado nenhum caso seu.
– Na verdade isso nunca aconteceu, eu trabalho na Divisão de Proteção aos Ômegas – ele disse dando de ombros – então provavelmente você tenha me ajudado algumas vezes.
– Que bom, sempre que precisar, basta chamar. – Ele tinha acabado de oferecer seus "serviços" para uma policial? Ele era muito atrevido! Mas Perth achou engraçado e começou a rir.
– Vou levar isso a sério – ele disse - venham, vamos para a cozinha terminar o café da manhã das pestinhas.
Em menos de cinco minutos, CINCO MINUTOS, enquanto Saint e eu fazíamos as panquecas e Perth e Max arrumavam a mesa, ele os conquistou. Já pareciam amigos íntimos e, quando percebi, Saint o estava convidando para o churrasco que fariam para comemorar o aniversário de Perth, que seria dali a duas semanas.
– Tenho quase certeza de que poderemos vir, não é Tul? - Max me perguntou.
– Acho que sim – respondi hesitante.
– O Tul – eu não perdi o tom malicioso de Saint e quis bater nele com a espátula – prometeu que viria.
– Então é certeza que eu venho – ele sorriu. Oh Deus Estou muito fodido!!! Ouvimos passos correndo e então, cinco garotinhas entraram na cozinha.
– As pestes chegaram – Perth falou e levou um tapa do esposo. Quem está com fome? Saint perguntou e as menininhas começaram a pular, gritando "Eu". Todas pulavam, exceto Lin, que parou no instante em que Max se aproximou de mim. Os olhinhos atentos dela observaram cada detalhe, ela não perdeu o momento em que Max encostou sua mão nas minhas costas, ele apenas estava passando para pegar algo atrás de mim, mas pude notar o medo dela. No mesmo instante ela correu para mim e me abaixei, para recebê-la em meus braços.
– Quero casa – ela sussurrou no meu ouvido.
– Você não está se divertindo? – perguntei.
– Alfa mau ela sussurrou, ainda mais baixo.
– Por que você acha isso?
– Mulher mau também era alfa, alfas são maus! – ela respondeu, olhando Max de canto e escondendo o rosto no meu peito.
– Nem todos os Alfas são maus, meu amor. Tio Perth é alfa e não é mau. Você gosta dele, não é?
– Gosto.
– Então por que você não conversa com o Max primeiro e depois você me diz se achou que ele é mau. Pode ser?
– Mas eu tenho medo! – ela insistiu. – Dele fazer mal pro papai e pra Lin! – ela estava a ponto de chorar – E se ele bater em você também, como a mulher mau? – Meu coração se apertou, minha vez de segurar as lágrimas. O quão mal Pleng tinha feito para a minha família?
– Posso? – Max se ajoelhou ao nosso lado, Lin se agarrou mas ainda a mim. – Oi Lin, meu nome é Max – minha filha escondeu o rosto, eu ia falar para ele que não adiantava, quando ele continuou – Sabia que minha casa parece um castelo ? – Lin, na mesma hora, virou o rosto para ele, espantada, mas não disse nada Minha casa é bem grande, tem vários quartos, tem um jardim bem grande com um balanço na árvore e tem piscina.
– Piscina e balanço? – ela perguntou sussurrando.
– Sim! – Max sorriu – Eu tenho uma cozinha grande também, mas eu sempre tenho que esconder meus doces, porque eu tenho um cunhado, que é como se fosse meu irmão, que sempre que come todos os meus chocolates! – ele fez cara de aborrecido e Lin deu uma risada tímida – acho que você conhece ele, ele chama Krist. Lin confirmou com a cabeça, mesmo que ela ainda não tinha me soltado, estava interagindo com ele, o que era uma novidade.
– Ele foi em casa, ele é amigo do papai e ele me disse que ia me ajudar na minha festa de aniversário - ela estava falando com ele !!!!
– Sério? E eu posso ajudar?
– Você entende de princesas? ela perguntou desconfiada.
– Eu não disse que a minha casa parece um castelo? Óbvio que eu entendo de princesas e príncipes - ele completou piscando para mim e me fazendo corar – que tal fazermos a sua festa na minha casa?
– Sério? Num castelo? – Lin arregalou os olhos, quando Max concordou rindo, ela começou a sorrir – Papai, podemos? Por favor? Por favor! – ela pulava e implorava.
– Não sei meu amor, precisamos ver isso – eu não podia dar falsas esperanças para a minha filha, e se aquilo não desse certo? Lin fez um biquinho triste, ela não iria fazer birra, mas eu sabia que ela estava chateada.
– Ou podemos alugar um grande salão e fazer uma festa gigante – Max disse.
– SIM! – Lin pulou nos braços dele, o que surpreendeu a nós dois. Max se recuperou do susto antes de mim, ele sorriu como um bobo e a abraçou forte. Eu estava estático, Lin nunca, NUNCA, fazia isso! Ela tinha problemas de socializar, tinha poucas amigas, não interagia com ninguém que não confiasse e para confiar demorava muito. Então, em menos de dez minutos de conversa, ela simplesmente o abraça!
– Ouviu papai? Eu vou ganhar uma festa de aniversário de princesa! – ela exclamou animada e eu sorri.
– Sim, meu amor, eu ouvi.
– Vou contar para as minhas amigas! – então ela saiu correndo, indo para a mesa, junto das outras meninas, tão rápido que eu não pude impedi-la.
– Está tudo bem Tul, vai ficar tudo bem
– Max – disse se aproximando ainda mais. – Por favor, você pode fazer o que quiser comigo, mas nunca a magoe. Lin não merece isso, ela já sofreu demais com Pleng e todo o resto – eu implorei.
– Eu sei de tudo e, se depender de mim, Lin nunca sairá ferida. Vou cuidar de vocês dois, ela terá a festa de aniversário dos sonhos e mais o que quiser. Mas, principalmente, eu estarei do lado a cada momento importante, eu vou apoia-la e ama-la com se ela fosse minha filhote, porque é isso que ela é. É isso o que vocês dois são, a minha família.
Por mais que as coisas não estivessem claras e eu estivesse um pouco perdido, eu entendi que ele cumpriria a sua promessa, ele iria cuidar de nós. Mas não só pelo Código de Conduta dos Alfas, mas porque entendi que ele também precisava de nós. Então ali, no canto da cozinha de Saint, que nos observava de longe, Max deixou claro o que seríamos: uma família! Completa, imperfeita, diferente, mas uma família.
– Além disso qualquer coisa que eu faça com você, será porque você me permitiu ou me pediu. – ele sussurrou no meu ouvido.
– Max Nattapol, então? – Perth se sentou do meu lado. Estávamos do lado de fora da casa, as outras meninas já tinham ido embora, restando apenas Lin, que no momento arrastava Max, com a ajuda de lee, até a casinha dos coelhos, porque ela Precisava apresentar o Sr. Orelhudo para ele.
– Longa história – suspirei.
– Você sabe onde está se metendo Tul? Tem ideia de quem ele é?
– Sinceramente, eu não sei nada. Minha vida é uma bagunça e virou uma confusão maior ainda – respondi sinceramente – Pode parecer errado tudo isso, mas, pela primeira vez em muito tempo, eu tenho esperanças que algo bom aconteça.
– Você sabe que basta uma palavra e eu posso te ajudar a sair dessa, não sabe? Eu sou da divisão de proteção aos Ômegas, é o meu trabalho! Você não me deixou te proteger de Pleng, me deixe te ajudar agora.
– Você sabia sobre Pleng? perguntei com vergonha.
– Acho que todos sabíamos – ela respondeu – várias vezes encontramos ele com outros ômegas e betas, fora que você e Lin sempre exibiram indícios de abuso – engoli o choro, era muito humilhante aquilo – mas ele sendo filho de alguém influente e você sem dizer uma única palavra, eu não poderia fazer nada. Me perdoe se fui omissa, eu devia ter insistido mais.
– Agora já passou e eu pretendo nunca mais voltar a falar disso, ok?
– Certo – ela bebeu um gole do seu café – e o que aconteceu com Pleng, afinal? Max botou ela para fora?
– Então, sobre isso...– Perth é uma policial, como eu ia contar isso, sem prejudicar o Max? – Você conhece o Código de Conduta dos Alfas?
– Sim, mas o que... Ele a matou? – ele perguntou assustado.
– Quem matou quem? – Saint perguntou chegando até nos.
– Shiuuuuuuuu – Perth e eu falamos ao mesmo tempo – Max matou Pleng – Perth sussurrou para o esposo, o puxando para seu colo. Besteira se sentir com inveja deles serem tão carinhosos um com a outro, mesmo sem perceberem? Eu nunca tive isso.
– Matou? – Saint perguntou em voz baixa – Nossa! – ele estava espantado – Se tivesse me avisado antes, eu tinha comprado um presente para ele! Eu tenho chocolates, será que ele gosta?
– Saint! – Perth a reprovou.
– Amor, qual é? Sem hipocrisia, Pleng era uma escrota que tenho certeza que mereceu a vala! E o seu trabalho não é proteger ômegas? Max matou a Alfa abusadora, libertando o Tul, perfeito!
O grito da Lin me impediu de observar a discussão, me levantei correndo, procurando pela minha filha com desespero. Antes que eu a encontrasse com os olhos, suas gargalhadas chegaram até mim. Max estava de pé e jogava Lin para cima, que gargalhava de um jeito que ela nunca fez. Eu nunca a tinha visto gargalhar, rir sim, mas gargalhar nunca. O Alfa a colocou no chão, porque era a vez de Lee que pulava ansiosa, esperando pela sua vez. Lin pedia para ir de novo, rindo e abraçada a perna de Max. Quando ele colocou Lee no chão, que correu para os pais para contar a novidade, Max pegou Lin no colo, um olhava para o outro, sorrindo felizes. Talvez, realmente fôssemos uma família...
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Look After You
FanfictionTul foi obrigado a se casar com Pleng, uma Alfa que só queria uma vida fácil e ter muito dinheiro para gastar, a única coisa boa desse casamento, foi a vinda de Phailin, sua pequena filha. Por mas que Tul implorasse para Pleng se afastar do crime...