Nem todo o fogo queima como me queimavas cada vez que me seguravas a mão, nem todo o gelo congela como me esfriavas o coração cada vez que me prendias com o olhar.
Sinto muito por te ter deixado e por ter feito com que todas as tuas promessas fossem algo que já não cumprias mais.
Fomos como pequenos ímãs nas mãos de quem não sabe amar, pois juntaram ambos os nossos lados negativos, mas eu sabia, sabia que se segurasse a tua mão te arrastaria comigo para o mar que nenhum de nós sabia nadar, por isso deixamo-nos flutuar por marés perdidas. Eu sabia que cada vez que te ligasse era uma tentativa de fechar todas as quebras que tinha, mas abria as tuas, por que sim, sempre fomos porcelana embriagados por licores amargos, que, de tanta bebedeira, já só respirávamos álcool.
Sinto que tirei de ti tantos pensos com cuidado, para depois te ter quebrado.
Custa-me engolir cada memória tua, pois cada vez que o faço, lembro-me do tempo que perdi com as incertezas e faço questão de imaginar tudo o que tens engessado ao peito, talvez o braço direito que disse ser e não cumpri.
Não posso continuar a partir-te as pernas na esperança que hajam moletas que te tragam de volta a mim. Por isso entrego-te agora as minhas asas, para que um dia te encontrem diferente mas leve, restaurado e seguro. Entrego-te agora a pouca sanidade mental que me resta depois de partires.
Leva tudo de mim menos o que me resta de ti.
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Perdi em perder-te.
RomanceDois corações embriagados, uma curta história, e uma grande libertação.