A Ilha

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Chegamos numa cidade, iríamos tirar umas pequenas férias das aula, da universidade, dos familiares que estavam nos sufocando, ao princípio não quis ir, mas a Bianca não me deixou outra alternativa, ou ia ou prometeu me torturar eternamente com barulhos, bebedeiras e festas no quarto que partilhávamos, isso me prejudicaria. Como ia estudar para os grémios e olimpíadas com barulhos? Como iria manter meu título de melhor aluna ao qual me esforcei por três anos, e esse seria o último ano, finalmente iria me isolar no trabalho e passar ínfimas horas sozinha sem ter quem me distraísse ou arruinasse meus trabalhos árduos.

Bia não era a minha amiga, de longe, eu não tinha amigos, nunca gostei de relações íntimas ou físicas, por isso tinha minha própria biblioteca, uma banca cheio de livros, só para evitar sair... mas a Bia não, ela era muito sociável, falava com todos e de tudo, excepto o que se dava nas aulas, não prestava atenção e ainda fui obrigada por três anos fazer sempre os trabalhos duplamente, mas o pior era explicar toda a matéria para ela repetidamente até aparecer algo "interessante" como uma festa onde ela devia estar. Eu iria discursar e receber a honra de um diploma e o mérito de uma excelente aluna de arquitectura e ela receberia uma coroa e o título de rainha do baile e um diploma ao meu custo, apenas fico triste pela instituição que contratá-la com grandes expectativas e depois perceber de que ela é uma fraude e nem saber o que é um corte ao certo. Mas eu não me importo com o futuro dela, ao menos que não esteja interligado ao meu.

Estávamos na cidade as duas esperando por um amigo virtual dela de outra escola, e escuso dizer que este tem o título de "o idiota mais popular" da universidade onde frequenta, e joga basquetebol e faz sucesso com as garotas, nada do que me interessava.

"Como queria estar agora lendo um livro de William Shakespeare do que estar em baixo desse sol num litoral que nem sei a localização no caso de querer fugir dela... mas talvez isso me faça bem, vou aproveitar e estudar culturas e outras coisas, acrescento mais a minha tese falando sobre a natureza e arquitectura pelo lado de prezar o ambiente, e então..." e viro para trás interrompendo minha linha de pensamento quando vejo o que presumi ser o suposto amigo da Bia, o ego com qual ele falava, acenava e engata as garotas na rua não deixava surgir dúvidas.

-Uma beleza deslumbrante dessa, só deve ser da ilustre Bianca Duvoir, estarei errado? – Disse ele com um ato altruísta e cheio de confiança.

-Falas baratas não funcionam comigo, Matheus, então... arranjou outra pessoa para cobrir a estimativa do passeio?

-Claro, eu nunca desaponto os meus amigos... este ai de preto encostado na árvore, é o "Caveirinha".

-Caveirinha!? Mas que raio de nome é esse? – Desatou as gargalhadas, enquanto eu apenas deslumbrava as pessoas passando e esbarrando umas nas outras como se não fosse nada, isso me incomodava mas a minha atenção voltou para o amigo do Matheus, tinha um ar de pouca conversa e apenas ficou de pé vendo o mar, estava de preto, não como um gótico, apenas neutro, notei uma tatuagem de caveira no braço dele, talvez tenha vindo disso a sua alcunha.

-É um esquisito, nunca disse o nome dele e não fala com ninguém, estamos partilhando o quarto desde sempre e ele nunca disse uma palavra sequer, me surpreenda que tenha vindo connosco, mas quanto mais melhor, e quem é essa sua amiga? Parece até a Billie Eilish com essa postura e até no jeito de ficar em pé, vou chama-la assim agora.

-Vamos embora antes de perdemos o barco.

-Barco? Onde vamos? – Respondi apreensiva sem saber de absolutamente nada

-Fique calma Ravenzinha, já vais descobrir onde te irei levar.

Pegamos nas bolsas e descemos para os barcos, o misterioso, como agora o apelidava sempre nos seguia ficando para trás, como se estivesse nos evitando, pensando bem se eu pudesse, também evitava aqueles dois, sempre aos abraços e risinhos, aquilo me dava angústia.

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⏰ Última atualização: Sep 04, 2020 ⏰

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