Antes que iniciem a leitura quero deixar claro que nem tudo que os personagens dizem ou pensam é minha opinião...
Não sei quanto tempo fiquei sem me mover. Não podia ver minha expressão, mas podia sentir o peso dela em meu rosto. Não pude evitar o susto ao me depara com ele. Foi tamenho, que não consegui falar tudo que esteva entalado em minha garganta a anos.
- Como você cresceu! Está mais linda que nunca. - Exclama estendendo a mão para tocar em meu rosto.
Tomo uma atitude pela primeira vez naquele reencontro e me afasto, mostrando o tamanho de minha indignação.
- Você... Onde esteve durante todo esse tempo? foram quase onze nos, e você aparece agora, sem mais nem menos?
- Querida... Você não sabe como senti saudades...
- Eu também, papai. Senti muitas saudades, mas isso não vai mudar o fato de que o senhor me abandonou. Você pelo menos pensou em meus sentimentos antes de enviar aquela carta? Sabe quantas vezes eu me senti culpada por seu abandono? foram muitas!
- Eu posso te explicar tudo, filha! - Diz dando alguns passos para trás. Ele foi se afastando vagarosamente, até estar em uma distância considerável de mim. - Me desculpe por tudo!
Ando em sua direção querendo escutar suas desculpas, mas ele estava cada vez mais longe. Aperto meus passos, até estar praticamente correndo, porém nada adianta. Ele desapareceu.
- Pai, volte aqui! Eu prometo que vou escutar sua explicação. - Digo, porém não adianta. Foi então que eu percebi que estava sozinha no escuro, abandonada por uma das pessoas que mais amei no mundo.
Sento no chão e abraço meus joelhos. Começo a chorar baixinho, mas o choro aumenta de velocidade e eu não consigo me controlar. Meu corpo todo começa a doer e minha cabeça a latejar.
- Por que você me abandonou? - Me balanço para frente e para trás enquanto repito essa frase incançadamente, mesmo minha voz estando trêmula e minhas lágrimas inundando todo meu rosto meu rosto.
Não abri os olhos.A única coisa que me importei foi com a dor que se alastrava por toda minha cabeça, era uma dor que eu praticamente naõ podia suportar. Me mecho na cama e me arrependo, meu corpo também está dolorido e eu não sei o motivo de tanta dor. Minha mente está em branco e não me forço muito a lembrar. Qualquer esforço resultava no aumento daquela tortura.
Repouso novamente na cama no intuito de tentar voltar a dormir. Talvez isso resolvesse a situação, mas antes que eu pensasse ao menos em pegar no sono, um barulho faz a parte esquerdas da minha cabeça lateja. Murmuro algo incompreensível até para mim antes de levantar minha cabeça ainda sem abrir os olhos.
- Bom dia, anjo! - ouço essa frase ser proferida ao meu lado e tomo um imenso susto.
Me obrigo a abrir os olhos para conferir do que se tratava, mas preciso piscar duas vezes, e antes que consiga enxergar algo, sou pega de surpresa por um beijo. Fico sem reação e demoro alguns segundos para afastar meus lábios dos da pessoa que na verdade não sei quem é. Quando estava prestes a repousar meus olhos no seu, barulho de Palmas soa pelo local, me fazendo olhar para a direção de onde o som estava vindo.
- Eu não acredito no que estou vendo! - Reconheço imediatamente a voz de
Clára e quando minha visão fica nítida o suficiente, me surpreendo ao perceber que ela não estava sozinha. - Como você pôde fazer isso comigo? - Me pergunta. Olho para o lado finalmente vendo quem estava ali cimigo. Apolo observa tudo como se fosse a cena mais normal do mundo.- Eu... eu não seio que aconteceu. - minha voz arranha. Eu não sabia mesmo o motivo de ter acordado em uma cama com Apolo. - Issoa deve ser apenas um mal entendido...
- Mal entendido? você acorda sem roupa na cama do meu namorado e quer que eu acredite que tudo não se passa de um mal entendido!
Olho para baixo envergonhada e me cubro. Não sei o que está acontecendo, só sei que nunca seria capaz de cometer uma loucura como essa por vontade própria, só precisava me lembra do que aconteceu.
- Você precisa acreditar! eu não fiz nada.
- Como você pode ser tão sonsa? eu cheguei aqui e vocês estavam se beijando. Não se faça de inocente!
Abro minha boca tentando encontrar alguma explicação, mas antes que minha voz saísse, Apolo resolve falar.
- Cléo... Não adianta mentir. Isso não vai mudar o fato de que tivemos uma noite maravilhosa. - Sua frase me pega de surpresa.
- Quer saber? os dois morreram para mim. Não aguento mais olhar nas suas caras! - da meia volta saindo do local. Sérgio ainda se manteve calado, apenas me direcionava um olhar decepcionado antes de sair seguindo Clára. Ainda não havia me caído a ficha do que estava acontecendo, me encontro aérea, sem saber realmente o que pensar. Até que em um momento caio em um choro, percebendo o enorme estrago.
- Chorar não mudará o que ocorreu... - Sussurra em meu ouvido acariciando minhas costas. Trato de me afastar. Sua voz trouxe um pensamento em minha mente, que logo depois pude constatar que seria uma pequena lembrança.
Não consegui ficar totalmente consciente. Prefiria dormir para sempre a presenciar o que está acontecendo comigo. O pior de tudo é que não posso me defender. Não tenho o controle de meu próprio corpo. Apenas assistia de relance ele me tocar enquanto sentia nojo de mim mesma.
Meu estômago embrulha e não consigo me controlar, acabo colocando tudo que estava em meu estômago para fora dele.
- Por que você fez isso comigo? - levanto meu rosto e o encontro me encarando. O canto de sua boca se repuxava em um sorriso, e tudo que eu queria fazer era dar um forte soco para acabar com aquela felicidade, mas eu não conseguia ao menos encontrar forças para parar de chorar.
- A culpa foi toda sua. Você pediu...
- Eu não pedi nada. Você fez tudo contra minha vontade. - Minha voz sai trêmula e eu pondero se vale mesmo apena discutir aquilo.
- Ah! É claro que você pediu. Você pediu por suas atitudes. Como você acha que eu me sinto? sempre vi você andar toda comportada, e mesmo assim sempre senti uma admiração por você. Tentei te esquecer ao me envolver com sua irmã, mas isso não adiantou. Eu me sentia mais e mais atraído por você. Até que você resolveu ir para a festa com aquele vestido vermelho. Sabe... Fui eu quem presenteei sua irmã com ele. Como acha que fiquei ao vê-la usando? você me enlouqueceu! Eu tive que fazer isso ou então não iria mais aguentar. Se você não tivesse me provocado tanto... - Estende sua mão tentando acariciar meu rosto, mas eu impeço. - Mas você sempre fazia o possível para me provocar. A maneira como você se movimenta quando está dançando, o modo como você sorri e revira os olhos quando está com seus amigos... isso e muitas outras coisas me fizeram tomar essa decisão. Você podia ter evitado...
Não consigo continuar olhando para a cara dele. Me levanto com o cobertor enrolado no corpo e pego minha roupa no chão. Tento me vestir sem expor nenhuma parte de meu corpo sabendo que os olhos de Apolo me analisavam atentamente.
Assim que estou vestida saio o mais rápido possível daquela casa. Fico alheia a tudo em minha volta. apenas penso em ir para algum lugar que me faça esquecer tudo, que me faça sentir segura. Minha casa não seria uma boa opção. Mas sei o lugar onde poderei ser consolada, onde não serei julgada por tudo.
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Com Muita Dor, Cléo
SpiritualitéPara Cléo, a pior coisa que existe é ver as pessoas que mais ama duvidar de seu caráter, e isso acontece quando ela mais precisa, no momento em que ela se sentia fraca, sozinha, despedaçada, abandonada. Cléo nunca iria tirar aquelas imagens da cabe...