Esse capítulo é bem intenso. Se você é emotiva(o), irá chorar facilmente. Preparem seus corações (e lencinhos). Boa leitura.
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Depois de ter sido devidamente tratada, Angel voltou para as ruas, para poder vender as revistas. À noite, ela teria de voltar ao bordel, afinal, sua vida dependia daquilo.
Ang sentou-se em uma calçada qualquer e balançou as revistas, sem muito entusiasmo. Nas primeiras horas, ela vendeu umas cinco ou seis, bem rapidamente. Mas quando a tarde caia... A coisa começou a ficar complicada. Talvez, as pessoas iam almoçar, e estavam com tanta fome, que nem notavam Angel ali... Ou talvez de manhã o fluxo fosse mais intenso porque as pessoas estavam indo para o trabalho, e quem fosse de metrô precisaria de algo para fazer durante o percurso. Ela adorava fazer essas hipóteses. Ficava horas pensando para onde as pessoas iam, de onde chegavam, e o que fariam depois.
Teddy estava deitado na calçada, entediado, mas não tanto quanto Ang. Ela se sentia cada vez mais sozinha, parecia que ela estava sempre afundando, de algum jeito.
Ela havia visto Titanic uma vez, quando seu pai a levara no cinema, para ficar com uma namorada. Todos que morreram lá eram sortudos. Pelo menos morreram em grupo, e tinham pessoas que ligavam para eles. Pelo menos uma... E ela não; iria morrer sozinha. Iria ser apenas mais uma moradora de rua. Mais uma “sem teto”. Uma sombra de gente. Escória da sociedade, ela sentia-se completamente miserável. Não por ser pobre, mas por não ter amigos ou pessoas que realmente se importavam com ela. Im apenas cuidava dela por pena, foi por dó que elas se conheceram. Não iria fazer diferença alguma ela estar ali ou não.
Se ela se matasse, qual seria a pior consequência? Teddy ficar sem um dono? Não seria problema, teria algum abrigo de animais que com certeza iria resgatá-lo, afinal, ele é adorável – e muito mais sociável que Angel, por sinal-. Britanny iria ficar sem o dinheiro que “Traicy” havia prometido? Muito simples: Ela arrumaria outra vagabunda em um estalar de dedos. Então por que Angel continuava ali? Ela não tinha razões pra viver. Por que não acabar com o tormento de uma vez por todas? Por que não por fim em sua própria e insignificante desgraça que ela ousara chamar de vida?
Ela procurou algo que pudesse se cortar, no chão. Ela andou um pouco, até que achou. Sentou-se no chão, em uma calçada, e botou as revistas ao seu lado. Ela colocou Teddy em uma viela, porém, ele a seguia, e ia ficar ao seu lado até o fim. O fim.
Angel respirou fundo, e começou pelo pulso. Ela sentiu uma dor excruciante, e em seguida, um grande e profundo corte estava entalhado em seu pulso. O sangue, vermelho escuro, denso e quente era enviado para fora de suas veias com extrema rapidez. Ela fez o movimento novamente.
Ela sentia dor, muita dor. Agora, sentia as lágrimas quentes em sua bochecha, rolando livremente até chegar a sua boca. Ela segurou o grito. Não podia gritar. Mas que diferença faria? Se ela ia tirar sua própria vida, porque não gritar? Ela iria estar morta em alguns minutos.
Novamente, fez mais um corte por cima deste, ficando cada vez mais profundo. Então ela começou a gritar. A dor que sentia do lado de fora, não chegava nem perto de sua dor interna. Do seu vazio. As pessoas olhavam para ela e gritavam também, outras só desviavam o olhar, algumas nem olhavam, pareciam não ligar.
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The A Team Story (#Wattys2016)
JugendliteraturAngel era uma doce garotinha... Até a vida acontecer. Obrigada a se virar nas ruas, ela tem um simples plano: ganhar dinheiro, custe o que custar. A menina se torna uma perigosa e envolvente mulher, fascinada pelo mundo da luxúria e da perdição. A q...