dois pontos devem ser levantados sobre esta oneshot:
ela foi inspirada na música de mesmo nome de carly rae jepsen, e eu recomendo que escutem.
ela é dedicada para a minha sócia, que imaginou essas duas juntas e me fez refém delas. espero que goste gaytetive.
por fim, boa leitura. peço desculpas por prováveis erros.
___________________Elle sempre odiou se sentir vulnerável.
Quando qualquer traço do sentimento ameaçava aparecer, ela sentia um medo enorme tomar conta de si mesma, destruindo e se infiltrando em qualquer coisa no caminho, principalmente relacionamentos. Lembrava bem dos sintomas que a perseguiam no momento em que deixava a faixada bem construída desaparecer, e por isso, evitava constantemente se por em risco.
Este era o principal motivo para não entrar em relacionamentos que iriam além do casual. A razão pela qual não se deixava envolver e corria assustada quando estava ficando sério demais.
Costumavam-lhe dizer que amar estava ligado com medo de algum ângulo, e que seus sentimentos eram completamente normais. Mas parecia impossível ver daquela maneira quando todos também descreviam o amor como algo tão fácil quanto respirar, e que os traziam de volta para casa com poucos toques.
Passou a adolescência se afastando de envolvimentos e qualquer ligação emocional mais forte do que amizades, sempre assustada demais para se arriscar.
Até ser escalada para fazer um filme com Chloe Moretz.
No começo, elas se odiaram.
Não conseguiram ficar por mais de cinco minutos perto uma da outra sem começarem uma discussão sem sentido, berrando sobre arrogância e insubordinação. Qualquer um era capaz de ver os olhares raivosos que trocavam.
Com duas semanas trabalhando no mesmo set de filmagens, as coisas se acalmaram. Ela passou a conseguir ficar na mesma sala que Chloe sem bufar irritada a cada dois segundos, e sem distribuir ironia em cada frase.
Mais algumas semanas e passaram a conversar civilizadamente, o que foi evoluindo a crescente amizade. Foram habilmente capazes de identificar os próprios gostos semelhantes e manter diálogos sobre aquilo, até mesmo rindo vez ou outra.
Até que finalmente, após uma noite de bebedeira, se beijaram escondidas no banheiro que ficava no lobby do hotel em que estavam hospedadas, com suas mãos inquietas passeando pelo corpo uma da outra de maneira inconsciente, apenas ansiando por mais. E naquela noite, marcaram um tipo de intimidade que jamais pensariam ter, consumada por gemidos e suspiros involuntários.
Mas agora, os limites começavam a se borrar.
As costas de Chloe eram sutilmente iluminadas pelas luzes que se infiltravam através da brechas na cortina, fazendo um jogo de cores azuladas em sua pele de porcelana. Ela mantinha a respiração controlada num mesmo ritmo, e seus cabelos loiros se espalhavam de maneira desordenada pelo travesseiro onde estava deitada. Bem no fundo, Elle conseguia ouvir os sons que apenas as cidades grandes possuíam, numa cacofonia incompreensível.
Elle suspirou, sentindo a brisa que vinha pela pequena abertura na janela invadir o quarto e refrescar seu rosto. Amava a noite com todas as suas forças, principalmente madrugadas, por serem sempre o melhor cenário para seus pensamentos correrem livres.
Faziam dois meses desde que ela e a loira estavam engatadas num relacionamento secreto, e até o momento, casual. Se viam periodicamente, compartilhavam alguns toques, conversavam vez ou outra, e depois seguiam, cada uma indo parar numa ponta diferente do mundo graças ao trabalho de atriz. Era completamente cômodo, e um alívio certamente; saber que você não precisava se prender e ainda sim continuar a ter alguém te esperando em casa vez ou outra.