🛫CATORZE🍨

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LAURA

Eu acordo em uma cama macia, e o ar gelado do quarto cobre todo o ambiente. Basta alguns segundos para que eu tome coragem de me espreguiçar e finalmente abrir os olhos. Meu cabelo está esparramado pelo travesseiro, no meu corpo, uma camisa de Serge, apesar de ter ganhado mais que um vestido para aquele encontro.

A porta do quarto está fechada, e as cortinas estão fechadas. Fico em silêncio por alguns segundos, encarando um ponto específico do quarto, pensando se deveria me levantar ou esperar por Serge. Não sei exatamente que horas são, mas provavelmente é manhã. Isso é o suficiente para me fazer levantar da cama e seguir até as cortinas compridas e as afastar para que a iluminação volte para o quarto.

Abraço meu próprio corpo, observando a movimentação da cidade. Londres é uma cidade bonita, com algumas pessoas interessantes. Tia Edelin gosta bastante daqui, mas é claro que sua paixão por viagem deixa sua lista de favoritos um pouco confusa. Sinto falta dela, se passou algum tempo desde a última vez que recebi um cartão postal seu, e não tive muito tempo para olhar minhas cartas, já que fico por pouco tempo em casa. Passo a caminhar para dentro do banheiro, pegando a escova de dentes nova que me foi oferecida e por fim escovar os dentes. O banheiro agora contém duas toalhas, duas escovas de cabelo e agora duas escovas de dentes.

Qualquer um pensaria que aos poucos haveria alguém se mudando para cá. Não passo muito tempo ali, dou uma última olhada nos espelho após colocar a escova de dentes no lugar e lavar meu rosto.

Giro meus calcanhares, seguindo em passos miúdos para fora do quarto, seguindo até as escadas. Há um cheiro gostoso no ar acompanhado de uma doce melodia de Frank Sinatra. Paro assim que chego ao final das escadas, meus olhos se fixam na figura de Serge em frente a pia lavando um pequeno pote de vidro, vestindo apenas um short preto confortável. Ele cantarola, balançando o corpo conforme o som da música, parecendo realmente entretido.

Eu observei aquela cena por mais alguns segundos, imaginando se esse era o tipo de vida que a futura mulher de Serge acabaria por ter. Ela provavelmente se levantaria pela manhã e o encontraria fazendo o café da manhã, Serge provavelmente a olharia assim que pisasse na cozinha e abriria um daqueles sorrisos que são um escândalo, talvez depois a beijaria com as mãos na cintura dela e quem sabe sussurraria o primeiro elogio da manhã. Ela teria a vida perfeita com o cara perfeito. Seria uma maldita sortuda, e agradeceria todos os dias por não ter que lidar com caras babacas que nem pagariam a merda de um jantar.

E eu ficaria presa a minha ignorância, confinada a assistir seus braços envolverem outra pessoa, seus sussurros sendo direcionados para outra pessoa. Eu seria apagada completamente da sua mente, e passaríamos a ser só mais um caso de Londres que ficou obscuro. Meus dedos se apertam na barra da camisa, subo um degrau, querendo fugir para o quarto, mas Serge direciona seus olhos para mim e abre um sorriso imenso, apagando qualquer mancha escura do meu coração.

Isso é o que Serge é capaz de fazer.

- Bom dia, pequena piloto.

- Bom dia, russo maldito.

Sua risada é música para os meus ouvidos. Eu poderia dançar em meio a esse som tão alegre e bonito. Ele apressou seus passos até mim, puxando-me pela cintura, fazendo-me praticamente agarrar seu corpo antes de receber seu beijo pela manhã.

É casual. Quase como se fizéssemos isso a vida toda e fosse só mais um dia perto do para sempre.

- Você está linda.

- Não minta, eu acabei de acordar.

- Eu não ousaria mentir, minha doce piloto - garantiu, disparando outro beijo dessa vez em minha testa. - Vamos comer. Infelizmente ficarei por pouco tempo, tenho que ir ao escritório para uma reunião importante, mas irei almoçar com a minha avó, se quiser me acompanhar.

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