Capítulo Único - Nunca é o bastante.

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Narrador

Zoro sempre observava Sanji flertar com as mulheres do navio. Que idiota. E também sempre se sentia irritado com tal comportamento do loiro. Zoro sabia o que era aquilo. Odiava admitir. Odiava porque doía muito. Amar uma pessoa e não ser correspondido. E pior do que isso era assistir todos os dias a pessoa amada dar em cima de outras e se rastejar por elas bem na sua frente. As brigas que no começo eram apenas provocações bobas e divertidas entre os dois para Zoro, agora não tinham mais a graça que antes havia, pois quando brigavam, ele deixava sua raiva e frustração falarem mais alto, fazendo a "brincadeira" entre os dois ficar séria.

Antes apenas estar por perto era o suficiente para si, pois sabia que não haveria chance alguma com o cozinheiro tarado. Achou que superaria com o tempo. Como estava enganado. O sentimento ficou ainda maior, mais intenso. Mas se recusava a aceitar. Antes as provocações e até as lutas que travavam, mas sabiam que não daria em nada no final eram, para Zoro, algo particular deles. Somente entre eles dois. Era suficiente ter o outro como amigo, como rival. Hoje já não é o bastante. Queria mais. Muito mais que só provocar para ter contato com o loiro. Muito mais que fingir cochilar em algum lugar do navio que sabia que o outro estaria só para observá-lo em silêncio e ver o lindo sorriso feliz que ele dava para os demais integrantes, mas que nunca era direcionado a si.

Sem mencionar que depois de alguns meses de convivência, o desejo pelo outro tomou conta de si. Foram meses de relutância até que um dia, numa noite em que vigiava o navio e todos já estavam em sono profundo, a vontade de se aliviar era tão grande que resolveu acabar logo com aquilo. Imaginando como o loiro seria nesse momento tão íntimo, o que ele faria, o que falaria, quais seriam suas expressões, podia imaginar até em como gemeria seu nome, assim aliviou-se. Jurou que seria a única vez. Ledo engano.

Tentou resistir por mais um tempo, porém a cena voltou a se repetir várias outras vezes. Fantasiava em como poderiam trepar nos mais variados locais do navio, em especial a cozinha tão amada de Sanji, e nas mais variadas posições.

Achou que depois de dois anos separados, finalmente poderia deixar aquele sentimento tolo de lado e seguir em frente. Eventualmente lembrava-se do loiro, afastando rapidamente os pensamentos. Quando se reencontraram em Sabaody, o coração de Zoro falhou uma batida antes de acelerar. Aquele cozinheiro mulherengo idiota estava ainda mais lindo e desejável que antes. E claro, não podia demonstrar nada. Nem mesmo o quanto doeu ver o quão animado estava com Nami e Robin, as bajulando ainda mais do que antes de se separarem.

Certa noite, como de rotina, fazia a vigia e treinava no ninho do corvo. Já era início de madrugada. Todos estavam dormindo. O espadachim contou três mil agachamentos segurando um haltere e resolveu fazer uma pausa nos exercícios para se hidratar, então foi até a cozinha beber um copo d'água.

Ao chegar lá, surpreendeu-se com a presença do loiro cortando sabe-se lá o que àquela hora da madrugada. Apenas ignorou o cozinheiro idiota e fez o que tinha ido fazer. Aproveitou também para pegar uma garrafa de sake para bebericar entre os intervalos dos treinos. Enquanto caminhava para fora da cozinha, foi interrompido pela voz do outro:

– Isso lá são horas de encher a cara, baka marimo?

Zoro estava sem paciência para entrar naquele jogo tolo de briguinhas bestas.

– Cuida da sua vida, ero-cook. – Disse frio e não ficou para ouvir o que o outro responderia.

Subiu ao ninho e se concentrou nas flexões que fazia apoiado em três dedos de cada mão.

"Quem aquele imbecil pensa que é? Idiota! Imbecil!" Os xingamentos mentais continuaram por um tempo. "Só se importa com rabo de saia. Por que isso agora? Por que provocar desse jeito como se se importasse comigo? Ele não sabe como isso dói." Sua mente não parava de questionar a simples provocação do outro.

Never EnoughOnde histórias criam vida. Descubra agora