2 one-shots juntas, especial semana angst soukoku brasileira;
01. Indulgência divinal perante minha desistência;
Era irônico como aqueles olhos azuis como o oceano gelado lhe aquecia dos pés a cabeça, lhe fazia sorrir como nunca e ter certo apreço p...
[Au em que o Chuuya é tritão e soulmates do Dazai, só isso que vou dizer, preparem os lenços 🥰❤️]
⚠️Gatilho pra suicídio, não leia se for sensível ao tema, preserve a sua saúde
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— A mesma rotina, mesmos horários, mesmas pessoas… — suspirou, rindo em escárnio, abrindo bem os braços como se abraçasse todo o pesar do mundo. — Rezemos uma "Ave Maria" e um "Pai nosso" ao falecimento do inusitado, do diferente e principalmente… da minha vida — mantinha sua risada como se a loucura o houvesse tomado, ria como nunca havia feito em toda sua vida. — Tudo é tão raso… Ninguém se importa com ninguém e todos tentam achar um sentido à inútil e estúpida existência.
Seus curtos cabelos castanhos se rebelavam contra o cortante vento frio da praia, sentia seus ossos tremerem levemente, mas não importava, não se arrependeria e muito menos daria meia volta; estava decidido e era o horário perfeito para que ninguém o atrapalhasse, como já havia ocorrido inúmeras vezes.
Porque todos são como um rebanho de merda, que venderiam o próprio couro em busca da pacata normalidade dita por aqueles que eles mesmos colocam no topo.
— Pessoas ainda trabalham e estudam, mesmo sabendo que o fim pode ser daqui 20 segundos ou 20 minutos… Isso é tão patético… — falou em forma de sussurro, como se lamentasse uma última vez antes dos seus pulmões se encherem da água salgada abaixo de si, na água que batia entre aquelas pedras desgastadas pelo tempo e a natureza, pedras cheias de musgos e entre suas frestas, cracas e outros animais sésseis que viviam naquele substrato.
Ah, era irônico que, um mar tão vívido e agitado, fosse o responsável por sua quietude eterna. Riu consigo mesmo em escárnio, sentindo os leves arranhões em seu corpo, esses que, a trilha na mata para chegar até aquele ponto lhe havia proporcionado, arderem.
Era tão bonito que Osamu se permitiu sentar ali para apreciar a vista uma última vez.
O impacto com o frio da água lhe fez soltar todo o ar dos pulmões como se aquilo fosse sua reclamação, seus olhos estavam fechados e ele já permitia que a água adentrasse seus pulmões.
“Me perdoe que eu tenha demorado tanto pra isso, Osamu…”
Sua própria consciência começava a nublar-se e seu rosto se contorceu no que provavelmente era o único sorriso sincero de toda a sua vida. E foda-se se era mórbido, a euforia que sentia em relação a isso lhe fazia pedir que pudesse comemorar no inferno.
Mas a consciência voltava ao seu corpo como um baque violento e tudo que o moreno se lembra é de virar a cabeça involuntariamente pro lado e cuspir toda a água dos seus pulmões, sentindo a vida voltar em lapsos ao seu corpo.
— O que foi isso? Se está mal não deveria andar na beira de precipícios! — ouviu uma voz grossa, rouca soar perto de si, quase como se lhe desse uma lição.
