Meu despertador toca as 6:30 da manhã, levanto meio zonza por ter acabado de acordar, vou direto para o meu banho e por fim me troco, coloco uma roupa qualquer para ir para a escola.
"Bom dia mãe, já estou indo" digo tentando não parecer que estou com pressa.
"Porque você está indo mais cedo filha?" Ela pergunta confusa, puta merda. 'Inventa algo logo' meu subconsciente fala.
"Mmm... E-Eu preciso c-comprar meu l-lanche. ISSO, eu tenho que comprar meu lanche!!"termino por fim "tchau mãe, beijos" dou um beijo na sua bochecha e pego meu casaco já indo em direção à porta.
No caminho da escola resolvo parar em uma farmácia, minhas lâminas tinham acabado.
Compro elas e coloco em um bolso escondido da minha mochila, saindo da farmácia e ir em direção da escola.
Quando por fim chego na escola, a mesma coisa de sempre...
"E aí nerdzinha, já preparou a seção de estudos para depois da aula? Você não sai não??" um menino diz. Ele faz isso comigo por anos. Não faço a menor questão de saber seu nome e passo reto por ele.
"Eu que não queria estar na pele dela, Deus me livre" uma menina comenta baixinho ao meu lado se referindo a mim. Pode ter certeza, se tudo der certo, nem eu vou estar mais em minha pele.
Caminho em silêncio de cabeça baixa, entro na minha sala e procuro minha carteira, que por sinal fica no fundo. Sim. Eu sou uma nerd que senta na fundo da sala. O motivo disso? Quanto mais na frente você se senta, mais atenção você chama. E pode ter certeza que não é isso que eu quero.
"Bom dia alunos" minha professora de literatura diz esperando que em coro respondesse "bom dia professora". Oque literalmente não acontece. "Bom..." ela continua normalmente "hoje temos um novo aluno na sala" e diz virando para ele "você por favor pode se apresentar a sala?" Ele assente.
"Meu nome é Pedro, tenho 18 anos, estudava em outra cidade e vim para cá por motivos pessoais" ele diz já indo em direção a sua carteira e a professora não impede.
Vejo ele indo em direção a uma carteira perto dos meninos populares. Legal. Mais um para fazer bullying comigo, que grande dia. Dou uma última olhada nele e me viro para continuar a ler meu livro.
"Licensa Alice" a professora diz se referindo a mim "você pode por favor guardar seu livro?" Ela pergunta e toda a sala vira a cabeça para mim.
"Desculpa" eu a interrompo e em seguida continuo "nós não estamos na aula de Literatura?" Falo dando ênfase na última palavra.
"Sim, sim estamos, então você pode compartilhar o livro que está lendo agora Alice?" Ela pergunta e a sala vira novamente o rosto para mim.
"Harry Potter e as relíquias da morte , um Classico" digo.
"Muito bom, estou no 3° livro da saga, como é a aula de literatura você poderia explicar em que parte do livro você está?"
"Mmm, claro" digo convencida. Eu com certeza sou a melhor pessoa para explicar de Harry Potter " se você quiser eu posso fazer um leve resumo do que aconteceu nos outros livros, ou não dará para entender em que parte que eu estou " digo para ela e ela assente. Um sorriso diabólico aprece no meu rosto.
"Okay, vamos lá, no fim do 3° livro o Harry descobre que o Sirius Black é seu padrinho. No fim do 4° o Cedric morre e o Voldemort ressurge. No fim do 5° o Sírius morre. No fim do 6° o Dumbledore morre. E no fim do 7° o Harry se sacrifica deixando o Voldemort matar ele." Concluo por fim, a sala fica em tremendo silêncio, apenas formando um quase perfeito O com a boca. Sim, práticamente a sala inteira estava lendo Harry Potter "por fim, você não precisa mais terminar os livros agora que já sabe oque acontece" falo como se não me importasse, no entanto, falar sobre a morte do sirius ainda dói...
"Okay..." a professora responde cuidadosamente com a voz trêmula "okay okay okay, foram muitas informações para ingerir de uma vez só, eu vou só fingir que você não disse isso é prosseguir com a aula" ela fala baixo, mais para si mesma do que para o resto da sala.
A aula prossegue, portanto não mais com a mesma agitação que antes. As aulas passam rápido até. E finalmente chega o intervalo. O sinal toca e a sala toda vai em direção ao pátio como se não houvesse amanhã, eu portanto prefiro não comer. Não, eu não quero explicar o porque, fica para outro dia.
Pego meu livro e vou em direção a biblioteca da escola, tentando evitar escutar os comentários maldosos que fazem de mim.Biblioteca
O lugar mágico que eu tenho passado todo meu intervalo, o lugar que eu posso entrar dentro das histórias que eu leio e esquecer a minha. Sem preocupações. Sem comentários maldosos. Sem crises. Apenas relaxar e entrar na história.
Acho que já tenho lido a metade dos livros da biblioteca, talvez tenho lido quase todos. Muita das vezes eu vou apenas pra a biblioteca para escrever. Escrever e entrar dentro do meu próprio mundo.
Pego um papel e uma caneta e continuo a escrever um conto que comecei a meses atrás. Geralmente são histórias de amor. Apesar de não acreditar.
Fico concentrada até de mais escrevendo no papel e quando percebo tem alguém me observando, e assim que eu levando a cabeça para ver quer é, ele vem até mim.
E se senta na cadeira em frente a minha. O encaro esperando ele falar alguma coisa. Ficamos em um silêncio constrangedor, até que finalmente ele diz algo.
"Prazer, Pedro, acho que você me viu na aula de literatura, sou o aluno novo" ele levanta a mão em direção a minha com a intenção de me cumprimentar. Não posso. Um movimento errado e ele veria meu braço.
Apenas assinto com a cabeça e ele tira a mão do ar desconfortávelmente. "Prazer Pedro, sou a Alice, acho que você me viu falando na aula" digo desinteressada.
"A professora ficou bem brava quando você contou oque acontecia nos livros, a minha sorte foi que eu já acabei eles, caso contrário teria levado spoiler" ele diz sorrindo "você já terminou?".
Assinto "uhum, estou lendo pela segunda vez, gosto muito da saga".
"Eu amo a saga também, qual a tua casa?" Ele pergunta, estou começando a me entusiasmar com esse papo.
"Corvinal e você Pedro?" Digo
"Ah, sou sonserina, mas juro que não sou mal, odeio esses esteriótipos que colocam nas casas" fico feliz por ele pensar o mesmo que eu.
"Pelo menos isso, espero que seus amiguinhos não te influenciem".
"Amiguinhos? Que amiguinhos? Aqueles moleques que eu sentei perto da aula?" Ele pergunta confuso.
"Uhum, eles fazem bullying com metade da escola, inclusive comigo" respondo voltando de volta pra o meu livro que estou escrevendo.
"Sinto muito, eu não sabia" ele diz com peso na voz.
"Não tem problema já estou acostumada."
De novo um silêncio constrangedor percorre nos dois, até eles tomar iniciativa de falar algo de novo.
"Oque você tanto escreve?" Ele pergunta olhando apontando para a pilha de filhas na minha frente.
"Ah, isso?" Aponto para a mesma pilha de folhas. Ele assente " eu costumo escrever quando não estou lendo."
"Agora entendi porque fazem bullying com você" ele diz rindo tentando descontrair. Não deu certo. Me movo desconfortavelmente e acho que ele percebe "me desculpe" ele diz tenso "não foi isso que eu quis dizer..."
"Foi sim" respondo rapidamente cortando oque ele iria dizer a seguir "já disse que não tem problema, já estou acostumada, mas agora se for para ficar fazendo comentáriozinho eu peço que por favor saia da mesa, na biblioteca é literalmente o único lugar que consigo escapar desses comentários idiotas."
"A-ah" ele responde meio confuso "desculpa de novo" ele diz se levantando e indo em direção a porta.
Ufa.
Me levanto para ir de volta para a aula. Até que passa rápido. Me levanto vou indo em direção a porta para que finalmente eu possa ir para casa. Se tudo der certo, eu vou estar livre desses comentários e dessa dor que eu sinto Para sempre.
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Capítulo não revisado
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Para Sempre
Teen Fiction⚠️CONTEÚDO SENSIVEL⚠️ "Tchau mãe, te amo" digo indo em sua direção e lhe dando um último abraço. Sinto muito mãe. Não queria te fazer passar por isso. Vai ser melhor assim. Eu prometo.