Após me chamar de filho, ele caiu no chão, desmaiado de tão bebado, eu não queria mais ver ele, nunca mais, mas pelo visto nem sempre a gente consegue aquilo que quer, o levantei do chão e o coloquei na cama do quarto de hóspedes, não por amor ou por pena dele, mas sim pelo meu senso de obrigação, querendo ou não ele era meu pai biológico, e infelizmente isso é algo irremediável! Aonde é que a minha mãe estava com a cabeça quando resolveu ficar com um traste desses? Lembro-me muito bem das vezes em que ele chegava em casa completamente bebado, fedendo a cigarro, com as roupas bagunçadas e com marcas que indicava que esteve com ômegas, nunca bateu em minha mãe, embora duas vezes ele já tenha tentado e eu não deixei, ah! É triste lembrar de como minha mãe trancava nós dois dentro do quarto todas ás noites em que ele chegava bebado, com medo de que ele nos fizesse mal, até hoje durmo com a porta do quarto trancada. Ela sempre sussurava com a voz doce e carinhosa um "Não se preocupe, tudo vai ficar bem, seu pai é uma boa pessoa, ele só precisa de um tempinho", acho que nem ela acreditava nisso, mas não queria que eu odiasse aquele homem que sou obrigado a chamar de pai, aquele senhor não servia nem mesmo para nos sustentar, quem trabalhava para manter á casa era minha mãe, ele nunca nos deu um centavo, não sei o que ela via nele! Ainda bem que eles se separaram, hoje ela esta bem melhor, sei que sente falta dele, mas pelo menos agora está conseguindo seguir a vida aproveitando ao máximo, embora me entristeço com o fato de que ela esteje trabalhando longe de mim, e me evite por ter alguns traços físicos parecidos com os dele, quando a questionei sobre isso, e ela não conseguiu escapar, tudo o que disse foi "Ainda é tudo tão recente... sua aparência me lembra dele, eu- eu só preciso de um tempo, logo tudo vai voltar ao normal, eu te amo filho", essa foi à última vez que conversei com ela, depois resolvi dar o tempo que ela pediu, e agora tudo o que recebo dela são os depósitos para que eu possa pagar minhas contas, confesso que tenho um pouco de inveja do Nathaniel por não viver sozinho, mas fazer o que, não é? Um dia eu também vou ter uma família presente, nem que seja só eu, ele e o meu cachorro, é... acho que nós seriamos uma família feliz juntos
Aproveitei o momento de sossego que me foi dado para dormir, amanhã quando acordar terei que lidar com aquele senhor. Acordei com o barulho de batidas na porta do meu quarto, de primeira fiquei confuso, achei de primeira que era Nathaniel, mas ele não poderia ter entrado pois ainda não tinha a chave de minha casa, foi aí que lembranças da noite anterior vieram a minha cabeça e assim que me dei conta de que quem estava batendo na porta era certamente o meu pai, senti toda a minha animação por estar começando um novo dia se esvair rapidamente, ainda que desgostoso, a abri para que ele pudesse passar, sua aparência continuava horrível, ele estava com grandes orelhas embaixo dos olhos e pelo que posso dizer por sua roupa agora mais alinhada e cabelo de certa forma arrumado, ele tentou estar mais apresentável, não que isso fizesse muita diferença, percebi que meu pai estava pensativo e preocupado, como se estivesse tentando escolher às palavras certas para falar comigo, mas eu não estou afim de enrolar, quero resolver isso logo, quanto antes melhor!
-E então? O que quer de mim?- Falei seco
-Eu quero uma segunda chance...- ele só pode estar de brincadeira com a minha cara! Meu pai levantou seu olhar até o meu e eu percebi que estava falando sério, mas se quiser me convencer vai ter que fazer muito mais do que isso- Sabe, eu mudei, queria uma nova chance com você, fui um péssimo pai, e queria reparar isso enquanto ainda dá tempo
-Sinto em lhe informar que já não tem mais tempo, tarde demais
-Claro que ainda dá tempo! Por favor, eu só estou pedindo uma chance para que você perceba que eu mudei!
-Mudou? Mudou! Se realmente está mudado então porque apareceu caindo de bebado e com esses hematomas por todo o corpo? Hein!?- falei quase gritando, a minha raiva estava cada vez maior, mas em meu íntimo eu não sabia o que fazer, não sabia se devia chorar até perder às forças, gritar com ele na esperança de que isso alivie minha dor, aceitar dar-lhe uma segunda chance, ou a negar de uma vez. Acho que no fundo eu sempre quis ter um pai como o das outras crianças..., mas não posso me enganar, ele nunca foi e nunca será esse pai para mim
-Eu queria conversar com você, e estive à uma semana me preparando para isso, mas não conseguia criar coragem, então bebi para conseguir tomar uma atitude, mas por causa do nervosismo acabei bebendo demais, aí quando eu estava a caminho da sua casa trombei com um bando de moleques arruaceiros que mais pareciam bandidos, acho que por estar bebado devo ter falado o que não devia, eles me bateram por um tempo, mas numa brecha eu consegui escapar, não queria voltar para trás, era agora ou nunca, então decidi ir até você do mesmo jeito, só que quando eu cheguei estava tão cansado que caí ali mesmo -Ele disse envergonhado, seria cômico se não fosse trágico, ele sempre foi assim; um ser desastrado e azarado, pode parecer até uma desculpa esfarrapada aos olhos de outras pessoas, mas eu que vivi até os meus doze anos perto desse babaca azarado, sei que isso realmente deve ter acontecido, uma das raríssimas e quase inexistentes qualidades que ele tem é não ter o costume de mentir, tanto é que da para perceber quando ele mente
-Entendo, eu vou te dar essa chance porque não tenho nada a perder, mas se está pensando que será fácil esta enganado, não confio em você e nem acho que um dia irei confiar- falei sentindo um gosto amargo na boca- Agora, tenho um remédio para ressaca na segunda gaveta do armário da cozinha, acho melhor você tomar- Ele pode ter sido um babaca comigo, mas eu não sou assim e nem quero me colocar no mesmo nível
-Oh! Certo, obrigado!- sorriu triste, porém aliviado e foi em busca do remédio.
Escuto a campainha tocar e vou até ela, à simples possibilidade de que seja o Nathaniel que esteja por trás da porta me deixa feliz, é incrível como às vezes pessoas que você conhece a pouco tempo, te fazem se sentir melhor do que aquelas que você conhece á anos.
Abro a porta e encontro Nathaniel, assim como imaginei que o encontraria nos melhores dos meus pensamentos, ele tinha um sorriso sutil no rosto, mas assim que olhou em minha face, vi reluzido em seus olhos o brilho do amor, é como se eu conseguisse enxergar através de cada atitude dele, cada mínimo detalhe que o torna tão importante para mim
-Oi bela adormecida, a que devo a honra da visita?- brinquei com ele- Entre!
-Oi meu bebê- falou brincalhão e eu senti minhas bochechas ficarem rubras, ele riu- Você está ficando da cor do seu cabelo - Ele veio até mim, passou seus braços fortes pela minha cintura e aproximou sua boca do meu ouvido- Meu bebê- disse com a voz bem rouca me fazendo arrepiar
Se antes a minha bochecha não estivesse muito vermelha, agora com certeza ela está, mais uma vez Nathaniel riu do meu constrangimento. Sinto ele dar beijinhos por toda à extensão do meu pescoço, o que me fez ficar arrepiado, essa área minha é bem sensível. Seus beijos e o fato dele ser um alfa faz com que surja uma dúvida em minha cabecinha fértil; Como seria se Nathaniel me marcasse? Me fizesse completamente seu de uma forma imutável? Me repreendi pelo pensamento, afinal eu sou um alfa também e já feri o meu orgulho o suficiente, ao ser tocado por outro alfa de uma maneira íntima e ter gostado, mesmo sabendo que seria eu que acabaria fudido, literalmente, mas no fundo confesso que gostei da idéia de ser dele, totalmente e exclusivamente dele
O loiro parou de destribuir beijos pelo meu pescoço e selou seus lábios nos meus com desejo. Suas mãos firmes, fortes e levemente ásperas vagavam por todo o meu corpo, enquanto eu aproveitava para descobrir e gravar cada parte sua em minha memória, quando passava minhas mãos por seu corpo
-O que está acontecendo aqui!?- falou meu pai quase aos gritos, e foi assim que eu me lembrei de sua presença em minha casa, e aí me lembrei que além de um idiota ele é preconceituoso, Oh!O que eu fiz para merecer isso? Não sei o que vai acontecer, mas já deve estar bem claro de qual lado eu estou caso precise escolher
Continua...
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Dois Alfas, um amor (Nathaniel x Castiel)
FanficCastiel, um alfa e Nathaniel, um alfa Lúpus, são encarregados de fazer um trabalho juntos sobre a relação alfaxalfa (gay), o que poderia dar errado? Alfa LúpusxAlfa Nathaniel×Castiel