Uma boa garota

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- Muito obrigada, Mari! - Um colega de turma agradeceu quando Mariana tirou algumas dúvidas que ele tinha sobre a matéria, matemática sempre foi o ponto forte da garota. 

Ela sorriu, satisfeita por ter feito um bom trabalho. Tinha o sonho de ser professora e seus amigos a incentivavam muito, já que era a salvação de todos nas provas.

- Que isso, qualquer coisa eu estou aqui. - Ajeitou o cabelo cacheado e voltou para o seu lugar. O horário do intervalo já estava quase no fim e a prova seria daqui a pouco minutos. Todos estavam afobados, a última prova do ano e estariam livres do ensino médio, para todo sempre. Se passassem, é claro.

- Você é muito boazinha. - A menina que senta na sua frente, Camila, proferiu quando viu Mariana deixar apenas a caneta o lápis e a borracha em cima da mesa. - É estudiosa, bonita e super gente boa. - Mari sorriu, envergonhada. - Deve ter um monte de contatinho. - Lançou esperando pela reação da colega.

- Não tenho não. - Disse negando com a cabeça, isso nem passava pela cabeça dela. Um ficante ou namorado é só um outro nome para perda de tempo. Mariana é adepta ao amor platônico, só ela sabe, só ela sente. Não tem saídas caras, nem um romance que vai acabar tão logo quanto começa.

- Você tá de brincadeira, né? - Camila disse incrédula. - Os caras devem se matar pra poder sair com você. - A realidade tende a ser decepcionante, é melhor se acostumar com isso o mais rápido possível para evitar algumas dores.

De longe, Mari viu a professora chegando com uma pilha de provas.

- Tá na hora, vira pra frente! - Encerrou o assunto que sempre a deixa desconfortável. Qual é a necessidade de todos quererem saber se ela namora ou não? Vai fazer diferença saber? Respirou fundo, se concentrando na prova e no cem que veria em caneta vermelha no final da aula.

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- Mariana! - A professora a chamou para ver a nota no final da aula. - Cem, como sempre. - Sorriu orgulhosa da aluna que teria um futuro brilhante pela frente.

Mariana apenas assentiu e sorriu minimamente, o valor da nota já era esperado, apenas fez a sua obrigação.

Havia passado em todas as matérias, sua menor nota no boletim foi nove. Seus pais ficariam felizes, ela já estava matriculada na universidade que sempre quis e concluiu uma etapa importante da vida. Agora, é só aproveitar o resto dos dias letivos com seus colegas e começar o ano que vem pronta para novas experiências.

Apesar de tudo isso, ela não conseguia sentir tanta animação como os outros da turma. O presente momento parecia tão comum e superficial, mesmo tendo consciência de que não era.

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Duas semanas se passaram, agora era definitivo, completaram o ensino médio.  Todos resolveram se reunir na casa de um dos garotos mais ricos da classe para se despedir um dos outros de uma maneira única. Comida e bebida não iam faltar.

Mesmo não gostando de participar desse tipo de comemoração com bebidas e jovens alegres demais, Mariana resolveu participar. Afinal, quando veria aqueles rostinhos que ajudou por anos a passar nas provas, novamente? Talvez nunca mais, pois alguns iriam para universidade distantes. 

Por esse motivo, ela se arrumou no sábado de tarde. Colocou sua melhor roupa, que destacava as curvas que ganhou na adolescência e que não gostava de mostrar para ninguém. Viu um tutorial de maquiagem simples para que aqueles que fossem se lembrassem dela dessa forma. E também, havia outro motivo, Felipe. Ele estaria lá e provavelmente será a sua última chance de poder ficar com ele antes de tomarem caminhos diferentes.

Segredo Pútrido - ONESHOTOnde histórias criam vida. Descubra agora