LAURA
Infelizmente, nossa primeira parada não é uma sorveteria. Eu me mantenho quieta ao lado de Diana, nossas mãos estão unidas enquanto esperamos pacientemente pela volta de Serge da sessão de perguntas da polícia. Acabou que, como prometido, o advogado de Serge veio nos ver, e adicionou o que aconteceu comigo na lista de coisas malucas que Helena já fez.
Diana apertou minha mão, seu toque era carregado de tensão, estava muito preocupada em como as coisas terminariam. Eu não a culpava por isso, e nem tentava acalmá-la com palavras chulas, porque nós duas estávamos no mesmo patamar. Secretamente eu torcia para que Helena não pudesse voltar para atormentar suas vidas, e nem permitir que eu caia em uma situação como a de hoje.
Céus, eu realmente achei que tinha perdido ele. Não havia outra coisa em minha mente.
- A primeira vez que ele compareceu à polícia, Helena tinha feito um corte feio na parte de trás do ombro dele - contou aprensiva. - O menino tinha ficado com tanta dó que decidiu não fazer nada, pensando que isso acabaria, mas acho que ela ganhou mais confiança depois disso.
- Por que não a pegaram antes, Diana?
- Os pais dela tem influência, querida - abriu um sorriso debochado, revirando os olhos em seguida. - Tem contatos apesar de estarem quase falindo. Serge é muito superior, mas tem ética demais, gosta de fazer as coisas do jeito certo. Tem dias que eu gostaria que ele tivesse empurrado ela do alto de um prédio, talvez assim as coisas não tivessem chegado até aqui. Pelo menos, uma coisa boa saiu de tudo isso.
- Tem razão, Diana. Serge estar vivo depois do susto que deu é uma coisa boa.
- Não estou falando disso. Eu agradeço que o carinha lá de cima não tenha puxado meu filho pelas calças, mas não é a única coisa boa que aconteceu.
- Então o que aconteceu?
- Você, querida - apontou com obviedade. - Eu nunca vi uma mulher correr tão desesperada para chegar a um hospital por um tiro de raspão. Serge ficou feliz por saber que se importa, na verdade, ele gosta muito da sua companhia.
- Eu não sabia que era de raspão - tento explicar. - Serge me ajudou muito nos últimos dias, se tornou um bom amigo, fiquei preocupada por isso corri depressa.
- Tão depressa que esqueceu de tirar a etiqueta do vestido? - Diana riu, afastando nossas mãos para puxar a etiqueta na lateral do vestido. Eu não consigo dizer uma palavra sequer, o mundo poderia me engolir agora e eu ficaria feliz por não me sentir tão envergonhada como agora - Não se preocupe, querida. Meu primeiro amor foi desse mesmo jeito.
- Seu primeiro amor foi o homem que você decidiu homenagear colocando o nome dele no seu neto?
Os olhos de Diana saltaram surpresos, mas ao mesmo tempo animados.
- Serge te contou sobre a origem do nome dele?
- Meio por cima. Ele comentou que foi uma afronta ao seu ex-marido.
- Ah, aquele verme bem que mereceu. Sabe, o meu Serge era um homem maravilhoso. Nós éramos jovens e ele sonhava com a vida de um militar e eu em ser a esposa dele. Éramos o que as pessoas chamavam de almas gêmeas, sabia? Como sinto saudade daquela época...
Diana sorria como uma adolescente apaixonada. Era óbvio que as memórias com seu primeiro amor eram intensas e muito prazerosas, mas havia ainda uma questão pendente que eu desconhecia. Se ela o amava tanto, e ele também a amava, então... por que?
- Por que não ficaram juntos?
Seu sorriso perdeu força, foi como jogar um balde de água fria e ser arrancado de um sonho bonito.
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Nas Alturas •CONCLUÍDA•
Romance+ 18 | Quais as chances de encontrar a pessoa certa no casamento dos seus melhores amigos? Laura O'brien sempre teve prazer de ficar nas alturas e observar aviões, por isso, contra tudo o que sua família gostaria, se tornou piloto. O amor ficou nas...