Estamos a Bria e eu sentados no banco do refeitório tomando um lanche. A comida da escola é bem gostosa, e muitas pessoas almoçam neste lugar antes de irem para casa, mas tem um espaço enorme com várias mesas, então não há problema.
— SHERWIN!! NÃO ACREDI--
— Bria, fala baixo! — eu sussurro. — A escola não precisa saber disso. Eu, no fundo do fundo, sou ainda só um garotinho tímido, desconhecido e culto, tá legal?
— Até parece! Depois de tudo o que você me contou, com certeza você irá se tornar o menininho popular daqui. Queria eu estar beijando um homem daqueles.
— Homem? A gente só tem quatorze anos!
— Quatorze? Ele tem cara de quinze.
— É quatorze, Bria. Quatorze igual a nós. Eu stalkeei ele bastante nas redes sociais.
— Ui! E o melhor de tudo, não iremos mais ter que nos preocupar com aquele povo chato das nossas salas pegando em nossos pés! — Bria fica feliz e aliviada.
— Isso é bom mesmo... eu acho.
Victor chega com sua bandeja e senta na nossa mesa, que tinha espaço para, no máximo, seis pessoas.
— Ai, não... — Bria cobre o rosto, provavelmente por vergonha do que fez com o garoto antes da aula de química começar. — Você tem certeza de que quer sentar aqui mesmo?
— Por que não? — Ele ri. — Eu sei que não foi por mal, então vamos só esquecer aquilo, tudo bem?
— Não tão bem assim, mas beleza — Bria diz, e o Victor senta ao meu lado.
— Vocês conseguiram fazer a mistura lá? — Ele se referia ao conteúdo da aula do laboratório.
— Eu consegui. O Sherwin não moveu um dedo pra me ajudar.
— Eu estava resolvendo alguns problemas, em minha defesa. — Ao terminar de falar, de maneira irônica, faço os dois rirem.
Em silêncio, comemos nossos lanches em paz. É possível escutar as cozinheiras da escola preparando mais comida e pessoas conversando ao nosso redor. Queria que o Jonathan saísse logo da aula, que ainda faltam alguns minutos para se acabar.
Do nada, me pego olhando para o lado, observando o Victor comendo o último pedaço de seu lanche, e começo a alucinar, vendo o Jonathan em seu lugar. A imagem do nosso beijo de minutos atrás retorna em minha mente e eu fico maluquinho, sorrindo.
O menino olha para mim, confuso.
— Sherwin, você tá bem, mano? Por que você tá- — Eu o interrompo, fechando os meus olhos e beijando-o.
Os seus lábios são macios, mas seus poucos pelinhos faciais provocam em mim algo como uma cócega que não me faz rir; a sensação é ótima. Não sei beijar, então era possível ouvir pequenos e baixos estalinhos. Ele coloca as duas mãos em meu rosto, inclinando a sua cabeça para nossos narizes não baterem. Passados alguns segundos, Victor tira as mãos do meu rosto, ainda com seus olhos fechados; ele perdeu seu ar.
— S-Sherwin? — Abrindo seus olhos, ele gagueja. Eu olho para ele, assustado, e nós dois estamos respirando ofegantemente.
O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer? O que acabou de acontecer?
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Repentinamente (In a Heartbeat)
أدب الهواةMais um dia se inicia e Sherwin, um garoto ruivo de quatorze anos, precisa chegar a tempo na escola para fazer o que sempre faz antes das aulas começarem. "In a Heartbeat", por Beth David e Esteban Bravo.