Sinceramente não sei o que pensar ou o que dizer. Não consigo nem digerir o que Ethan me disse, minha cabeça está muito confusa.
Espera. Preciso organizar os fatos.
1) Meu pai descobriu que estou morando com a Mellorine.
2) Vou ter que levar ela para o natal que é o que, daqui a seis dias?!
3) Se eu não levá-la, meu pai vai me forçar a voltar a morar com ele?!
Como assim?!
– Ethan. – o chamei e olhei pra ele por entre os dedos que estavam entrelaçados na frente do meu rosto.
– Diz... – a sua voz estava baixa... Ele tem coragem de estar triste?! Esse filho da...
– Senta e explica. – pedi pausadamente enquanto apontava para a cadeira ao meu lado com o queixo. Depois que Mellorine saiu da sala, ele sentou-se.
Até o ato dele respirar fundo havia me causado uma irritação.
– Tipo, eu tava conversando no grupo da família sobre os preparativos pro natal, aí o seu pai me ligou pra perguntar como que você tava já que você nunca liga pra ele... Ai eu acabei deixando escapar um ''ah, eles dois estão bem'' – apertei os dentes. – Ai o seu pai me perguntou ''vocês dois quem?!'' e eu acabei ficando muito nervoso, você sabe como é difícil dialogar com ele! Meu tio é terrível, ele arranca de você a informação só pelo diálogo, teve uma vez que ele perguntou se eu...
– Ethan... só continua. – o interrompi já sentindo toda aquela raiva se transformar em desespero e desolação.
Eu com certeza não vou passar dos trinta anos... Concluí em pensamentos.
– No nervosismo eu acabei falando que era a tua vizinha que tava morando com você. – respirei o mais fundo que consegui. – De início ele não entendeu muito bem, achou que ela era uma pessoa tentando se aproveitar de você, uma pessoa não muito boa, encostada... – não sabia que meu pai era vidente. – Ai eu disse que ela era sua namorada... – arregalei os olhos.
– Você o que?! – quase gritei, havia me esquecido dessa parte do pesadelo...
Pra que succubus se eu tenho um primo empenhado em me ferrar?
– Calma! Mas eu disse isso pro tio não achar que ela é uma pessoa desconhecida! – deixei todo o meu fôlego escapar pela boca.
– E a Mellorine é o que minha, Ethan?! Me diz! – meu tom de voz saiu embargado de um misto de raiva e desespero. Cruzei os braços vendo ele se encolher na cadeira.
– É verdade, também quero saber! O que eu sou dele? – como se tivesse sido invocada, a própria surgiu do nosso lado do nada me assustando. – Já perguntei isso umas cinco vezes e o Luck nunca me responde!
Ela colocou uma toalha por cima dos meus ombros molhados, instantaneamente tive um deja vu do momento em que Ethan nos viu no banheiro e ela também colocou uma toalha sobre meus ombros. O deja vu foi tão forte que eu também me perguntei se agora tem como eu fingir um desmaio básico aqui. Seria a melhor solução, poupa energia e saliva.
A loira havia dado um pequeno toque com o dedo indicador na ponta do meu nariz enquanto sorria, obviamente me assustei com toda essa aura "angelical".
Isso tudo deve ser o circo pra ela e, certamente, eu o palhaço. Pensei.
– Sei lá, pra mim vocês tem uma amizade colorida! – bati minha mão na testa... Isso, brilhante, Ethan. Uma amizade colorida por desastre e má sorte. – Mas o meu tio Adam agora acha que vocês são namorados... Mas, cara, vocês até parecem! – o idiota apontou para nós. – Vocês até agem como um casal!
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Doce Sorte [EM REVISÃO]
RomanceComo é o amor? Como é a felicidade? Ou a pergunta crucial: como pagar o aluguel do próximo mês? Luckin, um homem antisocial que ama a sua monótona rotina, é o completo oposto da sua vizinha ao lado, Mellorine. Ele a conhece da forma mais desastrosa...