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As ruas de Busam ficavam desérticas antes mesmo das dez horas da noite, passos lentos e impensáveis se perdiam na minha coordenação motora. A única coisa que importava agora, era a estranha alegria de me sentir livre e repassar tudo que havia acontecido nas últimas horas até aqui. Gritos abafados recorrem pelos meus ouvidos, sou tirada do meu mundo mental e direcionada a uma casa que quebrava todo silêncio que as ruas de Busam proporcionava.
Relutante, deixo a curiosidade falar mais alto, e decido me aproximar da grande residência. Conforme caminhava, os gritos se tornavam mais altos me fazendo gelar, e eu aperto com força a alça da minha bolsa transversal tentando conter o nervosismo. Olho pela fresta da janela, e sinto meu coração errar uma batida ao ver um homem batendo violentamente em um rapaz, aparentemente seu filho. O garoto era alto e parecia perfeitamente capaz de se defender, mas por algum motivo não o fazia.
Retirei meu celular da bolsa, não tinha certeza se chamar a polícia seria um boa ideia. Espio novamente pelo freste da janela, se demorasse um pouco mais, o garoto ficaria pior do que já estava. O homem não parecia querer parar tão cedo. Ligo para o central de atendimento policial, sem perceber estava trêmula, seguro meu celular com as duas mãos e escuto uma voz feminina calma do outro lado da linha. Presto minha queixa e a mulher afirma que em quinze minutos alguém chegaria para socorrer o garoto. Antes mesmo de pensar se seria racional, eu já estava dentro da casa.
Apenas depois de sentir o olhar perplexo dos dois sujeitos sobre mim, percebo o que acabo de fazer.
— Quem é você?! O que está fazendo aqui?! — o mais velho esbraveja, e eu prendo a respiração apavorada.
Engulo seco, e volto meu olhar para o garoto machucado, que tinha uma expressão indecifrável.
— B-bem... Sou amiga dele, nós combinamos de nos encontrar aqui na frente mas ele não apareceu, então eu resolvi entrar — digo ao agressor que encarava seu suposto filho com os punhos cerrados.
Ele se levanta, e anda em minha direção, me fazendo recuar. O garoto que está jogado no chão me olha assustado, como se tivesse medo do que o mais velho faria.
O homem agarra meu braço com força.
— Whan! Tudo bem, ela é um conhecida, vou levá-la para fora. — o garoto dizia eufórico.
O mais velho afrouxa sua mão no meu braço e me olha de relance, logo voltando seus olhos para o pobre garoto quebrado.
— Seja rápido. Trate de convencê-la a esqueçer isso. — o homem fala, e o garoto assente.
Ele pega no meu pulso, e me leva para o lado de fora.
Ouço o barulho da porta se fechar atrás de nós. Solto seu braço do meu pulso e lhe dou um scaner, seu olho esquerdo estava em uma tonalidade nova de vermelho, quase ficando roxo. Seus lábios estavam sangrando e haviam hematomas no seu pescoço.
— Ficou doida garota?! Perdeu a noção do perigo?! — dei uma leve recuada com os gritos do garoto.
Ele percebe que se exaltou e respira fundo, tentando manter a calma.
— Por que fez isso? — pergunta atônito.
— Eu não sei, estava andando por aqui quando ouvi gritos, e resolvi fazer algo a respeito — explico, e ele suspira alto.
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Make It Right | Jeon Jungkook
RandomEntre tantas noites para perambular sozinha, Melissa Lewis escolheu justo aquela - a noite em que gritos abafados a levariam a conhecer alguém que não estava em um bom humor para receber visitas. Será destino ou apenas coincidência? Jeon Jungkook n...