Na Sori
Olhar aquele imenso navio era como se eu estivesse sentindo uma dor inexplicável dentro de mim. Sentia meu pequeno mundo se desmoronando gradualmente, assim como meus sentimentos, estava tão confusa e cansada.
Nosso mordomo — O Sr. Min — abre a porta e estende sua mão para me ajudar na descida, pude observar mais de perto o grande veículo e a grande multidão que ali se formava. O Titanic se chamava o navio dos sonhos, e era, realmente era.
— Eu não vejo o porquê de tanta euforia — digo segurando o chapéu em minha cabeça — Não me parece maior do que o Mauritânia.
— Você pode ter lazer sobre qualquer coisa, Sori. Mas não sobre o Titanic — Andrew, um chegado a nossa família diz se aproximando de mim.
Andrew é uma das piores pessoas que conheci em toda a minha vida. Ele não enxerga a beleza em outras coisas além de poder, fama e dinheiro. Além de minha mãe concordar com ele, estou sendo obrigada a casar-me forçadamente com o mesmo, o que me deixa imensamente com o coração partido.
— Ele tem mais de 33 metros do que o Mauritânia, e é bem mais luxuoso — ele diz se virando de frente para a porta da carruagem em que minha mãe estava, abrindo a porta para a mesma. — Sua filha é difícil de ser impressionada.
Mamãe ri, irônica.
— Então esse é o navio que não naufraga? — ela pergunta sorrindo, olhando aquela enorme embarcação.
— Ele não afunda, nem Deus conseguiria afundar isso aí.
Andrew está brincando? Se eu fosse ele me arrependeria em colocar o nome de Deus em uma frase qualquer.
— Senhor, senhor! — um dos funcionários de bagagens, chama a atenção de Andrew, para avisar sobre nossas malas — Suas bagagens precisam passar por ali e...
— Tome isto — Andrew o entrega dinheiro e o funcionário o olha surpreso pelo tamanho do valor — Pode deixar nossas bagagens lá dentro, eu confio no senhor, encontre meu criado e o avise sobre isso.
— Ah, sim! Claro, meu senhor. Se eu puder fazer mais alguma coisa para que sua família se sinta mais confortável...
Incrível como ele pôde comprar a simpatia do home com dinheiro. Até quando as pessoas vão ser assim?
— Todas as bagagens ali daquele carro! — Sr. Min aponta para o homem que ficou encarregado de pegá-las — Para a suíte de primeira classe nos quartos 52, 53, 54 e 55.
— Senhoras? — Andrew olha sua bússola e vem até nós — É bom irmos logo, venham!
— Meu casaco! — aviso a uma das criadas que nos seguia.
— Está comigo, senhorita. Não se preocupe!
Assenti, caminhando em direção ao enorme navio me arrastando para a América. A euforia imensa das pessoas gritando e se despedindo de parentes e amigos, ou até mesmo desconhecidos gritando "adeus".
Outros funcionários do navio estavam analisando o que alguns passageiros traziam para não arriscar acontecer algum acidente. Engraçado que com os burgueses eles não fazem isso.
Ao entramos, fomos recebidos com um "sejam bem-vindos ao Titanic."
Era um navio dos sonhos para os outros, mas para mim era um navio de escravos me levando acorrentada de volta a América.
Por fora eu era o que uma garota super educada deveria ser, mas por dentro eu estava gritando.
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Titanic | KTH
FanfictionUm artista pobre e uma jovem rica se conhecem e se apaixonam na fatídica jornada do Titanic, em 1912. Embora esteja noiva do arrogante herdeiro de uma siderúrgica, a jovem desafia sua família e amigos em busca do verdadeiro amor. • Especial de 2 ano...