ℂorações de Diamantes

16 | R o s e N o i r e

Eu gostaria de poder dizer que tudo começou com uma história trágica, na qual uma mocinha perde os pais e uma família desconhecida a acolhe até que ela entenda o que significa, de fato, recuperação e superação. Mas não foi assim que aconteceu. A família desconhecida que me abrigou não conhecia algo como amor e afeição, mas vingança e motivação. Eu gostaria de poder dizer que eu era a mocinha de uma história linda, de poder sentir algo que não fosse ódio pela vida... Mas ali era o mundo real, e era cruel.

     Tudo começou com uma rosa negra deixada em uma das minhas janelas durante uma noite de tempestade. Tinha tudo para dar errado. Um vento forte poderia tê-la deixado cair. A chuva poderia encharca-la até que a mensagem pregada nela se desmanchasse. A janela poderia estar fechada. Mas aquela noite... Era uma noite com gritos e dor dentro de um quarto cheio de pecado. Nada impediria que um mau presságio viesse acompanhado por aquela linda e exótica flor.

     Eu nunca soube de onde ela tinha vindo; como me encontraram; ou porque eu fui aquela que teve a sorte de receber a rosa. Mas eu recebi a carta com as mãos trêmulas e manchadas de vermelho. Não ousei olhar para o corpo do homem inconsciente atrás de mim enquanto lia aquelas palavras que me deram uma chance de olhar para um futuro. E quando levantei o olhar para aquela noite tempestuosa, larguei a faca que eu tinha em mãos e decidi que eu viveria.

     Por mais um tempo, prometi a mim mesma. Até você ter sua vingança.

     Logo, deixei que a rosa caísse sobre meus pés e caminhei para minha liberdade.