Capítulo 11 - Karê

174 7 3
                                    


Queridos, infelizmente o corretor ortográfico não anda muito competente, os textos vem sido publicados sem revisão, e eu que escrevo feito um bêbado fico parecendo que não fui alfabetizado corretamente quando vocês lêem todos os erros de ortografia e concordância no meio da historia.
Então gostaria de pedir que quando notarem um erro, deixem nos comentários para que perceba e corrija. Agradeço o apoio.

🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃🐃

Capítulo 11
"Karê"


☆I
29 de Março de 2008

Durante o ato tudo foi rápido e certeiro. É como se instinto de sobrevivência tomasse conta, não havia o que pensar, só havia o agir. Depois porém, Sandara sentiu como se o peso do mundo estivesse sobre suas costas. Ele tinha as mãos cheias de sangue, e para aqueles que ja viram sangue fruto de violência sabem como a cor vermelha escurece após alguns minutos se tornando um vinho quase marrom, endurecido e pegajoso, o cheiro leve de ferro se torna mais intenso a cada segundo.
Não só as mãos estavam ensanguentadas, o corpo inteiro estava, porém as mãos e os braços eram os unicos lugares cujo o sangue não era dele próprio.
Estava ali caminhando por uma estradinha de terra, ia mancando de uma perna e com um grande corte aberto nas costas. Ia lento, caminhando como se estivesse morto, ia sim, mas não ia só, estavam na beira da estrada, ele e ela.
— Tem certeza? Precisa mesmo disso filho?

Sandara parou e virou o corpo com certa dificuldade pela dor, viu novamente aquela mulher, a deusa dos raios e das tempestades, Oyá. Era deslumbrante, usava um vestido longo vermelho sem alças e de tecido esvoaçante, descalça pisando na terra com argolas de cobre como tornozeleiras, os pulsos com nove pulseiras de cobre em cada, no pescoço fino uma garantilha de Búzios e um colar longo de pedras terracota, seu rosto era um misto de jovialidade e dureza, tinha o maxilar mais marcado que o habitual para mulheres mas isso a fazia ainda mais bela, os lábios eram cheios de tal maneira que o inferior exibia um pequeno vinco no centro, os olhos vermelho alaranjados como a cor do fogo, os cabelos soltos e tranças finas e cumpridas caindo até a cintura em um tom de marrom escuro, tinha na cintura um cinto de couro negro onde se prendia um *Iruxin* de pelo negro azulado.
Sandara suspirou mais um vez, jamais imaginaria que sua mãe, seu Orixá, viria lhe ajudar pessoalmente.
— Mãe, a senhora sabe como estou grato por ter vindo em meu auxílio, mas eu... eu não poderia viver sem olhar para ele uma última vez.

Oyá assentiu movendo a cabeça lentamente, então ergueu os olhos e observou a estrada enquanto uma rajada de viaturas passava a toda levantando poeira com as sirenes ligadas.
— Não se preocupe, não deixarei que eles lhe vejam. — A deusa sorriu para o filho.

Sandara continuou a caminhar sem que nenhuma viatura desse conta que havia ali um homem ensanguentado dos pés a cabeça.
Quando chegaram no meio da estrada ele já não podia andar mais, por mais que a deusa houvesse estancado o sangramento, o corte na coxa esquerda e a queimadura na panturrilha direita eram dolorosos demais para continuar se movendo.
— Mãe... a senhora se importa se esperarmos aqui?
— Tudo bem. — Oyá lancou-lhe um sorriso simpático — Seu amado já está vindo.

Nao demorou muito, nada superior a quinze minutos, ele avistou a bicicleta cor de rosa vindo pelo norte, Edmundo pedalava alegre e movia os labios, sinal que estava a conversar com Meli, os bracinhos gorduchos da menina agarrando-lhe pela cintura.
— Você quer... se aproximar? — Oyá perguntou.
— Como eu poderia? Assim como estou?
— Posso fazer com que ele não possa te enxergar, então você pode chegar mais perto. É melhor que só ver ele passar.
— Eu... eu quero sim mãe, realmente quero isso.

A bicicleta foi se aproximando, assim que estava passando diante deles Oyá ergueu um braço e estalou os dedos, Sandara piscou e quando percebeu o que havia acontecido mal acreditou.
— Vá lá, eu espero aqui. — Oyá deu um passo para trás.

Búfalo Sandara Onde histórias criam vida. Descubra agora