Um quarto privado em Hogwarts não se mostrava mais uma vantagem a Isis, e sim uma prisão requintada quando comparada a Azkaban. Após deixar as masmorras, acompanhada de Snape e coberta com um de seus sobretudos, encontrou Rhea e outros dois aurores no Saguão de Entrada. Os três acompanharam o casal até o cômodo e aguardaram em silêncio até a bruxa se acomodar no sofá, já imaginando o que a aguardava ao notar o semblante pesaroso de Guthrie.
O desconforto da auror foi bem disfarçado, a fim de manter a imparcialidade diante dos demais agentes do Ministério, mas a colega notou a angústia no anúncio ordenado por Kingsley:
— A senhorita será transferida amanhã de manhã para Azkaban. Em virtude dos ferimentos, manteremos um curandeiro a postos em caso de complicações — avisou Rhea, crispando os lábios em claro desacordo com a resolução. — Ficará em uma cela afastada dos condenados, onde aguardará seu julgamento por possíveis crimes de guerra, cometidos em associação a antigos seguidores do bruxo Tom Marvolo Riddle, comumente conhecido como... — ela pigarreou, incomodada — Lorde Voldemort, incluindo o comensal Erastus Underhill. Seus pertences serão apreendidos e analisados, e, se julgada inocente, devolvidos caso não apresentem algum grau de periculosidade.
Isis respirou fundo, sonolenta, enquanto enrolava as mangas do sobretudo de modo que a esquerda não entrasse em contato com o curativo.
— Entendo.
O resto das informações entraram por um ouvido e saíram pelo outro, e só voltou a erguer o rosto ao ouvir os aurores saírem do cômodo.
— Devo me preocupar com a sua demonstração de serenidade? — perguntou Snape, sentando-se ao seu lado.
— Você também não me pareceu muito nervoso com a perspectiva de eu ser presa. Isso me magoa. — Isis sorriu apesar de a ansiedade fazer suas mãos suarem. — Sei que não serei condenada. Sequer terei que me preocupar com dementadores. — Ela deu de ombros, recebendo um olhar cauteloso de Severus. — Talvez tenha sido uma das maneiras mais adequadas que Kingsley encontrou de me manter segura, sem colocar ninguém em risco. Quem está a par da situação? Minerva? Aurora? Os outros professores? — Ele assentiu. — E se Slughorn sabe, os alunos também descobrirão.
— O que tem em mente? — Snape estreitou o olhar, porém, antes que Isis pudesse lhe responder, os dois ouviram uma balbúrdia se iniciar do lado de fora do quarto.
Ele se levantou sem pestanejar, sacando a varinha e caminhando com cuidado até a entrada. Por precaução, Isis tentou realizar um feitiço simples, mas nada aconteceu. "Brilhante", pensou, irritada. As vozes abafadas ganharam volume e logo ficou claro o motivo do rebuliço. Snape deu o primeiro passo para cessar a discussão, abrindo a porta e avistando uma Rosmerta de faces esbraseadas, com o dedo indicador a milímetros do nariz do auror mal-humorado.
Ao dar-se conta do caminho livre, a senhoria afastou o professor do caminho e correu na direção da filha sob o olhar exasperado dele.
— Ah, olhe isso! — Rosmerta tentou segurar o antebraço de Isis, porém esta recuou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Solace ϟ Potterverso
Fanfic🐍 Vencedor do Prêmio Wattys 2020 na categoria Fanfiction 🏆 Com antigos seguidores de Voldemort ainda à solta após a guerra, o Ministério se desdobra para prendê-los sem causar alarde. E em meio à perseguição incessante, uma bruxa tenta recompensar...