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Bang Chan

Eles não calavam as bocas, francamente, um surto seria pouco naquela situação. Sempre detestei aquele amontoado barulhento de pessoas, e agora precisava aturar o falatório, enquanto uma diva estava atrasada e provavelmente em um lugar silencioso.

As pessoas se perguntavam quando ela apareceria, com aquele maldito violão e cantaria a música que estava listada, mas tudo que tínhamos em resposta era um monte de "ela já vai chegar". Francamente, se ela pretendia fugir no meio show de talentos, era melhor nem ter feito a inscrição. Dei a volta na aglomeração e rumei tranquilamente até a saída, não haveria tempo e sinceramente, eu estava nada disposto a cantar uma música de segunda opção.

Deixe-me explicar com calma. Eu sou Chris, Chan, como preferir, aquele garoto loiro e meio aleatório que aconselha seus outros quatro protagonistas de vez em sempre. Faço faculdade de música junto com meu amigo de escola Jisung, mas frequentemente estou com Hyunjin e Changbin que fazem curso de dança e administração, respectivamente. Me encontro agora no show de talentos de despedida que meu curso organizou, as férias estavam batendo na porta e com elas um emprego novo. Mas resolvi abandonar o show e encontrar Hyunjin e Changbin na lanchonete.

O lugar estava pouco movimentado, provavelmente por causa das despedidas, apenas Changbin e Hyunjin ocupavam uma mesa e conversavam animadamente. Além de nós, havia apenas mais uma menina comprando bolinhos de arroz no local, por trás ela parecia uma imitação barata de qualquer personagem do High School Musical, seu cabelo preto com mechas rosadas caíam sob os ombros e estavam totalmente bagunçados, era visualmente feio, assustador e vergonhoso. O violão na mesa que ela ocupava me fez pensar se somos do mesmo curso, mas há músicos no curso de administração, Changbin por exemplo.

Hyunjin levantou uma das mãos sinalizando onde estavam, como se eu fosse cego, sabe. Deixei a figurante de musical de lado e me juntei aos garotos.

- Não te chamaram 'pra cantar? - Changbin perguntou assim que sentei.

- Dei o fora antes que pudessem.

- E a garota não apareceu? - Hyunjin arriscou, ou era burro ou se fazia.

- 'Tá brincando? Ela é uma diva! Não vi nem o rastro.

- Talvez ela só seja tímida? - o Seo comentou, mordendo um pedaço de seu sanduíche de sei lá o que ele colocou ali dentro.

Óbvio que eu parei 'pra pensar nisso, mas cara, uma aluna do curso de música no mínimo sabe cantar na frente das pessoas que ela vê todos os dias. Ou não?

- Enfim, não me importa, ela prometeu um show e agora todos estão lá pedindo por ela. Iludidos...

- Quem garante que ela só não se atrasou? - novamente Changbin tentou defender a garota.

- Ela fugiu, bro.

O silêncio tomou conta do ambiente, e a garota que antes estava sentada atrás de nós saiu da lanchonete. Notei que o violão ainda estava na mesa, então rapidamente o peguei e fui na mesma direção de sua dona. À medida que eu tentava alcançar ela, seus pés ficavam inacreditavelmente mais rápidos.

- Você deixou o violão!

- Eu não preciso dele - ela gritou de volta, curta e grossa.

- Uai, por que não? - gritei também.

- Porque eu sou uma diva - ela fez questão de me encarar ao proferir aquelas palavras, de forma sarcástica e revoltada.

Ok, talvez eu tenha feito uma bobagem ou duas, uma vez que gozei dela e logo depois me vi tentando devolver seu violão. A garota parecia apenas alguns centímetros mais baixa que eu, mas talvez fosse a distância, o que me levou a crer que tínhamos a mesma altura e...cara, era ela.

- Qual seu nome? - perguntei, totalmente sem segundas intenções, só estava curioso para saber com quem vinha sonhando.

- Min Li.

Sua resposta dessa vez não foi fria, ela possuía um sorriso brincalhão no rosto, era ridiculamente convidativo e confortável.

- Min Li, você acredita em destino?

- Christopher, você me chamou de dramática.

- Já sabe meu nome?

- Sei tudo sobre você, bobão.

Foi inevitável arquear as sobrancelhas, óbvio que em questionamento. Desde quando ela sabia tudo sobre mim? Min Li foi se afastando aos poucos, não pude devolver o violão, na verdade não pude nem me desculpar, ela já tinha sumido de vista.

Voltei para dentro do estabelecimento, Changbin e Hyunjin me encarando confusos, deve ter sido uma atitude realmente esquisita.

- Jisung já vai chegar, terminou de fechar o show - Hyunjin avisou.

Percebi o tornozelo do Hwang envolto por uma atadura, provavelmente se machucou enquanto dançava, mas ele sempre toma muito cuidado. Changbin se concentrou em mais dois sanduíches e meus pensamentos aproveitaram para tomar conta da situação, era ela, Min Li estava na maioria dos meus sonhos e agora na vida real, fazíamos o mesmo curso e eu nunca a vi.

- Chan, rápido! - Jisung entrou correndo, segurando meu braço e puxando, como primeiro reflexo puxei a bolsa do violão junto, e lá vamos nós.

- Enlouqueceu, Jisung?!

- Estamos atrasados, Seungmin arrumou um trabalho de meio período em um clube de baseball, podemos tentar as outras vagas!

- Como assim, você nem joga mais baseball!

- E quem disse que vamos jogar?

A expressão preocupada tomou meu rosto praticamente sozinha, quando Jisung corria atrás de algo dessa forma era assustador.

O local continha quadras, arquibancadas e algumas lojinhas, nada de anormal. Consegui captar Seungmin em uma das quadras junto com Li, mas Jisung continuou me puxando até seguir sozinho para uma loja equipamentos, me abandonando na porta de um pequeno estabelecimento. Adentrei a pequena loja, a decoração azul e branca deixavam o ambiente confortável, avistei a placa que identificava o lugar como uma sorveteria, o que explica o ar frio.

- Você vai tentar a vaga, certo? - um homem mais velho apareceu.

Perplexo, apenas encarei o cabelo em tom grisalho e o uniforme azul escuro que ele usava, me perguntando até onde Jisung planejou.

- Chan, né? Jisung me falou de você. Não temos muito tempo até a competição infantil, por favor vista-se e esse será seu teste.

- Teste? Como? Espera, como é? - questionei, mas para o meu azar, o homem colocou um uniforme azul marinho na mesa e se retirou.

Fui até o vestiário e coloquei o uniforme, que coincidentemente serviu em mim, talvez não tão coincidentemente assim. Voltei ao local de atendimento, onde uma moça com aparência jovem estava debruçada no balcão, seu cabelo preto e rosa estava preso em um desleixado rabo de cavalo, o uniforme lhe caía bem até demais. Meus olhos que tentavam alcançar o balcão desviaram na mesma hora em que ela se curvou para pegar um bloco de anotações, a saia branca subiu numa medida excessiva, mas ela não pareceu se importar, ou não percebeu.

- Com licença - chamei, e a jovem se virou, infelizmente.

- Olha, é você!

Equalize - Bang ChanOnde histórias criam vida. Descubra agora