Lua de Sangue - 2a. Temporada

6. Um Filme de Terror Chamado Vida

STILES

Fico boquiaberto demais para conseguir responder qualquer coisa que seja minimamente racional.

E olha que eu já sou assim nos meus dias normais. Mas a situação meio que se agrava em níveis gigantescos quando eu estou frente a frente co o meu irmão gêmeo do mal.

Void se aproxima, lentamente, me encarando ao saber exatamente o efeito perturbador que tinha sobre mim.

Baixo os olhos e engulo em seco, desconcertado demais.

- O que ... é você ? - Falo, mais pra mim mesmo do que pra ele.

Void continua me encarando, como se estivesse saboreando cada segundo do meu pânico interno.

- Eu sou você, Stiles. - Ele fala, com sua voz sombria e penetrante. - Eu sou você de verdade.

Eu ainda estava interpretando as lembranças do meu passado, que adquiri quando quebrei a trava.

Tudo o que eu entendia sobre Void é que ... ele era uma segunda personalidade minha. Uma personalidade que continha tudo o que a raça humana tinha de pior. (CAPÍTULO 1)

O que era completamente oposto a mim. Porque eu representava tudo o que os anjos tinham de melhor.

A bondade, a pureza de coração e a leveza.

Mesmo nos meus momentos mais emo depressivos, eu ainda continuei sendo uma pessoa boa e divertida.

Void não era isso.
Ele não era nada disso.

- Surpreso, Stiles ? - Void continua, me analisando com aqueles olhos que eram capazes de gelar a minha alma. - Confuso ? Com medo ?

- Como você sabe disso ? - Pergunto, com a voz trêmula.

- Eu passei os últimos 18 anos preso dentro da sua mente, Stiles. Eu sei tudo sobre você. Eu já estive dentro da sua cabeça e conheço CADA PENSAMENTO IDIOTA que passa por essa sua mente ridícula e limitada.

Olho para ele, chocado.

- Ai.

- Deixa eu adivinhar: agora você deve estar pensando em como eu devo ter acompanhado calado todas as suas masturbações diárias durante a tarde ... em que você tenta pensar em TODA e QUALQUER garota, mas que desiste e sempre acaba voltando para a sua "preciosa traidora", Lydia.

Me sinto envergonhado. Ofendido. Indignado. E violado. Tudo ao mesmo tempo.

- Acho que as minhas masturbações diárias não estão em discussão aqui. - Respondo, querendo muito sair desse assunto.

- E o que está ?

- Nós deveríamos estar falando do fato de eu ter colocado a filmadora para ME gravar durante a noite. Eu não lembro de ter acordado às 3 da manhã. E eu DEFINITIVAMENTE não me lembro de ter andado até a câmera e girado o dedo para que alguém se virasse. (CAPÍTULO 5)

Void desvia o olhar, como se me dar explicações fosse uma total perda do seu tempo.

- Era uma vez … um menino. Esse menino não lembrava exatamente COMO havia surgido. Ele simplesmente surgiu, durante uma manhã qualquer, enquanto um outro menino … que era idêntico a ele … estava tentando pegar uma simples massa de tomate na despensa. (CAPÍTULO 1)

Fico em silêncio, recordando aquela lembrança, enquanto Void anda lentamente em volta de mim, com os olhos fixos nos meus.

- Os dois ficaram confusos um com o outro. Afinal, era realmente chocante, não era ? Duas crianças, tão iguais em aparência, mas extremamente diferentes entre si. Esse menino ficou assustado. Com medo. Sem entender a si mesmo ou até o propósito da sua existência. E como o seu gêmeo reagiu a isso ? Tratando ele como um simples … e PATÉTICO … amigo imaginário.