Misterioso Sonho

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Dourado, azul e restos de verde estão ficando próximos e nítidos, o cheiro da maresia me dá náusea e os movimentos do mar ajudam.
Olho para baixo, o que deveria ser meu corpo não tem forma visível atrás do brilho ofuscante semelhante ao do sol, quando dou o que deveria ser um passo a frente nada parece se mexer mas eu sei que andei pois estou mais perto da beira do penhasco.
Viro o corpo para me cituar do local, árvores ocupam pouca diferença de espaço entre elas tampando o sol por entre as folhas em outra imensidão tão assustadora quando a que tenho a minha frente.
Se eu me recusar a escolher eu ainda sairia daqui?

Não consigo ouvir o mar, nem as gaivotas acima de mim, se aproxima mais de uma pintura em movimento que algo a se estar vivendo, mas não tenho total certeza se estou vivo, não sinto meu corpo, pulso ou meus pensamentos, é uma anestesia bem localizada que só me permite pensar nas minhas opções ali, ir em frente ou voltar mas os dois rumos eram desconhecidos. Desejei ser como as gaivotas sobrevoando a água mas certas que não teriam como cair nela, ou poderia ser como as lebres que se entocavam nos lugares mais improváveis e despistavam os predadores, algo em mim queimou e eu rosnei de dor, como se a luz que eu emitisse estivesse começando a se tornar interna, o sol estava se escondendo e começando a tornar a brisa gélida vencedora.
Talvez aquela dor assim como o sol indicasse que meu tempo estava acabando.

Corri com toda pouca coragem que tenho e saltei para o abismo negro, o vento comprimindo meu rosto e meus olhos tentando se abrir com dificuldade puderam ver o resto das penas se moldarem e como num instinto que sempre me pertenceu eu estava voando, perto o bastante do oceano pra abaixar a cabeça e me ver ali, um passaro de pelagem pálida e olhos atrevidos que pareciam muito corajosos para mim, a sensação de voar era como voltar a superfície depois de muito tempo debaixo da água, ou dormir quando seus olhos não suportaval mais se manter, era um pecado negar essa sensação a maioria dos seres, eu ainda não sabia o que significava felicidade mas descobri mais tarde que era esse o nome certo.

Depois do que pareceram poucos minutos mas que já estavam mais próximos de horas pela posição do sol, meus olhos negros encontram os de outro passaro maior e mais ágil que nos, meus irmãos que estavam na frente foram derrubados pelas garras do animal.
Ainda estavamos perto o bastante da água mas parecia que nenhum de meus irmãos cogitou mergulhar.
O que significaria entrar na água? Eu voltaria pra superfície como uma gaivota?

Com o mesmo impacto que a Águia tentava nos fazer cair eu soube o que estava acontecendo, eu tinha que escolher, sempre teriam predadores dentro ou fora da água.

Como quer viver daqui em diante?

Achava que essas perguntas viessem de mim mas não reconhecia essa voz e nem o que significava. Eu abriria mão de pensar e agir com alguma inteligência maior para voar.

É isso o que quer?

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