Capítulo 12: Luz vermelha e carpete azul

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         _ Meu amor - Paulo abraça Hector, que é poucos centímetros mais alto que ele, fazendo ele ficar na ponta do pé. - Meus pêsames. Sei que você tinha uma linda relação com sua mãe, e que vocês se amavam muito...
        _ Obrigado.- Ele foi seco e direto em sua resposta. As coisas entre os dois costumavam ser exatamente assim.- Eu só vim pra cá, por "obrigações", e deveres a serem feitos. Meu pai decidiu ficar no Brasil, para resolver todas as questões burocráticas.
       _ Entendi.- Paulo da um selinho e Hector, que não retribuí de forma alguma.
        _ Aconteceu algo além disso, Amor? Você tá estanho.
       Hector pegou um cigarro do maço, acendeu, deu um longo trago e soltou a fumaça, que se desfez ao longo do corredor.
        _ Nada demais. Só fiquei com um garoto em São Paulo, e estou um pouco pensativo. - Ele joga o cigarro no chão e apaga com seu pé. Ele sabe o quanto Paulo odeia isso.- E você, como passou o tempo aqui?
      Paulo o soltou, e ficou sério. Hesitou um pouco, para fórmular uma resposta que não fosse mentira, mas não conseguiu. Paulo quebrou o trato que tinha com Hector. Mentir não estava no trato. E assim ele fez. Mentiu
          _ Passei bem. Só essa semana que estarei meio ocupado, com os preparativos da...
       _ Festa da luz vermelha! É. Foi por isso que vim pra cá. Fui convocado e intimado a anfitrião e pombo - correio, já que vou ter que explicar, o motivo de meu pai e minha mãe não estarem aqui esse ano.
        _ É, vai ser algo difícil de explicar imagino...
       _ Neem, relaxa baby! Eu vou dar um jeito. Nem que pra isso, eu esteja totalmente ligadão de bem... Você sabe o que.
      _ Você conseguiu passar com isso pelo aeroporto?
      _ Com isso daqui, você quer dizer?- Hector sacode um saquinho transparente, com um conteúdo branco dentro. Paulo sabia muito bem o que era.- Bem, eu tenho minhas normas... Nem que pra isso eu tenha que fazer um "Glup glup" em alguma autoridade.
       _ Você é podre cara.- Paulo diz, jogando uma almofada em Hector.
         _ E eu sei bem que você gosta disso!- Ele o beija, de forma calorosa. Deve ser efeito de alguma das drogas que ele usa, ou ele só está bêbado mesmo. Mas Paulo sabe que aquele não é o Hector normal, que é fofo e deprimido. Esse era outro, qual ele jamais havia conhecido.
          _Ér... Acho melhor não começarmos nada, por enquanto. Ce me entende?
         _Claro... Vou conseguir sobreviver a uns minutos, só com porno e masturbação. Pode ir cuidar do hotel, por que eu tenho que pensar no que dizer no jantar de hoje a noite.
       _ Ah meus Deus!! O jantar de cerimônia, eu tenho que correr até a cozinha agora, tchau Hector, depois a gente se fala!- Paulo saiu correndo, deixando a porta aberta. Porém não era só a porta que estava aberta.
     Hector estava lá, com calças na metade da coxa, de frente ao um espelho, onde ele se olhava aos prantos, pensando aonde ele havia chegado.
        _ Ícaro... Por que, Ícaro??

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       _ Mas vocês voltaram ANTES do tempo!!! Estávamos dando conta de tudo aqui, e eu não tenho como pagar esses dias extras!
         _ Escuta aqui meu lindo Paulinho, não me interessa se você tem ou não, o que quero dizer é que, Hector trouxe nós 3, para cá novamente, e só queremos trabalhar ok? Dane-se, o dinheiro, só viemos trabalhar porra.
           Paulo arrasta as meninas para o canto da cozinha, para que mais ninguém ouça a conversa, e saia espalhando por aí.
         _ Escutem aqui vocês três- Ele dizia bem baixinho, quase mudo.- Isso vai contra as regras de trabalho, impostas pelo HOTEL porra!! Eu não posso deixar que vocês trabalhem por 15 dias de graça! Vocês só voltariam dia primeiro de setembro!!
          _ Tá, já que é assim, vamos fazer o que? Não trabalhar? Olhar pra essa sua cara de pilantra o dia todo? Além do mais você não passa de um simples funcionário...
       _ Queremos 3 convites para a festa! E que também nos arranje 3 vestidos lindos, o meu sendo comprido!
      Maria, Sofia e Paulo, olham pra Lúcia de forma espantosa! Logo ela que não falava nada que não fosse no necessário, pedindo algo tão descaradamente.
        _Como é que é? Você só pode estar brincando.
         _Poderia, mas não. Não estou não! E quero que entregue os 3 na minha mão. Se não pegamos nosso uniforme e começamos a limpeza.
      Paulo solta um longo suspiro e enfim olhando pra Lúcia, fala:
       _ Ok, ok! Mas antes de vocês ficarem hospedadas em um dos quartos, eu preciso que vocês toquem as lâmpadas dos elevadores.
        _ Pra que porra?
        _ Pra festa! Esse ano, o Filho do dono
        _ Seu noivo, no caso
        _ É, mas antes de ser meu noivo, ele é filho do Dono desta porra, então prestem atenção. De acordo com o pai dele, esse ano o hotel faz 100 anos, desde que foi fundado, e como por acaso do destino, a maioria dos nossos hóspedes são jovens, Hector, quer fazer uma, digamos "festa de arromba". Então ele pediu que os elevadores tivessem uma luz vermelha, pelo menos só por hoje! Ok?
           As meninas olhavam pra ele de forma estranha. Ele percebeu que na verdade o foco delas era para alguém atrás dele.
          _ Vocês prestaram atenção, porra?
          _ Sim meu lindo chefinho, mas não pudemos deixar de olhar pra.. ele ali- Sofia apontou o dedo pra diante dele, e fez com que ele girasse de forma lenta, já que estava com medo de quem pudesse estar atrás dele. Para sua surpresa, era Pedro.
          _ O-oi Pedro! Quero dizer, olá Sr. Pedro! Posso ajudar em algo?
       Pedro contém o riso, o que é fofo, porém ele consegue se deixar aquilo excitante para Paulo.
          _ Sem essa de senhor,ein! Assim me sinto velho, rsrs.
      Paulo fica corado. Ele é o tipo de pessoa que não fica envergonhado tão fácilmente, mas Pedro mexia com ele. De forma que ele tinha que se compor rápido, para que não mostrasse suas fragilidades.
         _ É... Kkkkk, é verdade! Desculpe-me! - Ele da uma olhada de canto de olho pra ver se as meninas permaneciam lá ainda, e elas perceberam que estavam atrapalhando e se retiraram.
      _ É... Nós já.. estamos indo, chefinho, beijinhos de luuz!!- Maria sai empurrando as duas irmãs, indo em direção ao elevador.
          Assim, Paulo volta sua atenção toda a Pedro.
        _ Onde estávamos?
        _ Bem, eu queria falar com você sobre a festa de amanhã. Será que...- Pedro pigarreou para que as palavras pudessem sair com clareza.- Será que você gostaria de ir a festa comigo? Digo como acompanhante.
          Paulo gelou naquele momento. Sabia que Hector estava lá e que mantinham um relacionamento aberto,e assim eles tinham esse pouco de liberdade de um relacionamento não monogâmico, porém ele nunca tinha feito, nada com Hector por perto. Mas dessa vez ele pensou diferente.
          _ Claro!!!!- Ele demonstrou ânimo  a mais em sua voz, e isso fez com que ele confirmasse o pedido novamente, só que dessa vez de forma mais contida- É, quero dizer, claro! Vai ser um prazer  acompanhar você na festa.
         Pedro sorriu. Paulo só sabia da necessidade de ver aquele sorriso, quando ele acontecia. Ele não sabia, mas seu "plano", já havia se tornado paixão.
        _ Bem... Então amanhã eu passo no seu quarto e vamos juntos. Tudo bem?
           _ Por mim está excelente, Pedro. Obrigado pelo convite.
          _ De nada meu bem! Agora, vou conhecer mais um pouco da cidade, e deixar você trabalhar. Beijão- Ele beija o rosto de Paulo, e sai andando rumo a entrada do hotel.
       
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          _ Então quer dizer que ele, trouxe vocês três pra cá, antes das férias acabarem?- Diego conversa com as meninas, enquanto faz a troca de lâmpadas do quarto de Jão.
         _ Exatamente, Di! E enfim, o Puto do Paulo, surtou, dizendo que não podíamos trabalhar e bem, olha nós aqui.- Sofia estava trocando os lençóis, enquanto suas irmãs limpavam o resto do quarto.- Esse cara ein, ele é estranho pra caralho.
        _ Eu que o diga- Diego rosqueava a lâmpada, prestes a acabar o serviço.- Pronto!! Acabei. O João vai surtar quando ver isso aqui.
         _ Hmmm João é? Quem é o bofe di? Conta pra gente, adoramos saber fofocas.
       _ Eu não gosto de saber da intimidade das pessoas! Isso é errado sabia?
      _ Oh, minha irmã pura e Samaritana, ela detesta saber que sua vida é uma droga, oooh, desmaiei.- Maria tirava um sarro de Lúcia, enquanto ela passa aspirador no carpete azul royal, do quarto.
        _ Não enche garota!! E vai limpar o banheiro logo, antes que o dono do quarto chegue.
        _ Vocês não mudam mesmo ein? Nem tirando férias, vocês conseguiram se resolver.
       As três pararam seus afazeres, olharam pra ele e sorriram, ironizando a fala do amigo.
         _ Mas voltando ao assunto que interessa, quem é esse tal de João?
        _ Sou eu!- João estava parado atrás deles, que logo deram um pulo e se arrumaram em fila, como no primário.
        _ De-desculpa senhor, não estávamos falando não do senhor de maneira alguma viu? É que Diego é nosso amigo e...
       _ Calma calma hahaha, relaxem! Eu não mordo nem brigo. Eu sou muito de boa, podem ficar tranquilas.- ele diz com seu sorriso mais simpático.- Eu trouxe algumas comidas, mas nem sei se vai ser o suficiente. Não sabia que teríamos visita.
          _ Teríamos? Como assim senhor?
          _ A, eu e o Diego. Estamos dormindo juntos aqui, então disse no plural hahaha! Bem, trouxe pães com presunto e queijo, um pouco de geleia...
Não fiquem aí parados. Todos tem que comer- Ele disse se sentando na cama, e esperando que todos fizessem o mesmo. Mas apenas Diego se sentou junto dele, já as meninas ficaram com vergonha.
        _ Muito Obrigada senhor, mas é que não podemos ficar! Mas algum dia nós almoçamos juntos, ou algo do tipo.
          _ Sem essa de senhor, viu?- Ele disse com a boca cheia. Logo, limpou a mão na sua calça e a estendeu as meninas.- Prazer, meu nome é João Victor Romania, mas podem me chamar de Jão.
         _ Muito prazer senhor, a quero dizer, Jão! Muito prazer. Eu me chamo Lúcia, e essas são minhas irmãs, Maria e Sofia.
        No seu sorriso mais meigo, ele engoliu a comida e logo em seguida respondeu.
        _ Prazer meninas! Espero encontrá-las em breve. Tenham um bom trabalho!!
         _ Obrigada!! - Disseram em coro, ao sair do quarto.
         _ Elas são uns amores, e muito espontâneas, eu de fato, não sei o que aconteceu aqui.
         _ Tudo bem Diego, eu até entendo elas hahaha, deve ser vergonha ou alguma outra coisa.
          _ É, pode ser.
    Eles continuaram comendo em silencio durante um tempo, até que ao terminar João quebrou o silêncio.
          _ Hum, é.. o que exatamente elas vieram fazer aqui?
         _Ah, além de virem me ver elas trouxeram isso.- Diego se levanta, atravessa a cama e acende a luz, impressionando João.- Tcharam!! Luz vermelha, dando contraste com o carpete azul do chão, hihi. Você gostou?
         _ MEU DEUS, ISTO É INCRÍVEL!! João ficou de pé na cama, cheio de entusiasmo e alegria, que eram demais apenas pra uma lâmpada.
         _ Nossa você ficou bem animado com essa luz, não é mesmo?
         _ Fiquei demais! Isso me dá ideias,e ideias me deixam animado e...
Uau...
        _ O que foi? Eu tô feio? Tô com bafo?
       _ Não seu bobão. Você ficou muito atraente olhando pra essa luz... Ela te valoriza bem.
        _ Bom saber disso... Já pra mim- Ele apaga a luz- O escuro te deixa mais atraente ainda.
         _ Mas nem escureceu ainda.
         _ Pra isso existem as cortinas blackout. E vou fechar elas agora.
          _Otimo. Assim o clima só melhora, se é que você me entende.
        Diego solta uma risada foda, mas que parece ser o oposto disso.
        _ Entendo muito bem! Sabe... No escuro eu te vejo tão bem!! Isso é uma maravilha
      Ele se senta aí lado de João, e mesmo a cegas, num escuro total, eles se sentem. Em questão de minutos eles,  já estão totalmente nus, e o amor  começa a exalar pelo quarto, tornando tudo mais apaixonante. Os chupões que marcam a pele pálida de Diego, os arranhões no peito de João, e os gemidos contidos dos dois, tudo isso se torna harmônico. O amor deles é assim, como eles também são. E assim eles seguem a tarde, fazendo com que o amor cresça e se torne cada vez melhor.
        
        
      

      

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