Você tem que nanar

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Ofuscado e nevoado, mas não ainda escasso de uma sublime tentação. Estofos de brumas dançantes, contudo, foi o que mais o fascinou. Tecitura e textura, ambos suaves como pelos de gato, comportados aos açoites do vento.

Jeon adorava a caligem do tecido engendrado, suturado a rendas delicadas e marfins de pedras. Adorava ainda mais a pele morna e álbida, quase melindrosa, por debaixo dos panos. Desde os montes adormecidos à silhueta lasciva, vistoriava com furor o retalho requintado bem acomodado em seu vênus.

Se houvesse um sinônimo para definir o que seus lumes podiam ver, nada menos que fabuloso seria justo.

Seus passos sussurraram contra o piso, inaudíveis e lentos. Encostou-se ao umbral da porta admirando a pequena cena na cozinha.

Ela balançava-se ao murmurar de uma canção. Confidenciava os pensamentos aos utensílios da cozinha, como se eles a ouvissem de verdade. Apenas uma mania de falar sozinha. O corpo pequeno e encalistrado, adornado com transparência e leveza, tornou-se sucinto com a forma de se portar. Parecia uma menina.

Sua menininha.

Apropinquou-se da pequena e rodeou-a num abraço carinhoso. A sensação de voltar para o lar era sempre a mais marcante. Tinha cheiro ébrio de rosas e doce, com um fundo sensual.

— Amor, eu cheguei — sussurrou com um sorriso, que no silêncio soou como um sopro alto daqueles que expressam lubricidade.

A moleza e o sorriso venceram o possível susto. Ele havia chegado.

— Jungguk — ela se virou, abraçou-o com firmeza, parte dos botões da camisa do rapaz machucando o colo.

— Oi — sorriu — O que estava fazendo?

— Estava esperando por você, mas acho que me distraí.

O tocamento, que era singelo, deambulou em uma concisa volúpia. As palmas grandes de Jeon desceram por sua cintura, tateando a macieza da indumentária aquecida pelo calor de sua pele. Dedilharam a pedraria do corpo da camisola de tule, bem como os babados da barra. A vista passeando pelas dunas, recheado de pensamentos e fertilidade.

Seu sorriso desabrochou.

— Por que está vestida assim? — mirou os olhos, achando que seria desrespeitoso continuar a analisar seus seios semicobertos.

— Eu queria te recepcionar de uma forma diferente — chegara a ser pueril o modo como as bochechas dela coloriram-se instintivamente, sempre tão meiga a qualquer toque.

— Foi bem diferente das outras vezes — de fato, eram beijinhos e abraços, mas sem ausência de roupas, o que não lhe incomodava nem um pouco.

— Você não gostou?

— Claro que gostei. É diferente — um tanto libidinoso era o que diria — mas eu gosto desse diferente.

E gostava, mas não entendia o porquê da mudança. Conquanto nem teve tempo. Ela se pôs na ponta dos pés e o beijou. Um beijo, a princípio, calmo, banhado de emoções e saudades, purgado de pecados, mas que se tornara quente e ávido, revigorado de cobiças.

As línguas se encontraram e os suspiros cantaram, lamuriosos com a proximidade dos corpos. Jeon apertou-lhe a bunda desnuda, a boca desceu ao pescoço e estalou alguns beijos. Chupou a pele, marcando-a como sua.

Para ele, palavrões em sua politicamente correta empresa era hábito de imoralidade, sem pudor nem decência. Entretanto, haviam momentos em que pudor não era necessário, muito menos decência para ouvir os gemidos de sua amada despertando o seu íntimo.

Banho de gatoOnde histórias criam vida. Descubra agora